Segunda edição da feira encerrou na manhã de sábado considerada um sucesso de público e de qualidade dos projetos
A Feira Municipal de Iniciação Científica, a Femic encerrou sábado, no Pavilhão da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Bairro Timbaúva. O evento reuniu 49 trabalhos das escolas do município, desde a educação infantil até o nono ano do ensino fundamental, que foram selecionados a partir de feiras internas realizadas nas instituições.
O coordenador pedagógico da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec), Cristiano Barreto, comemora o sucesso da Feira. “Foi muito além da nossa expectativa. Apesar das feiras internas que já ocorreram nas escolas, os alunos vieram para fazer essa troca de experiências e os trabalhos estão com excelente qualidade”, comenta.
Cristiano fala da importância de projetos como esse, que servem para estimular o gosto pelo estudo e a pesquisa nos alunos. “Estamos provando que o método científico está aí e está funcionando. Isso é muito importante para aguçar o gosto pela pesquisa e talvez até venha a melhorar o rendimento dos estudantes nas séries finais, pois se fomenta esse interesse desde o começo da formação.”
A Femic conta com apoio da Fundação Liberato, de Novo Hamburgo, que ofereceu treinamento, já na primeira edição, para introduzir aos educadores formas de trabalhar a iniciação científica com as diferentes faixas etárias. José Breno da Cruz é um dos colaboradores da Fundação, que trabalha nessa formação dos professores para a pesquisa. Ele é um dos avaliadores dos trabalhos nesta edição. “A iniciação científica é uma construção desse pensamento de investigação e eu dou destaque neste trabalho em Montenegro, principalmente para a educação infantil, que está apresentando projetos muito qualificados”, aponta.
Cruz também destaca o comprometimento e o entusiasmo dos educadores. “Eles têm desempenhado muito bem esse papel de ‘fazer com que o aluno aprenda a aprender’, e o resultado está aí. Na visita, por exemplo, eu aprendi uma coisa nova da qual eu não fazia ideia e ela veio dos pequenos. Olhe só, eles me explicaram que a pigmentação do ovo depende da cor do ouvido do animal. Eu achei isso muito interessante”, comenta.
O colaborador se refere ao trabalho dos alunos da pré-escola da EMEF Dr. Walter Belian, com o título “Um ovo, dois ovos, três ovos assim…”. As crianças partiram de uma música de Páscoa que levou ao questionamento dos tipos de ovos que existem. A partir dali, foram aprofundando a pesquisa e chegaram ao dado sobre a pigmentação.
Os trabalhos da Feira seguiram os mais variados temas e enfoques. Vento, reutilização de garrafas pet, abelhas, higiene bucal, cana de açúcar e morcegos foram só alguns dos muitos temas trabalhados.
Selecionados para a Mostratec
Na manhã de sábado ocorreu a cerimônia de premiação dos trabalhos na Femic. Todos os alunos ganharam medalhas de participação e 15 trabalhos foram selecionados para participar do evento de iniciação científica Mostratec, em Novo Hamburgo.
Na categoria Mostratec Baby, para as escolas de educação infantil, foram selecionados os trabalhos: “Lagartixando”, da EMEF Cinco de Maio, “De onde vem o papel?”, da EMEI Esperança, “Feijão: para quê?”, da EMEI Santo Antônio, “Jogo: a diversão que ensina”, da EMEI Adelino Edgar Rübenich e “O pequeno trevo”, da EMEI Emma Ramos de Moraes.
Os vencedores que participarão da categoria Mostratec Junior são, das séries iniciais: “Alimentação saudável na escola”, da EMEF Esperança, “Vento, energia & ação”, da EMEF Dr. Walter Belian, “Borboletas”, da EMEF Pedro João Müller, “Formigas”, da EMEF Bernardino Luís de Souza, “A abelha não faz mal, faz mel!”, da EMEF Etelvino de Araújo Cruz e “Quem lê? O que lê? Por que lê?”, também da EMEF Etelvino de Araújo Cruz.
Das séries finais foram escolhidos: “Os pandas são realmente ursos?” e “Grafite: arte ou crime?”, da EMEF Dr. Walter Belian, “Catálogo da avefauna da costa da serra”, da EMEF Pedro João Müller e “Reutilização de garrafas pet para construção de materiais esportivos”, da EMEF Etelvino de Araújo Cruz.
A Mostratec ocorrerá de 25 a 27 de outubro nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo. Trata-se de uma feira de ciência e tecnologia realizada anualmente pela Fundação Liberato, com participação de cerca de 640 projetos do estado. Ocorrem, além das exposições, eventos integrados, como o Seminário Internacional de Educação Tecnológica, a oficina de Robótica Educacional e atividades esportivas e culturais.
Além da oportunidade, os trabalhos de ensino fundamental que tiraram o primeiro lugar na Femic levaram pra casa um troféu de reconhecimento. Das séries iniciais (até o 5º ano), o grande vencedor foi o projeto “Vento, energia & ação”, da EMEF Dr. Walter Belian. Já das séries finais, ganhou o prêmio da Feira o trabalho “Catálogo da avefauna da Costa da Serra”, da EMEF Pedro João Müller.
Conheça alguns dos trabalhos apresentados
O cérebro e os super heróis
Animados, os alunos do quarto ano da Escola Cinco de Maio apresentaram o trabalho “O Cérebro”. Eles explicam que a análise partiu dos estudos de super-heróis, como a Viúva-Negra, para abordar um super-poder que todos nós temos: nosso cérebro. Cada um deles contou sua parte da pesquisa, mostrando um diário de bordo que foi construído com todas as etapas do projeto. A professora orientadora Angela Vieira Martins relata também que, no trabalho, eles foram instigados a tentar reconhecer super-heróis da vida real: “daí todos disseram que os verdadeiros heróis eram sua família.”
Feijão: para quê?
Os alunos da EMEI Santo Antônio apresentaram o trabalho “Feijão: para quê?”. Uma das orientadoras, Maria Cristina Soares, conta que o projeto partiu da história “João e o pé de feijão”. “A partir dali, veio a curiosidade deles sobre o assunto”, explica. Vestidos de chefes de cozinha, os três alunos mostraram com entusiasmo as experiências que fizeram durante a pesquisa e os momentos em que puderam reviver passagens da história do João.
Grafite: arte ou crime?
As estudantes do nono ano da Escola Dr. Walter Belian propuseram a reflexão sobre um assunto que, de acordo com elas, é tabu na sociedade e precisa ser mais discutido: o grafite. Elas contam que o grafite é uma manifestação artística em locais públicos e que pode ser identificado desde o tempo dos homens das cavernas, que pintavam nas paredes. No estande, se explica que, tanto o grafite, quanto a pichação, nasceram em Nova York nos anos 70. Sendo a primeira uma forma de arte e a segunda tomando um sentido de demarcação de território, considerada crime se feita sem autorização do proprietário do local. O projeto acaba problematizando que, em muitos casos, a diferenciação do grafite para a pichação ocorre a partir do indivíduo que vê o desenho e faz essa assimilação.