A reunião técnica a respeito da doença do Greening no citros, realizada na manhã desta terça-feira, dia 18, em Montenegro, resultou em proposições importantes. Uma delas será a participação de citricultores e comerciantes de frutas (packing house) na reunião da Amvarc (Associação dos Municípios do Vale do Caí), nesta quinta-feira, 20, em São Vendelino. Ao lado de técnicos da fiscalização estadual e da Emater, e de secretarias de Agricultura das cidades, entregarão uma carta aos prefeitos solicitando providências a serem tomadas junto ao Governo do Estado. Entre os problemas que agravam a ameaça da praga chegar ao Rio Grande do Sul está a falta de fiscais.
Este déficit foi confirmado pela engenheira agrônoma Rita Antochevis, fiscal estadual de Agropecuária da Secretaria de Agricultura do Estado (DISA – Departamento de Insumos e Serviços Agropecuários/ Seção de Sementes e Mudas). Ela defendeu contrações para o setor, que hoje tem 60 profissionais para cobrir todo o território gaúcho. Uma necessidade confirmada nas forças tarefas de 24 horas realizadas nos seis postos de fiscalização fitossanitária, onde sempre são flagradas cargas de citros entrando com ramos e folhas. O transporte da fruta nesta situação é proibido por lei, pois é nas partes verdes (floema) que se esconde o inseto vetor “cigarra Psilídeo”, que tem cerca de 3 milímetros e que existe no estado. “Infelizmente não conseguimos manter barreiras 24 horas”, lamenta.
Este cenário pede que todo o setor trabalhe unido, inclusive denunciando compras irregulares. A preocupação da equipe de Rita é, sobretudo, com o setor de comércio de frutas, especialmente porque, em geral, os packing house estão perto de áreas de pomares. A compra fora do estado de mudas, inclusive da ornamental Murta, é outro foco da fiscalização.
E neste fator entra também o cidadão urbano, seja trazendo uma planta de citros da casa de um familiar ou comprado em floricultura sem saber a procedência; até seu cultivo no quintal sem cuidado. Rita afirma que uma “bergamoteira” pode servir de depósito da bactéria, sendo espalhada dali aos pomares de toda uma região rural.
Comprador não deve aceitar fruta irregular
Na carta aos prefeitos, formalizada pela Emater com apoio do Sebrae, está o item educação da população urbana a respeito do cultivo sem manejo de árvores de citros. Já em relação aos comerciantes, cabe a postura de denunciar e não aceitar a entrega de frutas com ramos e folhas, mesmo que misturadas com algumas beneficiadas. Rita aponta que essa prática enganosa já foi confirmada pela Fiscalização Fitossanitária. “O que está acontecendo aqui no Rio Grande do Sul é muita gente aceitando”, lamenta o assessor Técnico Regional da Emater, Marcos José Schäfer.
Da mesma forma, os citricultores não devem comprar mudas sem comprovação de procedência. Pois, segundo Rita, é impossível impor sansão aos estados onde a Greening já foi detectada, uma vez que a doença pode estar em um pomar ao lado de outro saudável. Neste caso, uma proibição geral prejudicaria toda a região produtiva. Um plano de contingência já foi enviado ao Ministério da Agricultura, que até hoje não deu encaminhamento.
Efeito letal aos pequenos
O cenário de pomares de laranjas devastados pela Greening nos Estados Unidos e agora em São Paulo terá um resultado ainda mais catastrófico no Rio Grande do Sul. Isso porque a produção gaúcha é baseada nas propriedades do pequeno agricultor, onde derrubar um grande número de árvores – de até 8 anos – pode significar toda a plantação. O mesmo cálculo é aplicado em relação ao fator de incidência da doença estar em raio de 100 a 200 metros a partir das “bordas” dos pomares
*reunião da Amvarc é aberta ao público e acontece na quinta-feira, a partir das 13h30min, no centro de eventos da Cervejaria Urwald: rua da Cooperativa, 240 – São Vendelino