Ramiro Barcelos, BR-386 e ERS-124 foram interditadas por manifestantes
A última sexta-feira iniciou com protestos contra as reformas da Previdência e trabalhista. Em todo o Estado, rodovias foram bloqueadas, o trânsito foi interrompido, agências bancárias e da Previdência Social tiveram a entrada bloqueada por manifestantes, praças e locais de grande movimento também foram bloqueadas e a população foi convidada a participara das manifestações.
Em Montenegro, as principais rodovias, empresas e a Praça foram o epicentro das concentrações das centrais sindicais. Na Praça Rui Barbosa, professores da rede estadual começaram a se reunir logo cedo. Pouco depois das 9h os demais sindicatos se uniram ao movimento e bloquearam a passagem de veículos na principal rua da cidade.
Na mobilização realizada, o diretor geral do 5º Núcleo do Cpers Sindicato, Marcos Eloi Rambor defende que as reformas, propostas pelo governo, irão atingir toda a classe de trabalhadores. Segundo ele, um dos fatores que mais preocupa a população é a aposentadoria aos 65 anos, no caso dos professores, o difícil acesso, redução de férias e aumento da carga horária, no caso da CLT.
“No decorrer das votações que vão acontecer no Congresso, imagino que esse foi um ponto inicial dos movimentos. Se sentirmos que é preciso ser prolongado, vamos prolongar, juntamente com os demais sindicatos. Hoje (na sexta) foi um passo fundamental, é uma greve geral e esperamos ter contribuído com essa mobilização”, afirma Rambor.
No ato, também se manifestaram contra as reformas os representantes dos sindicatos dos Comerciários, Bancários, Metalúrgicos, de Águas e dos aposentados.
O presidente do Sindicato dos Comerciários de Montenegro, Joemir Oliveira, destacou a grande adesão de diferentes setores da economia. “Os bloqueios não foram para impedir o trânsito e trazer prejuízo para a população, mas para mostrar para esse País que precisamos ter mobilização sim. Temos que ter luta sim”, argumentou.
Oliveira lembrou que o último golpe dado pelo Congresso foi a aprovação da Reforma Trabalhista no Congresso. “Os deputados, comprados a peso de ouro pelo setor financeiro do País, aprovaram, na calada da noite, uma reforma que vai massacrar o povo brasileiro e uma reforma que está vindo para ninguém se aposentar”.
Tarde de sexta-feira também teve paralisações
As paralisações de sexta-feira não se limitaram ao turno da manhã. À tarde, movimento coordenado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Montenegro com o apoio de outras entidades de classe realizou movimento em frente à JBS. A atividade teve início por volta das 13h30min, quando os primeiros trabalhadores do turno da tarde chegavam, e durou cerca de duas horas.
Assim que chegavam, os trabalhadores recebiam folhetos explicando sobre a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista e eram convidados a ouvir a fala de sindicalistas. As entradas foram bloqueadas por manifestantes. Para evitar uma paralisação maior, muitos veículos de transportes foram desviados para outra portaria da empresa.
O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Montenegro, Celestino Netto, destacou que a manifestação tinha os objetivos de esclarecer as dúvidas do trabalhador e também destacar a importância da união da classe. “Eles (políticos) querem tolir todos os nossos direitos. No nosso entendimento, uma reforma é para melhorar e não prejudicar”, declarou.
Quem também aderiu ao movimento de greve geral foram os servidores da Promotoria de Justiça, da Defensoria Pública e do Poder Judiciário, que realizaram paralisação de atividades durante uma hora hoje em frente ao fórum. A representante do Sindicato dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul (SindjusRS), Mariloy Petry, e a servidora Gilda Azambuja destacaram que a manifestação era um protesto contra a Reforma da Previdência e também para mostrar apoio aos afetados pela Reforma Trabalhista. “A Reforma Trabalhista atacou a CLT, que não é o nosso regime, mas somos solidários”, afirmaram as manifestantes.
Para não prejudicar as audiências já marcadas, a paralisação dos servidores do Judiciário teve início às 14h e se encerrou por volta das 15h. (ARH)
Na região também houve manifestações
Em São Sebastião do Caí, manifestantes da Fetag e outras entidades de classe se reuniram na manhã de sexta-feira para realizar uma caminhada que irá passar em frente da Prefeitura e também do INSS. Segundo o coordenador da Regional Vale do Caí da Fetag, Pedro Paulo Schmitz, a maior parte dos manifestantes era formada por produtores rurais. A manifestação foi principalmente contra a Reforma da Previdência. “Ela (a reforma) atinge diretamente o pequeno produtor”, destaca.
Os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio São José do Maratá, de São José do Sul, não tiveram aula em razão da adesão do corpo docente da escola à greve geral convocada por diversos sindicatos.
Em Brochier, profissionais da Escola Estadual de Ensino Médio Erni Oscar Fauth mantiveram as atividades, mas estenderam uma faixa de protesto na frente do educandário. “EOF insatisfeita. Salários parcelados, atrasos nos repasses dos recursos, falta de professores e desrespeito à educação”, dizia o manifesto. (ARH)
Na BR-386, clima tenso entre MST e cidadãos
Duas rodovias da região foram bloqueadas na manhã de sexta-feira, por sindicatos e organizações populares. O clima mais tenso ocorreu na BR-386, em Nova Santa Rita, onde o fluxo em ambos os sentidos foi interrompido pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Barreiras com pneus e troncos formaram mais de 10 quilômetros de congestionamento, e alguns cidadãos impedidos de passar ficaram nervosos.
Houve bate boca e xingamentos proferidos dos dois lados. O momento mais crítico foi quando motoristas perceberam grevistas juntando pedras na via lateral, que dá acesso ao acampamento. Três jovens do movimento chamaram um grupo de homens que estava na rodovia para brigarem e logo receberam apoio de outros sem terras carregando pedaços de paus.
Esse tipo de material era portado por muitos dos manifestantes, inclusive por dois meninos. Apenas quem tinha alguma emergência médica foi autorizado a furar o bloqueio. Por volta das 10 horas o grupo deixou a rodovia, mas não retirou as barreiras, que foram removidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e populares, com ajuda de uma patrola. A reportagem do Ibiá foi proibida de falar com manifestantes e orientada a se afastar do grupo, pois o “clima estava tenso”.
Uma senhora chegou a afirmar que houve tentativa de incêndio em seu carro, mas a reportagem não percebeu danos no veículo. Já na ERS-124, bloqueadas em Montenegro e no Polo Petroquímico de Triunfo, o clima foi calmo. Na ligação com a estrada Antônio Ignácio de Oliveira Filho (acesso ao Zootecnia) o piquete iniciou às 6h e foi desfeito às 10h.
O grupo também permitiu somente a passagem de casos de saúde. Vários sindicatos da região se uniram neste local. (RE)