A economia segue a determinados princípios e regras e cada setor tem sua dinâmica. Algumas premissas são bem conhecidas do consumidor e ajudam a entender a diferença no preço dos combustíveis em cidades próximas. A concorrência tem sido apontada pelos donos de postos de combustíveis de Montenegro para justificar o preço do litro na cidade — hoje, em média, 35 centavos mais caro do que em cidades próximas, como Portão, São Leopoldo e Novo Hamburgo.
Segundo os empresários do setor, trata-se de uma concorrência acirrada que parte de postos sem filiação a uma rede ou a uma bandeira específica. No mercado, eles são conhecidos como postos de bandeira branca. “No Vale dos Sinos, sempre houve muita concorrência entre os postos de lá. Muitos são ‘bandeira branca’ e possuem custos menores que postos vinculados a marcas de distribuidoras.
Um posto no padrão do nosso tem mais compromissos, pagamos royalties”, considera Loresto Weber, proprietário do posto Weber. Já houve situações em que ele precisou mostrar para o cliente a nota de compra para justificar a tabela. “Só o ICMS é 30% do preço da gasolina”, reclama.
Ainda quanto à formação do preço, existe uma tabela de valores para venda aos postos que varia conforme aumenta a distância da distribuidora, destaca o empresário Iedo Mário Kirst, que há 50 anos tem posto às margens da RSC-287. O fator distância justificaria, em parte, o preço maior. Mas o fator “bandeira branca” rompe até mesmo com essa lógica. “Eles conseguem menor preço na distribuidora. Tramandaí, por exemplo, é mais longe que Montenegro da distribuidora de Canoas. Porém, por não terem vínculo com bandeira alguma, eles praticam preços menores”, esclarece Kirst.
Na região, o menor preço da gasolina comum, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), é praticado em Novo Hamburgo, a R$ 3,459, enquanto que o maior valor foi constatado em Lajeado, com preço de R$ 3,999. Em Montenegro, a média é de R$ 3,899 por litro de gasolina comum.
O Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro) relata queda na venda de gasolina desde o início do ano. “Se comparar janeiro de 2016 com o mesmo período de 2017, houve redução nas vendas de gasolina comum de 3,8%”, diz o presidente da entidade, Adão Oliveira. “Notamos que, mesmo no Litoral, as vendas sempre dobravam, triplicavam, e hoje isso não acontece. O pessoal deixa o carro na garagem e sai a pé”, avalia Oliveira.
Mas quem precisa trabalhar não pode ficar sem carro. “Barato não está. Rodo em média mil quilômetros por mês”, diz o pintor Selino Rodrigues. Já o autônomo Vanderli da Rocha tem que embutir o gasto da gasolina no preço de revenda dos produtos de limpeza. “Rodo porque tenho que trabalhar. Coloco R$ 20,00 a R$ 30,00 em Montenegro só pra chegar em Capela, onde moro. Lá acho gasolina por R$ 3,69”, diz o vendedor.
Em Portão, litro é vendido, em média, por R$ 3,49
Em Capela de Santana, no posto de gasolina situado na ERS-240, junto ao principal acesso à cidade, o litro da gasolina comum é vendido a R$ 3,69. Mais adiante, em Portão, os preços são variados, mas não passam de R$ 3,69. Um estabelecimento situado na ERS-240, junto à lombada eletrônica, no bairro Portão Velho, vende o litro do produto a R$ 3,49. Há vários cartazes ao longo da rodovia anunciando a promoção.
Pouco depois do limite entre Portão e São Leopoldo, ainda na ERS-240, diversos postos têm a gasolina comum a R$ 3,49. Não precisa nem pesquisar muito. Você vai encontrar bandeiras conhecidas, como Shell e Petrobras, praticando esse valor. Dentro da cidade, também há postos trabalhando com a mesma faixa de preço, ou seja, abaixo dos R$ 3,50.