Com objetivo de atrair a clientela, mercado sorteia um dos carros mais populares da história do automobilismo
Colorido, neutro, personalizado ou original, a verdade é que mesmo depois de 73 anos do seu lançamento, o Fusca ainda faz parte da lista de desejos de muitos brasileiros. Foi a partir dessa paixão nacional que um supermercado de Montenegro aproveitou para realizar um sorteio diferente, dando a oportunidade de alguém levar para a garagem um clássico da indústria automobilística, o que chamou a atenção da população.
A ideia é do empresário Jonathan Sousa, proprietário do Supermercado Ito, que costuma sortear prêmios entre os clientes e optou por algo excêntrico. “Esse modelo de veículo é o hobby de muita gente e, por ser antigo, tem um valor simbólico”, diz Souza. Cada R$ 100,00 em compras dão direito a um cupom. O sorteio é dia 20 de setembro.
Dando algumas voltas pela cidade, não é difícil de esbarrar com um dos tantos fuscas presentes no município. Ao longo das últimas décadas, o automóvel foi carinhosamente apelidado de besouro, pulga, joaninha, baratinha e bolha, entre outros, devido ao seu design particular. O idealizador do sorteio comenta que já teve um fusca e gostava de pilotá-lo. A escolha do prêmio foi justamente para chamar a atenção da comunidade.
“Eu venho há tempos analisando a concorrência e notei que ninguém faz uma atração diferenciada para os clientes. Foi quando decidi encarar o sorteio e já tenho outro programado para o final do ano, provavelmente no Natal”, declara o empresário.
Para o mecânico Osires Oliveira, o desenho do fusca e a manutenção barata com grande estoque de reposição,contribuem para que ele ocupe até hoje as ruas do Brasil. “Ele vem de uma época em que os carros eram extremamente diferentes uns dos outros, como Opala, Chevette, Corsel, Belina. E, no meio disso tudo, você tinha o Fusca”, explica Oliveira. No que diz respeito à durabilidade e conforto, o mecânico ressalta que o veículo deixa a desejar em vários aspectos. “Naquele período, os carros não eram fabricados para durarem tanto. Uma prova disso é a baixa resistência do motor, já que, em poucos quilômetros rodados, ele começa a afogar e a queimar óleo”, diz Oliveira. “Comparado com os automóveis atuais, o sistema de pedais, de acionamento de embreagem, freios e aceleradores, nos Fuscas são muito desconfortáveis”.
Mesmo diante das desvantagens, assim como o empresário Jonathan Sousa, o mecânico também teve um “besouro” e guarda boas recordações. “Já fiz viagens de Montenegro para Florianópolis de Fusca umas três vezes”, revela Oliveira, que relembra a história sorrindo.
Personalização em alto estilo é um atrativo
Entre as vantagens de possuir um Fusca na garagem, está o seu quase infinito potencial de personalizações, onde tudo depende do gosto e do estilo do motorista. Segundo Osires Oliveira, o preço popular do automóvel favorece as alterações sem grandes prejuízos aos donos.
“As pessoas fazem com ele o que não fariam com um carro mais novo”, diz Oliveira. “O que os motoristas querem é colocar um espelho original, um acessório como rack na tampa do motor, um cano legal, uma descarga bem bonita, entre outras coisas. Por isso, ele é um carro tão requisitado, é pela magia do veículo que está desde a década de 50 nas ruas sem mudar o desenho”, conclui Osires.
A origem do carro mais vendido do mundo
Os primeiros passos para a produção do Fusca foram dados em 22 de junho de 1934, quando o contrato de produção do carro foi fechado pelo projetista Ferdinand Porsche (1875-1951) com o governo alemão. No poder do país estava Adolf Hitler (1889-1945), que queria levar para as ruas um carro barato, já que, nesse período, a Alemanha tinha um dos piores índices de motorização da Europa.
Naquela época, a maioria das fábricas era especializada em carros de luxo montados manualmente, e ainda muito caros. Assim, a ideia de um veículo pequeno, econômico e fácil de produzir começou a ganhar popularidade. Dessa forma, surgiu o conceito do “Volks Auto” ou “Volks Wagen”, expressões alemãs que traduzem a ideia do “carro popular”. Essa era parte de uma estratégia de Estado para dar rodas ao país e desenvolver a indústria.
Em 1950, as primeiras unidades do Fusca chegaram ao Brasil e, em 1972, o primeiro automóvel fabricado pela companhia alemã Volkswagen foi o carro mais vendido no mundo.
Novo Fusca nada popular
No dia 30 de julho de 2003, o último dos 21.529.464 Fuscas da Volkswagen, construídos desde a Segunda Guerra Mundial, é produzido na fábrica da empresa em Puebla, no México.
Uma das três mil unidades da última edição, um veículo azul-bebê, foi enviado para um museu em Wolfsburg, na Alemanha, onde a Volkswagen está sediada.
Em 29 de novembro de 2012, a montadora lança oficialmente o Novo Fusca, resgatando o nome do carro mais emblemático de sua história. No entanto, o veículo perdeu o caráter popular, sendo vendido a partir de R$ 76,600,00. Mesmo assim, muita gente adotou o “filhote” do velho Fusca.