Ginásios não são os únicos que precisam reparos

Parque Centenário. Roda d’água e o antigo prédio de exposições de gado estão abandonados pelo poder público

Aos mais saudosistas, passear pelo Parque Centenário deve dar uma sensação de tristeza. Os dois ginásios de esportes encontram-se interditados, o serviço de roçada deixa a desejar, as marrequinhas tomaram conta do lago e raramente vê-se o icônico chafariz funcionando. A instalação elétrica do complexo segue precisando de reparos “urgentes” e são poucos os eventos que acontecem por ali.

Outro exemplo dessa realidade é a tradicional tafona, com a sua roda d’água. Instalada em 1988, para a realização do Festa & Festa, a estrutura atraía visitantes pela beleza e o resgate da tradição do equipamento, muito usado para fazer o biju – iguaria de origem indígena, produzida a partir da mandioca. Um verdadeiro patrimônio histórico e cultural que, hoje, está tomado de mato e de cupins.

Para quem lembra o que já foi a roda d’água, ver a atual é desanimador. Ela foi instalada no ano de 1988, para o evento intitulado Festa e Festa

Por dentro, a estrutura ainda é mantida pelo CTG Alma Estancieira, que tem contrato de concessão com a Prefeitura há quase uma década. Quando assumiu, a entidade pegou o equipamento já inutilizado, mas com investimento próprio e patrocínios, conseguiu colocar tudo em operação. “Nós gastamos um monte, mas arrumamos”, lembra o atual patrão do Alma, Paulo Cabral.

Para isso, a contribuição da Administração Pública foi a instalação elétrica e a água puxada do lago mais próximo. Na época, durante um dos eventos da Semana Farroupilha, chegou até a haver oficina de biju. Mas a ideia não foi pra frente. As festas no Centenário ficaram escassas e a manutenção – pelo menos da roda d’água – deixou de fazer sentido para o CTG. “Porque nós iríamos seguir mantendo, se ninguém faz mais nada no Centenário? A maioria dos eventos eles estão fazendo na Praça do Centro”, coloca Cabral.

Até o buraco onde a água era buscada pela roda foi fechado, pois, com a inutilização, deixá-lo aberto seria um risco de proliferação do mosquito da Dengue. O patrão do Alma aponta que as correias precisam ser trocadas e que as rodas estão podres. “Se não arrumar alguém para investir junto, é inviável arrumar, porque é muito caro”, lamenta. “Não tem como a gente manter. Só com patrocínio.”

Por dentro, Cabral indica, a tafona ainda é utilizada para jantas e durante os acampamentos crioulos. O CTG tem sede própria, em Potreiro Grande, e é por isso não faz uso do espaço com tanta frequência. Desde a construção da cancha para as competições de laço, o patrão diz, o terreno aterrado deixou a tafona mais baixa que o solo. Quando chove, o prédio acaba cheio de barro. “Vai ter reunião e nós vamos pedir pra Prefeitura arrumar isso”, comenta. O CTG também pretende construir banheiros no local.

Antigo prédio de exposições oferece risco aos visitantes

Pelo Parque, a falta de um maior cuidado é clara pelos ginásios interditados – recentemente andaram as tratativas para suas reformas – o lago tomado pelas marrequinhas e a necessidade de manutenção da rede elétrica. O que era motivo de orgulho para a cidade, nos últimos anos, para muitos, tem passado uma sensação de tristeza e de vergonha.

Próximo da tafona, dois prédios foram construídos para a colocação do gado de exposição durante os eventos no Parque. Sem atividades no local, as estruturas ficaram paradas por um tempo. Uma acabou cedida para o Piquete 15 de Novembro que, sem sede própria, realiza todas as suas atividades ali. E outra ficou para uso da Prefeitura, servindo para depósito e como refeitório dos funcionários do Parque. Isso há mais de duas décadas.

Enquanto o 15 mantinha a sua estrutura conservada, no entanto, o prédio vizinho sofria com a falta de manutenção. O principal problema era e ainda é a multiplicação dos cupins, que comprometeram a base do local. Uma recente avaliação técnica, inclusive, sugeriu que o espaço não fosse mais utilizado pelos servidores, por causa do risco de um desabamento eminente. Além disso, durante emporal no ano passado, houve um destelhamento que complicou ainda mais a situação.

Um dos coordenadores do 15 de Novembro, Arthur Silva, conta que, desde a avaliação, os funcionários da Prefeitura passaram a utilizar um galpão menor, construído em frente ao Ginásio Azulão. Com a má conservação do “vizinho”, ele relata que, mesmo utilizando produtos de controle de pragas, os cupins passaram de um prédio para outro. “É um bicho muito traiçoeiro”, lamenta.

Prefeitura não se posiciona
Sobre a situação, a reportagem buscou um posicionamento da Administração Municipal no dia 3 de julho. O objetivo era saber se existe um projeto de reparo, tanto para o antigo local de exposição, quanto para a roda d’água. Até o fechamento da edição, não foi dado retorno aos questionamentos.

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