Focos de Aedes registrados este ano batem recorde

Desde 2012, média anual de registros da Vigilância Sanitária de Montenegro era de 3,8. Neste ano, até aqui, são 22

Em 2012, foi encontrado em Montenegro, pela Vigilância Sanitária, o primeiro foco do mosquito Aedes Aegypti. Em 2013 e 2014 não houve registro de nenhum. Em 2015, já havia cinco focos; oito em 2016 e nove no ano passado. Hoje, na fiscalização de 2018, o número de focos do mosquito já chega aos 22. E existe a possibilidade de o número aumentar até o mês de maio.

O Aedes é responsável pela transmissão de doenças como a Dengue, a Zica, a Chikungunya e a Febre Amarela. Com o recorde nos focos de proliferação registrados, teme-se uma possível infestação e até epidemia ou surto das doenças. De acordo com a Vigilância, municípios vizinhos como São Sebastião do Caí, Capela de Santana e São Leopoldo, já estão infestados pelos mosquitos. Em Porto Alegre, inclusive, há casos de doenças vinculadas ao Aedes.

“De lá, há uma circulação muito grande de pessoas. Outra coisa que também preocupa é a circulação entre estados. A pessoa pode contrair a doença, daí vem pra cá e aqui tem o vetor (o mosquito que faz a transmissão)”, alerta a chefe do órgão municipal, Silvana Schons. “Hoje, nós temos muito mais condição de ter um surto do que no passado. O mosquito está se espalhando em nossa cidade.”

Neste ano, foram nove focos registrados no bairro Municipal, seis no Panorama, três no Timbaúva, um no São Paulo, um no Olaria, um no Ferroviário e um no Centro. Toda a zona urbana é monitorada. A instrução é que os moradores destas localidades redobrem a atenção com possíveis sintomas de doenças relacionadas ao Aedes e procurem atendimento médico. Todas elas têm como características em comum, febre, dores nas articulações e manchas vermelhas na pele.

Comunidade se acomodou na prevenção
A grande maioria dos focos de Aedes foi encontrada em residências. Mesmo que impulsionado pelo clima quente e úmido, a Vigilância Sanitária avalia que o principal fator para o recorde deste ano é a falta de preocupação das pessoas. “A comunidade, de maneira geral, aprendeu a conviver com os mosquitos e já passou a achar até normal. Parece que, enquanto não começarmos a ter as doenças, as pessoas vão achar comum encontrar os focos de Aedes”, coloca Silvana Schons. “Precisa-se disparar uma conscientização neste sentido, uma vez que o vetor nunca esteve na cidade de forma tão violenta como neste ano.”

Chefe da Vigilância, Silvana Schons, pede mais apoio da comunidade

Silvana aponta que, após a identificação de um foco, os agentes notificam o proprietário do local para que este tome providências. Em muitos casos, voltam sete dias depois e nada foi feito. “As pessoas não mudam as suas atitudes e isso é muito preocupante”, avalia. Um Código Sanitário Municipal está em análise pela Prefeitura para que se puna com multas este tipo de atitude.

Cada um faz sua parte
Um dos principais problemas verificados nos focos, Silvana aponta, é uma questão relativamente simples. São os potes de água dos animais que, apesar de terem o líquido trocado, criam um tipo de limo – local propício para que o mosquito chegue e coloque seus ovos. Além disso, foram identificados focos em piscinas de plástico sem a correta vedação e em vasilhas que possibilitaram o acúmulo de água – com itens como tampinhas de garrafas, baldes e até casquinhas de ovos. Todos “pratos cheios” para a proliferação do Aedes.

No prédio da Vigilância, um mapa aponta todos os focos

“A perspectiva de diminuir isso é contando com a colaboração da comunidade”, exclama Silvana. “Meu pedido é que as pessoas tirem um tempo para, pelo menos uma vez por semana, olharem o seu pátio e a sua casa. Se tem uma planta aquática, se tem algum ralo que possa estar acumulando água, se a caixa d’água está tampada. Enfim, que olhem no seu entorno.” A Vigilância Sanitária também recebe denúncias em relação a condutas que possam configurar um foco do mosquito.

Situação monitorada de perto
O monitoramento da cidade ocorre com a separação de pontos estratégicos na zona urbana. São postos de gasolina, borracharias e depósitos de materiais de construção, por exemplo, que poderiam se tornar focos do Aedes e, por isso, recebem fiscalização quinzenal. Além disso, foram destacados pela Vigilância diversos pontos de monitoramento, que são verificados semanalmente. As visitas de casa em casa se dão nas localidades em que tenha se identificado alguma irregularidade nestes locais já monitorados.

Falta de cuidados está preocupando a Prefeitura Municipal. Foto: Reprodução/Internet

São dez Agentes de Combate a Endemias, da Vigilância, que atuam nestas fiscalizações. Junto deles, os cerca de 55 agentes comunitários de saúde compõem uma força-tarefa de combate ao Aedes, trabalhando nas áreas atendidas com orientações e práticas para evitar a criação de focos do mosquito. Durante as visitas às casas – muitas pessoas têm receio em receber os agentes – os profissionais devem portar crachás e estarem uniformizados. O cidadão ainda pode entrar em contato com a Vigilância, pelo número 3632-1113, para confirmar a efetiva atuação no bairro.

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