Hora de fortalecer as “bergamoteiras”

Citros. Agricultores realizam a poda, processo fundamental à nova safra

Não é porque passou a “época de Bergamota” que o trabalho nas propriedades parou. Frutas são “cultura perene”, que não precisa ser replantada a cada ano, todavia pedem cuidado contínuo. E sob o sol de verão, as famílias estão realizando a poda das árvores, um processo fundamental para a saúde da planta e qualidade das frutas.

Em Campo do Meio, o barulho das motosserras quebra o silêncio no pomar dos irmãos Alessandro e Marcelo Kettermann, colocando no chão aqueles galhos que já cumpriram sua missão. Um processo anual que inicia assim que encerrar a colheita de cada variedade.

As plantas de Caí e de Pareci, primeiras do ciclo de citros, já foram podadas na região. Nesta quinta-feira, dia 12, os irmãos faziam o manejo no pomar da Montenegrina, a mais tardia, trabalho iniciado em novembro.

O primeiro critério na escolha é a idade. Galhos velhos, com dois anos ou mais, têm pouca produtividade e sugam muita energia da planta, derrubando a qualidade das bergamotas em todos os galhos. “O que dá fruta bonita é o galho jovem”, ressalta Alessandro.

Também são retirados galhos fujões ou cruzados, que são aqueles que não seguem paralelo aos demais. Eles criam muita dificuldade para colheita, pois, em geral, se direcionam pelo meio da árvore. Segundo Marcelo, 30% de uma bergamoteira é retirado na poda. O agricultor ressalta ainda que isso facilita muito o processo seguinte, que é a retirada da bergamotinha verde (mandarina). “A pode é metade do raleio”, resume.

Galho velho é cortado neste ponto, e fica o galho novo ramificado acima

Mais sol e mais frutas
Os irmãos Kettermann tem especialização por meio de cursos oferecidos por órgão de apoio. Todavia, a velocidade com que derrubam os galhos revela que também há muita experiência envolvida; ainda que a poda não seja uma rotina herdada dos avôs.

Alessandro explica que este é um processo de rejuvenescimento das plantas. “A gente deixa a estrutura original e tira galhos que já produziram”. Além de não gastar energia com extensões fracas, a planta fica mais aberta para receber sol junto ao tronco.

Também é feita uma harmonização de altura e circunferência, facilitando o acesso para a colheita manual e sem uso de escada. Este controle garante a longevidade dos pomares e o padrão quantitativo da colheita. “Nunca temos uma safra pequena. Temos sempre igual ano por ano”, diz Alessandro.

Então recorda que “os antigos” não realizavam este manejo. Sem conhecerem o benefício da poda, esgotavam um pomar e precisavam derrubar e replantá-lo a cada 25 ou 30 anos. Já o pomar dos irmãos em Campo do Meio já tem 30 anos e segue com as estruturas originais verdinhas e produtivas.

Galho cruzado é retirado para facilitar colheita
Marcelo mostra o insumo resultante da trituração dos galhos e folhas derrubados

Safra 2022 teve poucas perdas, apesar da seca
Segundo levantamento da Emater, a colheira total de citros no Vale do Caí em 2022 se manteve dentro da projeção, apesar da estiagem. Segundo o extensionista da Regional Lajeado, no comparativo com 2021, as perdas foram bastante desuniformes, variando de município para município e de localidade para localidade. Foi realizada apenas estimativa de perdas médias, que ficou para laranjas em 30 a 35%, (aproximadamente 30% no Vale do Caí e 50% no do Taquari).

“Com relação às bergamotas, o percentual de redução de safra ficou em aproximadamente 15%, variando para mais ou menos conforme a localidade e município”, informou. Da mesma forma, a Lima ácida Tahiti (limão) ficou com redução, aproximada, de 15%. Montenegro colheu cerca de 17 toneladas de bergamotas por hectare (ha), tendo plantados 2800 ha.

Raleio
Na segunda quinzena de fevereiro inicia o raleio das variedades secundárias, incluindo a Montenegrina. Essas ainda estão muito pequenas, dificultando a localização e o preenchimento de uma caixa. As primeiras da safra já passaram por este manejo, sendo que alguns produtores optaram por “colocar para o chão” ao invés de vender. Nesta semana a indústria que compra a “mandarina” para extração de suco essencial fixou preço inicial de R$ 13,00 por caixa.

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