História e arquitetura deslumbrantes nas Missões

Aproximando o presente do passado. Essa ligação é muito forte quando se fala das Ruínas jesuíticas de São Miguel das Missões, no noroeste do estado. Carregado de história, o Sítio Arqueológico é um ponto turístico muito forte, que conta bastante sobre a construção cultural da Região Sul. E não apenas ali, mas também na rota que inclui 46 cidades.
Presença e ausência. A aura que circunda o lugar é muito forte, de presença, mesmo que a ação do tempo tenha deixado ausência. História é também ausência.

As ruínas de São Miguel são oficialmente tombadas pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, e seu nome “Missões” origina-se das reduções jesuíticas, edificações dos Guarani entre os séculos XVII e XVIII que também assim se chamavam. Elas ficam na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina, sendo herança, principalmente, das missões jesuítas.

 

 

 

 

Turismo em família

Roselaine Puhl Gomes e a mãe Alira Maria Gomes

Roselaine Puhl Gomes e a mãe Alira Maria Gomes tinham na lista de prioridades turísticas a Região das Missões. “Nutríamos a vontade de conhecer o sítio Arqueológico de São Miguel, o famoso conjunto de ruínas da antiga redução de São Miguel Arcanjo, integrante dos chamados Sete Povos das Missões e um dos principais vestígios do período das Missões Jesuíticas dos Guaranis em todo o mundo”, destaca.

Roselaine destaca que a visita ao local é um surpreendente passeio, “uma verdadeira viagem no tempo”, nas próprias palavras dela. “É um passeio fundamental para compreender as raízes do sul do Brasil e da América Latina. Esse município gaúcho agrega cultura e conhecimento, e, claro, muitas lendas. A arquitetura jesuíta missioneira existente naquele município é um testemunho preservado dos sete povos das missões. Achamos muito linda”, complementa.

catedral Angelopolitana

Santo Ângelo, cidade vizinha, também encantou os olhos da mãe e da filha. A imponente catedral Angelopolitana, dedicada ao anjo da guarda, conforme informa Roselaine, foi um grande marco do passeio ao município.

“Visitando a região das missões é obrigatório conhecer esta catedral. Não tive a oportunidade de explorar todas as igrejas do Rio Grande do Sul, mas esta é certamente uma das mais bonitas. Seja dentro ou fora, esta igreja é de tirar o fôlego, com detalhes que impressionam. Um convite à reflexão seja você uma pessoa de fé ou não”, diz.

O primeiro encontro
“Nós chegamos à cidade, e nem foi preciso procurar muito pelas ruínas, elas logo apareceram à nossa frente. O dia estava lindo, de céu azul, e a primeira vista da igreja realmente impressionou. Passeamos pelo sítio arqueológico, admirando, deslumbradas, aquela construção edificada no século XVII, entre 1735 e 1745. A igreja foi construída inteiramente em pedra grês. Tudo de uma beleza sem igual” relembra. Palavras para descrever a experiência? Muitas, segundo Roselaine. Encantamento, misticismo e contemplação. Não há uma apenas um adjetivo para definir as sensações.

Esculturas sacras dos Sete Povos

“No sítio está também o museu das Missões que guarda uma importante coleção de esculturas sacras dos Sete Povos, em sua maioria de madeira policromada. E me chamou muito a atenção os santos de pau oco tão falados nas histórias e bate-papos entre amigos, mas que somente lá eu tive a oportunidade de conhecer. Estátuas essas esculpidas em troncos de árvores, em tamanho real de um homem, sendo as mesmas completamente ocas por dentro para que os padres pudessem “transportar” mercadorias escondidas” relembra.
A atração da noite, segundo ela, o show de luzes, tendo como palco as ruínas, conta a saga dos Padres Jesuítas e índios Guaranis, habitantes da região nos séculos XVII e XVIII.

“Seja da natureza, das ruínas ou simplesmente da história gaúcha, a Rota das Missões possui certa aura de paz. Aura essa que pode vir do misticismo religioso próprio do que já houve ali. Ou, ainda, das provas presentes do que já passou há muito, mas é inexorável. Ou da mistura de tudo isso num lugar que preserva uma história, uma cultura e uma beleza toda própria”, conclui.

História viva
O professor de História Thiago Iwaszko Maques Proença, 33 anos, pensando em desbravar as histórias sulistas dos livros didáticos resolveu levar, em novembro de 2015, as turmas do oitavo ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Walter Belian, a São Miguel das Missões. A viagem foi um bate-e-volta, como ele mesmo explica, para oportunizar aos estudantes confrontarem a história contextualizada na realidade, fora dos materiais didáticos.

Turmas do oitavo ano, 2015, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Walter Belian

“Foi um passeio muito bom. É uma região realmente histórica. Eu, inclusive, gostaria de criar uma agenda da nossa escola para que os oitavos anos pudessem ir anualmente para as Missões, porque é quando eles têm a disciplina abordando esse assunto. Essa região do Estado, que serviu como palco de uma junção de culturas bem diferentes entre padres jesuítas e índios Guarani, é talvez a mais próxima de todas que a gente vê no contexto didático em história do Brasil. Torna-se uma experiência muito positiva levar os alunos lá, para que eles possam vizualizar na prática o que vêem nos livros”, explica.

O ponto alto do passeio, de acordo com o docente, foi a ida às ruínas da igreja de São Miguel. “O clima é muito bacana ali. É como se estivéssemos fazendo uma grande contemplação, e eu me lembro desse clima até hoje com os meus alunos”, relembra Thiago. A história do local, segundo Thiago, transporta, em imaginação, para a cultura da época, estilo de vida, batalhas – que assolaram a região.

 

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