Destruição. Pedras que chegaram ao tamanho de um ovo causaram prejuízos
A tormenta que atingiu a região na madrugada desta terça-feira deixou um rastro de destruição em Salvador do Sul. Foram mais de 100 imóveis atingidos por grossas pedras de gelo. Entre os prédios danificados, estão duas escolas, uma agroindústria, aviários e diversas residências. Outras cidades da região sentiram reflexos menores, como falta de luz ou de linha telefônica em algumas localidades. Conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a partir desta quarta-feira, o clima deve estabilizar, com uma nova frente fria baixando as temperaturas.
De acordo com a Defesa Civil do Estado, em todo o Rio Grande do Sul, quase 1.000 imóveis sofreram danos causados pelo granizo ou pelos fortes ventos. Duas mortes foram registradas. Uma ocorreu em Ciríaco e a outra em Sarandi. A Região Norte do Estado foi a mais atingida. Segundo a Metsul, um tornado ocorreu entre os municípios de Coxilha e Tapejara. Lá a força do vento foi tanta que um caminhão foi arremessado de uma rodovia para o meio de uma lavoura.
Em Salvador do Sul, equipes da Prefeitura trabalham para recuperar o mais rápido possível os telhados da Escola Municipal de Ensino Fundamental Selma Wallauer e da Escola Municipal de Educação Infantil Vó Assunta, que teve mais de 20 telhas quebradas. Houve prejuízo com equipamentos de informática e material pedagógico danificados pela água.
Na creche Vó Assunta, as aulas foram suspensas. Os alunos que não puderam voltar para casa foram remanejados para outra EMEI do Município. Já na EMEF Selma Wallauer, as atividades foram adaptadas, com os alunos utilizando o ginásio, uma vez que salas de aula, a biblioteca e o laboratório de informática ficaram com goteiras. No ginásio, eram em menor quantidade.
A Defesa Civil de Salvador do Sul, juntamente com o Corpo de Bombeiros Voluntários de Salvador do Sul e São Pedro da Serra, realizou a distribuição de lona para a população que necessitava. Foram entregues 200 metros. Houve registro de danos em Linha do Meio, Linha Canjerana, Campestre Baixo, Encruzilhada do Maratá, Canudos e Morro Bela Vista. Apesar dos danos, o Município não decretou Situação de Emergência.
Tamanho das pedras assustou
“Do tamanho de um ovo”. Essa era a descrição que as pessoas que tiveram seus telhados destruídos pelo granizo davam para falar das pedras. Neci Jacinta Rodrigues da Conceição, 60 anos, diz que acordou assustada pelo barulho e que precisou andar com guarda-chuva por dentro de casa em razão dos buracos no telhado. A idosa contou com a ajuda dos filhos para colocar uma lona sobre as telhas
danificadas.
Numa ação rápida, seus filhos compraram lona antes mesmo de a Prefeitura chegar com o material. “Tive que pegar dinheiro emprestado”, contou. Segundo ela, os principais danos foram na sala e num dos quartos da casa. De férias, Valnides Rodrigues da Conceição ajudava a reparar o telhado da casa da mãe. Ele estima que seis telhas de fibrocimento precisam ser trocadas.
Elemar Horbach, 44 anos, também ficou impressionado com o tamanho do granizo que causou danos ao telhado de sua casa. “Pelas 4h30min, fui ao banheiro. Quando voltei para me deitar, ouvi um barulho e achei que estavam jogando pedras no meu telhado”, disse. Segundo ele, em questão de segundos, praticamente toda a cobertura foi furada. “Molhou tudo por dentro. O susto foi grande”, afirmou. Ele contou com apoio da empresa onde trabalha para reconstruir a sua moradia.
Perdas além do telhado
Como a chuva continuou durante boa parte da manhã de terça-feira, o principal foco das famílias era cobrir as telhas furadas com lona. Morando de aluguel numa casa que pertence ao seu tio, Franciele Mossmann, 28 anos, ainda não tinha ideia do prejuízo causado pela água que invadiu a casa após o telhado sofrer avarias. Entre os prejuízos, ela calculava danos num computador, numa televisão e também numa panificadora. “Os roupeiros estão molhados e as roupas estão lá dentro. Nem olhei ainda. Meu filho não tem material escolar pra ir na escola”, disse.
Franciele conta que, quando ouviu os primeiros barulhos de pedra caindo, correu até a porta da frente para ver o tamanho do granizo e, logo após, começou a chover dentro de sua casa. “O forro do banheiro chegou a quebrar”, observou. A lona para tapar os buracos das telhas até que novas sejam adquiridas foi doada pela Prefeitura.