Hip Hop além dos palcos

MC Pedrão leva história, conhecimento e incentivo aos estudantes

A Semana Municipal do Hip Hop, que teve abertura oficial na quarta-feira, 17, segue com a programação. Nesta quinta-feira, 18, foi vez da escola José Pedro Steigleder receber o MC Pedrão, embaixador do Hip Hop gaúcho na instituição. A atividade educacional proposta foi “Hip Hop além dos palcos”, onde o MC realizou um momento de conversa com os alunos sobre não apenas a história e importância do gênero musical, como também sobre sonhos e escolhas. A semana é organizada pelo Departamento de Cultura, sob coordenação diretora de Cultura, Mara Ribeiro em parceria com o músico Mc Pedrão.

Na oportunidade, MC Pedrão afirmou que o Hip Hop e o Rap tem poder transformador na vida das pessoas, e relembrou de um episódio importante em Montenegro. “Aqui na cidade, os bairros não se encontravam, era guerra e guerra. Então, eu fiz uma roda de Hip Hop pela paz na Praça Rui Barbosa. Pessoal achou que eu tava maluco, mas eu fiz e não deu briga, aconteceu só união. Aquele dia foi levantada a bandeira branca da paz e começaram a surgir os grupos de Rap”, ressalta. O MC busca acabar com os preconceitos acima do movimento do Hip Hop. “A gente não quer violência. A gente quer educação, cultura, diversidade e paz, coisa que muitas vezes o sistema não nos dá. Trabalho até hoje dentro das comunidades para tentar salvar pessoas”, afirma.

Pedrão também falou sobre sonhos com os estudantes, como um incentivo. “Todo mundo aqui tem um sonho. O meu era ser apresentador de TV, de rádio. As pessoas me falavam ‘preto, pobre e favelado na TV?’. Mas, eu nunca fiquei bravo, não fiquem bravos quando alguém disser para vocês que não vai dar certo, e sim, estudem e se dediquem. Eu fiz isso, e hoje, tenho um programa, sou locutor de rádio e tenho minha produtora”, destaca.

O MC destaca que vem a 22 anos lutando para conseguir uma oportunidade nas escolas como a que conseguiu neste ano. “Eu to esse tempo todo batendo na porta das Administrações, pedindo espaço. Eles me diziam que o trabalho era maravilhoso, que não era para eu desistir, mas nunca me deram a oportunidade”, lamenta. Pedrão afirma que o momento é de muita alegria e realização de um sonho, mas que nada foi feito sozinho. “Eu aprendi que nós da periferia já nascemos com um “não” para tudo. Eu usei isso como estímulo para não desistir. O Hip Hop me dá forças todos os dias. Mas, eu não fiz nada sozinho, porque o MC Tony, Dwedy e o JC estavam comigo desde o começo. Sozinho a gente não faz nada, nós estamos colhendo estes frutos juntos. Pra nós é muito gratificante e para mim foi uma alegria muito grande”, diz. Ele pontua que foram 22 anos para conseguir o que batalhou a vida inteira. “Se tivessem dito “sim” para nós antes, será que eu não tinha salvado mais pessoas? A gente dá uma esperança a mais ao nosso povo periférico”, finaliza.

Vitória e Isadora entregaram uma rima para MC Pedrão e Fernando Rodrigues, que rimou durante o evento

 “Todos temos defeitos, então porque o preconceito?”
Ao fim da apresentação, Vitória Carolina Weizenmann, 12, e Isadora Cristine da Silva Wirth, 11, foram de encontro ao MC Pedrão para mostrar uma rima feita por elas em uma atividade em sala de aula. “Era um trabalho sobre preconceito. Eu adoro o Hip Hop. No meu celular, tenho várias músicas que eu escuto bastante. Gosto de ler as letras e pensar sobre elas e tudo que acontece no mundo”, conta Vitória. Já Isadora afirma que não escuta o gênero tão frequentemente, mas gosta do estilo em que as rimas são apresentadas. Entre elogios, o MC pediu para que as meninas decorassem a rima e as convidou para uma apresentação a ser combinada entre os três, convite aceito de imediato.

A rima feita pelas meninas diz: “Todos temos defeitos, então, por que o preconceito? Temos que pensar num jeito de acabar com o julgamento! Não importa o tom da pele, devemos adquirir respeito. Compreender com facilidade, a vida e a humanidade. Pessoas são julgadas todos os dias, por sua pele e cabelo. Por isso, você diz sim ao preconceito. Isso é um desrespeito, e torna o mundo imperfeito.”

Abertura debate dificuldades do gênero
Uma roda de conversa marcou a abertura da Semana na noite desta quarta-feira, 18, no Espaço Braskem. Representantes do movimento Hip Hop, Prefeitura de Montenegro, Câmara de Vereadores, Brigada Militar, Movimento Negro e membros da comunidade local estiveram presentes no evento.Durante o evento, temas relacionados com o Hip Hop e o preconceito com o estilo foram debatidos. O secretário municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania, Luís Fernando Ferreira, que também é ativista do Movimento Negro, esteve presente no evento e enfatizou a necessidade dessa discussão ser ampliada dentro da sociedade local. Para ele, todos estão vivendo um momento histórico de afirmação. “A periferia, os negros e os pobres têm de ter a sua atenção. É isso que estamos tentando fazer”, salientou.

Anote na agenda

Data: Sexta-feira, dia 19
Local: Escola Ana Beatriz Lemos
Horário: 10h às 11h
Atividade: Hip Hop Além dos Palcos

Data: Sexta-feira, dia 19
Local: Praça Rui Barbosa
Horário: 16h às 21h

Evento: Show de Hip Hop

Data: Sábado, dia 20
Local: Praça do bairro Senai
Horário: 9h às 11h30 e 13h às 17h

Evento: Show de Hip Hop

Data: Domingo, dia 21
Local: Estação da Cultura – Espaço de Convivência
Horário: 14h às 19h
Evento: Encerramento Oficial com Show Hip Hop

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