prejuízo. Pensando ter “tirado” a sorte grande, idoso perdeu cerca de R$35 mil para criminosos que o largaram em São Leopoldo
Aposentado de 70 anos perdeu suas economias e colocou a própria vida em risco ao acreditar que ganharia uma “bolada”. O morador do bairro São Paulo, em Montenegro, foi sequestrado e deixado em São Leopoldo após realizar saque e transferência de dinheiro para os criminosos. A Polícia adverte que cidadãos ainda caem nesse tipo de estelionato motivados pela ganância.
O filho da vítima de 70 anos não quer que o nome do pai seja divulgado, mas faz questão de contar essa história para que sirva de exemplo a outras pessoas. Na manhã de terça-feira, 20, o aposentado saiu de casa para realizar sua tradicional caminhada. Pouco tempo depois, retornou à residência, foi até o quarto, onde pegou a carteira, e deu sinais de que sairia outra vez.
A esposa questionou o motivo da caminhada ter durado pouco tempo e o que ele iria fazer novamente na rua. Inicialmente o esposo não respondeu às perguntas, mas diante da insistência da mulher, acabou contando. “Ele disse que tinha encontrado umas pessoas na rua e que iria ajudar elas a sacar R$1.300,00. Na hora a mãe falou pra ele que era o golpe do bilhete, ela insistiu, mas ele foi”, conta o filho da vítima.Os criminosos aguardaram o idoso próximo à casa dele, o que também representou risco de um assalto à residência e à segurança dos moradores.
Assim que o aposentado saiu de casa, a família se uniu para tentar evitar que ele fosse lesado, mas não deu tempo. “A minha irmã ligou para o banco e logo foi informada que já tinha sido feito um saque e uma transferência de valor, lá em Estância Velha”, acrescenta o filho. O fato ocorreu por volta das 11h20min.
Logo depois, os bandidos foram a São Leopoldo, onde abandonaram o idoso. “Lá disseram pra ele descer do carro e comprar uma água, e fugiram. Tentamos ligar para o celular dele, mas estava desligado. No início da tarde o celular chamou, a gerente de um banco de São Leopoldo atendeu. O pai tinha ido até lá pra sacar o dinheiro do bilhete”, acrescenta.
Abalado o homem não deu detalhes para a família do valor que foi entregue aos golpistas, nem quantos eram e suas características. O filho acredita que R$35 mil tenham sido perdidos, R$5 mil sacados em caixa eletrônico e R$30 mil transferidos para a conta de um dos criminosos, ou laranja.
O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Montenegro. O chefe do setor de Investigações da 1ª Delegacia de Polícia de Montenegro, Alisson Castilhos, relata que há 18 anos tem acompanhado esse tipo de golpe. Para ele, não é a ingenuidade das pessoas que as fazem cair em ciladas, mas sim a cobiça por obter vantagem. “Muito ocorre por conta das pessoas serem olho grande. Se não fossem ambiciosas não entregariam suas economias de anos. A ganância é o ponto essencial para cair no golpe”, sublinha o investigador.
Relembre outro caso
Em maio de 2018 uma senhora também perdeu elevada quantia de dinheiro ao se deixar iludir pela proposta de golpistas. A mulher de 70 anos, identificada apenas por Maria, perdeu R$ 15 mil ao cair no golpe do bilhete premiado. Após ser convencida a realizar a negociação, ela foi ameaçada por uma das estelionatárias envolvidas no delito. “Ela ficou com meu celular enquanto fui ao banco e disse que se eu falasse para alguém sobre o que combinamos ela me daria um tiro”, contou a mulher.
O caso iniciou na rua Fernando Ferrari, no Centro de Montenegro. Uma mulher se aproximou e perguntou se ela sabia onde ficava a loja Müller. A idosa disse que não sabia, mas continuou a conversa.Poucos instantes depois, uma segunda mulher se aproximou e questionou o que estava acontecendo. Maria lembra que essa se apresentou pelo nome, supostamente falso, ela recorda-se apenas do sobrenome dado, Becker. Nisso, a mulher que estava com um bilhete de loteria na mão disse que o havia recebido do dono da loja Müller como troco de uma compra.
Becker questionou se o bilhete havia sido premiado e se ofereceu para checar. Ela chegou a telefonar e um suposto funcionário da Caixa Econômica Federal que teria informado haver um prêmio de mais de R$ 1 milhão.
Maria presenciou quando a mulher quis comprar o bilhete da outra. “Ela ofereceu R$ 100 mil pelo bilhete e me propôs sociedade. Eu daria R$ 40 mil e ela o restante, depois dividiríamos o prêmio”. A aposentada aceitou a proposta e entrou no carro da mulher para ir até uma agência bancária sacar o valor combinado.
A aposentada não conseguiu sacar todo o dinheiro solicitado e resolveu fazer um empréstimo pessoal. Em posse de todo o dinheiro arrecadado, ela foi ao encontro das negociantes, a mulher não deixou Maria entrar no automóvel. Pela janela do veículo, teria pegou os R$ 15 mil da aposentada e lhe entregou o bilhete. A vítima ainda tentou falar com a motorista, mas esta arrancou com o carro.