Recorde. Registro não é normal, mas confirma um aumento nas gestações
O fato chamou atenção até da direção do Hospital Montenegro 100% SUS. Entre as 7 horas da manhã de segunda-feira, 6, e o meio-dia de terça-feira, 7, a casa de saúde realizou nove partos. O caso é atípico, mas confirma um aumento nas gestações a partir de 2020.
Dos recém-nascidos, três são montenegrinos e dois são de Pareci Novo. As demais são de São Sebastião do Caí; Harmonia, Barão e Capela de Santana. Dos novos cidadãos do Vale do Caí, cinco são meninas e quatro são meninos. Ainda na tarde de ontem, as famílias aguardavam liberação, ocupando dois quartos da Maternidade. Os pais davam carinho aos filhos, que dormiam ou mamavam tranquilamente. Nenhum bebê apresentou quadro que pedisse cuidado especial.
A enfermeira Michele Freitas de Linha, coordenadora do Centro Cirúrgico e Centro de Obstetrícia, informou que no ano passado o HM realizou 1.037 partos, firmando uma média mensal de 120 nascimentos. Ela confirma o extraordinário ocorrido neste início da semana, que rompeu a média diária recente de cinco a seis nascimentos. “Mas é raro um dia que não tem nascimento”, revela.
Na verdade, a equipe de obstetrícia observou uma tendência de crescimento em 2022, iniciada há dois anos. Michele concorda que o isolamento da pandemia contribuiu para o aumento de casais grávidos.
Média mensal de partos em 2022
Neste ano já são 509 nascimentos (82 em janeiro; 86 em fevereiro; 98 em março; 113 em abril; 110 em maio e 20 em junho). E atualmente, segundo a coordenadora, cerca de 50% dos procedimentos no Centro são partos.
Avaliação é de desinformação
A enfermeira Michele prefere não romantizar este cenário, e aponta os pormenores sociais envolvidos. O primeiro fator é o perfil dos pacientes que dão entrada na casa, que são predominantemente de classe baixa. Ela observa desinformação a respeito de saúde e métodos contraceptivos e consequente falta de planejamento familiar, que são atribuições da Saúde Básica dos municípios. E essa avaliação remete ao problema recentemente evidenciado da falta de UTI Neonatal na região.
Ela se refere ao acompanhamento das gestantes em que o pré-natal dê diagnóstico de gestação de alto risco. Daquele momento em diante, a mulher deveria ser fortemente orientada a não procurar o HM para ter seu filho. Isso porquê, depois de dar entrada, fica na dependência da direção da casa conseguir leito especial em outro hospital. O HM não faz pré-natal, logo são os municípios que têm o contato diário com as gestantes, e que deveriam criar um sistema de transferência assim que começassem as contrações do parto.
Estrutura do HM 100% SUS
– 05 leitos de pré-parto para acompanhar a evolução das contrações;
– 03 leitos de recuperação das puérperas;
– 02 berços aquecidos;
– 02 respiradores de neonatal para bebês;
– 01 sala de parto normal e uma para Cesariana;
– 08 leitos de Maternidade.
*Conforme tabela do sigtap.datasus.gov.br, aos hospitais é repassado R$ 545,73 por parto Cesariano e R$ 890,94 por parto Cesariano em gestação de alto risco