SEPULTAMENTO do jovem morto em acidente com aeronave foi marcado pela emoção
O funeral do jovem piloto Pedro Rafael Horn, de 29 anos, ocorrido na manhã dessa sexta-feira, 21, contou com um momento de homenagem promovido pelos colegas de aviação do Aeroclube de Montenegro. Um avião sobrevoou o Cemitério Municipal durante o sepultamento do piloto.
Do céu de Montenegro, os pilotos Tomás Caminos e Felipe Müller deram o último adeus a Pedrinho, forma carinhosa como era chamado entre os amigos. Em solo, junto à família do piloto, morto em um acidente aéreo na tarde da quarta-feira, 19, na Fazenda Engenho Baixo, no município de Patrocínio (MG), o vice-presidente do Aeroclube, Fábio Zanatta falou sobre a emoção do momento. “Toda perda é difícil, mas quando isso ocorre próximo da gente, como é o caso do Pedrinho, um amigo pessoal, é uma consternação muito grande”, disse.
A morte precoce do jovem é lamentada por todos os amigos que Pedro fez na escola de pilotagem da cidade, em especial por Fábio, com quem conviveu por mais de 10 anos. “A gente tem que lembrar da forma como viveu intensamente nesses 29 anos. Nós, amigos de aviação, nos apegamos às lembranças boas que ele deixou. Só tenho coisas boas para falar sobre o Pedrinho. Talvez fique horas falando e não seja suficiente pra dizer tudo”, acrescentou o representante da escola.
O carinho e respeito dos colegas é fruto das “batalhas” travadas por Pedro para alcançar o sonho de se tornar piloto agrícola. A irmã dele, Jéssica Horn, de 34 anos, revela que a paixão pela aviação começou ainda quando garoto. “Ele tinha uns 14 anos. A mãe viu uma reportagem no jornal que aqui em Montenegro ia ter o curso, e mostrou pra ele. Ele se interessou muito, e pediu para ela levar ele no Aeroclube. Ele fez um vôo experimental e se apaixonou, era aquilo mesmo que ele queria”, conta.
Uma das características pelas quais Pedro será lembrado é a de “batalhador”. Conforme Jéssica, o irmão trabalhou duro para conquistar a formação como piloto. Ele foi piloto de planador, rebocador, assistente de piloto e adquiriu experiência em todas as oportunidades que se apresentaram. “Cada curso era mais caro que outro, mas nada pra ele era impedimento. Se tinha que fazer tal coisa, ia lá e fazia. Trabalhou onde pôde. Ele queria estar nesse meio”, acrescenta Jéssica.
Por onde passou Pedro fez muitos amigos. Fora do Rio Grande do Sul, trabalhou em Brasília, Pará e desde 2 de janeiro deste ano, estava na cidade de Nova Ponte, em Minas Gerais. Feliz por ter conseguido o novo trabalho, o jovem planejava trocar de carro e comprar um apartamento em Montenegro. Um importante passo na carreira escolhida também estava prestes a ser dado. Pedro iria começar as aulas do curso de Inglês, a qualificação era o que faltava para que desse início à atividade de piloto comercial.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apura a causa da queda da aeronave agrícola. “A gente não sabe o que aconteceu. Só dá pra pensar que era a hora”, avalia Jéssica.
“Quando temos fé, nada está perdido”, diz tio do piloto
Pedro Rafael Horn era filho de Elvio e Angelita Horn, e sobrinho do padre Gustavo Haupenthal. O sacerdote foi o responsável por proferir as palavras da despedida de Pedrinho.
Padre Gustavo destaca que o sobrinho era muito ligado à família e tinha grande facilidade em fazer amigos. “Como diz uma frase ‘quem tem amigos nunca está sozinho. Nesse momento, a gente é amparado pelas amizades que ele deixou. É algo que nos conforta nesse momento de dor e saudade.”
Sobre o falecimento trágico e precoce, a avaliação do religioso é de que: “Quando temos fé, nada está perdido. A fé é amparada pela esperança de que a vida dele continua, espiritualmente, pela alma que está com Deus”, conclui.