Golf com motor 1.0? Hum… Será? A dúvida é natural, porque o conceito de motores com tecnologia downsizing (alta potência extraída de motores pequenos, de baixa cilindrada, injeção direta e normalmente sobrealimentados com turbo) ainda é recente. Muitos ainda desconhecem essa inovação e outros tantos aguardam para que haja uma consolidação do produto após o término da garantia de fábrica.
O Ibiá Motores, que já teve a oportunidade de rodar em carros com motores downsizing, caso do novo Cruze e do Up TSI, fez um test drive no Golf TSI, com motor 1.0, por cerca de 300 quilômetros, dos quais em torno de 75% em trechos de rodovia e o restante em área urbana. A unidade testada possuía pouco mais de 10 mil quilômetros.
Cedido pela Volkswagen Comauto, o hatch tem no design um de seus pontos fortes, em que pese algumas ressalvas de consumidores em função de ter a dianteira bem parecida com a do Gol. Mas são apenas comparações superficiais, porque se trata de produtos bem diferentes. Basta dar uma volta para essa conclusão. É que a sétima geração do Golf veio para realçar sua vocação esportiva e, ao mesmo tempo, ampliar o conforto. Não é à-toa que agora se vê bem mais mulheres ao volante dele do que antes. Na geração 6, por exemplo, até a regulagem do banco não favorecia muito as condutoras, porque ficavam numa posição baixa demais. O sucessor, porém, permite ajustes bem mais adequados, portanto é fácil encontrar uma posição confortável para guiar.
Na estrada, o hatch da VW tem bom fôlego. Supera, pode acreditar, o motor aspirado 1.6 em potência e torque. A impressão é que ele fica para atrás apenas quando se reduz de terceira para segunda marcha, algo comum em quebra-molas ou cruzamentos. Aí é preciso subir a dois mil giros para que impulsione bem. Daí para frente, a experiência torna-se prazerosa pelo bom desempenho do motor aliado a outros predicados do modelo, como o câmbio, sempre preciso e de fáceis engates.
O nível de acabamento também chama a atenção. Painel, console e forros de portas têm acabamento em aço escovado, o que confere sofisticação ao interior. Nos porta-objetos das portas, a VW colocou até carpete. Faltou apenas o revestimento dos bancos em couro, que é item opcional nesta versão. A direção, agora elétrica, ficou bem mais macia.
A manobrabilidade foi melhorada, ainda, com um volante mais fino e de melhor pegada (agora também com botões de comandos de som, áudio, navegação e outras funções do computador de bordo).
Neste quesito, também merecem destaque os sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, bastante úteis para colocar o veículo em vagas apertadas. Só seria melhor se houvesse câmera para o condutor saber exatamente o que se passa na traseira do carro, como ver se uma pessoa se aproxima.
Motor e suspensão: dois pontos fortes
A vibração do motor tricilíndrico não chega a ser um problema, porque a vedação acústica do Golf é competente. Do lado de fora, o ruído metálico pode até agradar a alguns ouvidos ao sugerir esportividade. O gasto de combustível também é um ponto a favor, principalmente se o condutor não exagerar no acelerador. No trecho da ERS-240 entre o pedágio de Portão e a concessionária Comauto, o computador de bordo marcou consumo superior a 20 km/litro (sem carga, com apenas um passageiro, em pista seca e velocidades entre 60 e 80 km/h). Na BR-448, a 100 km/h, os giros do motor, em sexta marcha, ficaram em torno de 2.500 rpm.
Outra característica a ser destacada é a suspensão, que numa tocada esportiva permite fazer curvas sem sobressaltos devido, também, aos controles de estabilidade e de tração. O carro não balança e se mantém fiel à trajetória. Mas em pavimentos irregulares, caso do calçamento da maioria dos bairros de Montenegro, não espere o mesmo conforto. A “dureza” do Golf é menor do que a geração anterior, mas as imperfeições do piso passam um pouco para o lado de dentro (a versão testada estava com pneus aro 17 medindo 225/45, que favorecem a estabilidade, mas interferem na maciez da rodagem). O resultado final é que o hatch, mesmo com motor 1.0, não perdeu a esportividade, seu cartão de visitas, e avançou em conforto e espaço interno. Se houvesse opção de câmbio automático, melhor seria. Muita gente não quer mais saber de fazer marchas.
Opcionais
— Elegance: volante multifuncional revestido de couro, piloto automático, rodas de 17 polegadas, sensor de chuva, sistema coming&leaving home e retrovisor interno eletrocrômico.
— Exclusive: adiciona aos itens do Elegance a central multimídia “Discover Media”, com navegação via satélite.
— Comfort: pode ser combinado a qualquer um dos anteriores e inclui ar-condicionado digital com duas zonas resfriamento e revestimento de couro para os bancos.
— Teto solar: disponível em todas as versões
Números*
Potência: 125 cv (a etanol) e 116 cv (gasolina), sempre a 5.500 rpm
Torque: 20,4 kgfm
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,7 segundos
Velocidade máxima: 194 km/h.
Consumo médio: a gasolina, 11,9 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada. Com etanol, 8,4 km/l na cidade e 10,1 km/l na estrada
Marchas: seis
Preço sem opcionais: R$ 77,2 mil
Observação: dados da Volkswagen