Honra à farda, à comunidade e à família

Honestidade. Brigadianos de Montenegro não aceitam suborno e prendem corruptor que ofereceu R$ 3 mil

Em um Brasil deteriorado pelo câncer da corrupção, que através da Lava Jato revela que não existem limites financeiros e partidários para os conchavos, um exemplo de honestidade é capaz de reforçar a fé do cidadão comum. Na manhã de ontem, os soldados Taigor Pedroti e Dieferson Ferreira, do 5º BPM de Montenegro, recusaram um suborno de R$ 3 mil, e também deram voz de prisão ao indivíduo que ofereceu a propina. Uma postura elogiada inclusive pelo oficial da 1ª Cia/ 5º BPM.

Segundo os agentes, por volta das 8h, a guarnição patrulhava a avenida Ernesto Popp (perto do cemitério) quando observou a presença de um automóvel Toyota Corrola, placas de Butiá, entrando na cidade. A bordo estavam apenas dois homens, o que configurou elementos suficientes para justificar uma verificação. Ao abordar o veículo, os policiais constataram que o carona M.S.P.S. tinha extensa ficha criminal, com acusações por tráfico de drogas, homicídio, furto, entre outras.

Ao volante estava seu irmão, E.P., com antecedentes criminais por jogo de azar. Durante a revista no Corolla, foi encontrado um maço de dinheiro no console entre os bancos dianteiros. Eram R$ 3.848,00 em dinheiro – maioria notas grandes – e um cheque de R$ 342,00. Questionado quanto à origem, o sujeito disse primeiro que havia sacado o PIS e que trazia para sua filha em Montenegro. Sem poder apresentar o comprovante de saque, mudou sua versão, afirmando que o valor era proveniente de uma casa de jogos que administra em Butiá.

Mas, diante das fichas criminais da dupla, os policiais suspeitavam que pudesse haver algo mais. “Como um tinha bastante passagem por tráfico, imaginamos que poderia ser isso”, recordou Pedroti. As hipóteses era que tivessem vindo vender ou comprar entorpecentes. Apoiados pela lei, os agentes apreenderam o dinheiro e informaram que o motorista seria conduzido À DPPA para averiguação. Se depois conseguisse comprovar a origem legal, o montante seria devolvido. Foi neste momento que o criminoso apelou para a tentativa de suborno.

Ele disse que para sanar seu compromisso precisava de apenas R$ 1 mil. O restante, os policiais poderiam dividir entre si. “Ele perguntou se tinha como a gente ficar com o dinheiro e ele não precisar se apresentar da delegacia”, contou Ferreira. Foi dada voz de prisão; todavia apenas o motorista responderá, livre, por corrupção ativa. O caso será investigado, não descartando ainda envolvimento com o bingo clandestino estourado pela Brigada na cidade, em abril.

Caráter não se compra. Vem de berço!
“Nossa honra e nossa moral não têm preço”, declarou Pedroti, ao ser questionado sobre a postura adotada. Ele reitera que jamais usaria sua profissão para benefício próprio, alcançando com ela somente o salário que tem direito (que, diga-se de passagem, segue sendo parcelado pelo Governo do Estado). O soldado observa que um policial corrupto, mais cedo ou mais tarde, vai cair, inclusive diante dos avanços tecnológicos atuais que permitem monitorar um servidor.

Além do mais, aceitar um suborno deixa o agente refém do criminoso, a mercê de chantagem em busca de silêncio e cumplicidade. “É um dinheiro sujo. Não sabemos quantas famílias foram destruídas por causa deste dinheiro”, observou Ferreira. O jovem policial assinala ainda que, apesar de ter aprendido muito na Brigada, seu caráter vem de berço. Ele aprendeu honestidade com seus pais e vai repassar esses valores aos filhos.

Últimas Notícias

Destaques