Dona Eloir é apenas uma das moradoras que relata condições lamentáveis
Há 13 anos, o convênio para a construção de 166 casas populares no bairro Estação e 34 no bairro Senai era assinado. O projeto, que fazia parte do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH) através de uma linha de crédito da Caixa para empreendimentos habitacionais para populações de baixa renda, liberou R$ 1,6 milhão para construção das 200 moradias. Porém, o que era para ser a realização do sonho da casa própria, se tornou um pesadelo para boa parte dos moradores. Conforme as construções eram concluídas, dezenas de famílias relataram condições de habitabilidade péssimas. Pensando em minimizar problemas como infiltrações, fiação exposta, forro solto entre muitos outros, desde aquele ano, a Prefeitura Municipal vem realizando constantes reparos nas residências, até os dias atuais.
O Jornal Ibiá já realizou matérias sobre o assunto em anos anteriores, e agora, em 2021, volta a falar sobre o assunto. Isso porque, moradora do Loteamento Bela Vista, dona Eloir Pinto da Silva, 71, que já havia dado seu relato ao Ibiá em 2019, voltou a contatar a reportagem. Ela é apenas uma das pessoas que sofre constantemente com as condições de sua residência. Na verdade, a casa com mais problemas é a de seu filho, de 47 anos. Como tem problemas mentais, o cuidado com a casa fica parcialmente sob responsabilidade de dona Eloir, que faz de tudo para ajudar o filho, já que mora ao lado. Mas, com condições precárias de construção da casa, a tarefa tem se tornado cada vez mais difícil.
Eloir destaca o principal problema: a parede, construída no ano passado pela antiga gestão municipal. Sem reboco e finalização correta, está prestes a literalmente desabar a qualquer momento. “Tenho a sensação de que isso vai cair qualquer hora, e aí? Como que faz?”, questiona. Junto à parede, fica a porta de entrada da casa, que já precisa ser segurada para passagem. “Ninguém passa aqui sem segurar a porta. Tá frouxa, se cai essa parede, já leva tudo junto. E se cair quando alguém estiver passando?”, indaga. Além disso, o forro do quarto do filho está parcialmente caído após um incêndio, que inclusive, dona Eloir foi quem conteve as chamas antes da chegada dos Bombeiros, no ano passado. “Isso tudo tá muito feio, incomoda a gente. Ficou de qualquer jeito, principalmente a parede. Eu tenho que cuidar de tudo e assim tá complicado”, desabafa a moradora.
O que diz a Prefeitura
Após ida até o local, a reportagem do Ibiá contatou a Prefeitura via assessoria de imprensa. Em retorno, o diretor de habitação Igor André Silvestrin tirou as dúvidas questionadas. Segundo Silvestrin, “a Prefeitura tem total ciência da situação das casas do bairro Estação”. Inclusive, destacou que a diretoria realizou visitas constantes nas casas a fim de verificar a situação em que as moradias se encontravam. O cronograma de ação está programado para realizar diversas atividades no bairro, mas a bandeira preta que assola a região parou os trabalhos.
Dentre as ações, o diretor destaca “o levantamento socioeconômico de todos os moradores; vistoria de todas as casas e levantamento dos vícios das construções das residências, inclusive saneamento básico; limpeza e capina das calçadas e ruas; coleta de resíduos sólidos acumulados nas moradias, assim como a realização de melhorias habitacionais”. Igor ainda ressalta que a Secretaria está no aguardo da chegada dos materiais necessários para as ações citadas, que atualmente já se encontram em processo de licitação.
Falando especificamente do caso de dona Eloir, Igor também se posiciona. “Podemos agendar uma visita para realização de vistoria e encaminhar um procedimento para implementação de benfeitorias necessárias na unidade habitacional”, pontua. Já com o contato e endereço de Eloir em mãos, o diretor afirma que a vistoria e averiguação será realizada.