Estelionato. Foram registrados casos em Montenegro e em Salvador do Sul
Estelionatários seguem tentando aplicar o golpe do “falso carro estragado” na região. Foram registrados, somente em 2018, na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) cinco casos em Montenegro e outro em Salvador do Sul. Em pelo menos um deles, a vítima saiu no prejuízo. O número de tentativas, entretanto, certamente é maior, pois muitas pessoas não fazem o Boletim de Ocorrência (BO) após a tentativa de golpe.
Os fatos estão sob a investigação da 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Montenegro. A principal suspeita é de o crime ocorrer de dentro do sistema prisional.
A fraude consiste no criminoso se passar por um familiar da vítima e telefonar dizendo se tratar de um parente em viagem para realizar uma visita. Algum tempo depois, ele volta a ligar relatando ter tido um problema mecânico e precisar de dinheiro para o conserto.
Caso consiga ter alguma quantia depositada, o criminoso telefona mais uma vez, afirmando ter parado devido a outra pane, na tentativa de arrecadar uma quantia ainda maior.
Recentemente, uma moradora do bairro Timbaúva acabou sendo enganada e teve prejuízo de R$ 1,3 mil. Um homem telefonou dizendo ser um primo dela. Afirmou estar vindo do Paraná para visitá-la, mas um problema no carro teria interrompido a viagem. Com informações sobre a família da mulher, o indivíduo pediu para ela adivinhar qual dos primos do estado paranaense estava falando – ao todo, são 16.
Pensando ter reconhecido a voz de um deles, prontamente respondeu: “Fulano, é você?”. Após receber a resposta afirmativa, o falso parente argumentou não ter nenhuma agência bancária na região onde estava e solicitou o depósito do valor em uma conta bancária em nome de um terceiro.
A idosa solicitou ao seu marido atender ao pedido. Após ser depositada, a quantia foi sacada em uma lotérica da Caixa. Ela só percebeu ter sido vítima do golpe ao receber outro telefonema do homem, desta vez, o homem disse estar em uma mecânica em São Leopoldo com o carro estragado novamente. “Aí disse para o meu marido ‘isso é golpe’. Não é possível uma pessoa viajar sem levar nenhum dinheiro”, lembra.
O especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello salienta o fato de, atualmente, estelionatários terem montado verdadeiras centrais de telemarketing. Por meio dessas, falsários passam o dia todo fazendo ligações atrás de novas vítimas e obtêm uma renda significativa. Ele destaca que a técnica é usar a pressão e a preocupação para que as pessoas não consigam pensar ou avisar alguém sobre o fato.
Lordello ressalta o fato de os estelionatários buscarem informações sobre as vítimas em potencial nas redes sociais para aumentarem as chances de êxito nos crimes. Também destaca ser comum as vítimas identificarem as vozes de parentes.
Umas das estratégias adotadas com esse fim são realizarem as ligações da rua, com muitos ruídos ao fundo. Isso quando não são feitas de dentro do presídio, evidentemente. Nesses casos, ele recomenda fazer uma pergunta difícil, bem pessoal, que somente o familiar saberia a resposta.
“Sempre desconfie de situações via celular ou internet, envolvendo pessoas – parentes ou não – precisando de dinheiro com muita pressa por causa de algum problema que precisa ser resolvido imediatamente. A estratégia dos ‘malandros virtuais’ é não deixar a vítima raciocinar ou conversar com outra pessoa”, comenta.
Dicas preciosas
– Jamais forneça seu nome ou alguma informação que possa lhe identificar de alguma maneira. Ao contrário, faça você uma série de perguntas. Se não houver respostas, desligue imediatamente.
Exemplos de perguntas:
– Com quem deseja falar?
– Qual o seu nome?
– Como conseguiu meu número?
– Está falando de onde?
E sempre desconfie de histórias mirabolantes, ameaçadoras ou informando sobre algum prêmio ou brinde.