Greening. GT para reforçar os apelos da Citricultura

A necessidade de ampliar a prevenção para evitar que a mais trágica doença que afeta a citricultura ingresse no Rio Grande do Sul, levou agricultores e autoridades políticas do Vale do Caí a Porto Alegre. A Audiência Pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa, na tarde de segunda-feira, dia 6, terminou com nova estratégia sondada, sendo desta vez a formação de Grupo de Trabalho (GT).

Este será composto por deputados, representantes de secretarias de estado, do Ministério da Agricultura (Mapa), Emater, Embrapa e pela cadeia produtiva da citricultura; e o proponente da Audiência, deputado Zé Nunes, aponta que sua tarefa será sintetizar e encaminhar as demandas aos governos. O foco é a manutenção do estado como área livre da doença Greening. Essas pautas, contudo, já foram apresentadas em outras oportunidades, inclusive em reunião realizada em Montenegro há exato um ano.

Entre as principais demandas do setor ainda está a fiscalização efetiva do trânsito de mudas de citrus e de frutas com folhas vindos outros estados, sobretudo São Paulo. Essa e outras haviam sido pedidas no encontro de novembro de 2022, na Estação da Cultura, pela Câmara Setorial da Citricultura. Em troca, teve a confirmação de déficit de pessoal, revelado pela engenheira agrônoma Rita Antochevis, fiscal estadual de Agropecuária da Secretaria de Agricultura do Estado.

Na audiência desta segunda-feira, o deputado Elton Weber propôs a criação de uma força-tarefa específica, mas que conte com a contratação de servidores. Ele também apontou para a possibilidade de elaboração de legislação punitiva para quem comercializar mudas e frutas de regiões com incidência de Greening. Representantes do setor pedem a criação de barreiras permanentes e volantes nas fronteiras, além da constituição de apenas dois corredores de entradas de mudas e frutas.

Estado garantiu fiscalização
O representante da Secretaria de Agricultura do Estado, Ricardo Felicetti, garantiu que desde 2007 há monitoramento do quadro fitossanitário específico. Seu colega de pasta, Paulo Lipp João, lembrou que o trânsito de mudas é responsabilidade do governo federal e classificou com prioridade alterar a Portaria regulamenta a atividade.

Além da solicitação de aumento e rigor na fiscalização na entrada de mudas no RS, o presidente da Câmara Setorial da Citricultura, Pedro Wollmann, alertou para a consequência econômica e social, caso o Greening se estabeleça no estado. Segundo ele, poderá faltar suco de laranja para o consumidor e levar a derrocada de 13 mil famílias de produtores rurais, comerciantes e seis indústrias locais, que exportam para 19 países.

Ivan Alberto Streit, coordenador da Câmara Setorial da Citricultura Vale do Caí, sugeriu a exigência de registro e certidão da mudas de frutas cítricas e a proibição de comercialização de frutas com folhas. Ele pediu ainda ação para erradicar pomares abandonados e a ampliação na distribuição das armadilhas à cigarra vetor da doença, projeto iniciado pelo Estado em outubro.

Ao Ibiá, Strauch avaliou o encontro como “muito profícuo e profissional”. “Estamos bastante tempo articulando formas e maneiras de sermos ouvidos. Conseguimos trilhar um caminho correto até chegarmos à Assembleia”. Ele acredita que a criação GT permitirá avançar no acionamento do “modo prevenção” à entrada da doença.

O que é a doença Greening
A doença Greening é causada por uma bactéria, que afeta as espécies do gênero citrus (laranja, limão, bergamota, pomelos, toranjas, cidras e seus híbridos) O Greening ou amarelão provoca desfolha e morte dos ramos. Os frutos apresentam maturação irregular, redução de tamanho, deformação e queda intensa. As árvores novas afetadas não chegam a produzir e as adultas, em produção, sofrem uma grande queda prematura de frutos e definham ao longo do tempo.

Greening é a mais destrutiva doença e a maior ameaça à citricultura mundial. A doença foi encontrada pela primeira vez no Brasil no estado de São Paulo, em março de 2004. Posteriormente, nos estados do Paraná e de Santa Catarina. Não existem registros da doença no Rio Grande do Sul, mas nesta velocidade de disseminação, em poucos anos a doença poderá estar presente nos pomares gaúchos.

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