Livreiros apontam local do evento, período do mês e divulgação como fatores para baixo interesse dos consumidores
Com o badalo do tradicional sino, que marca o início e o fim da Feira do Livro de Montenegro, o patrono do maior evento literário do Município, Flávio Patrício Vargas encerrou a 15ª edição da Feira do Livro de Montenegro e a 10ª do Vale do Caí. Durante os três dias de evento, centenas de pessoas visitaram o espaço e puderam aproveitar as atividades culturais que a festa ofereceu.
Sob uma chuva permanente, a tarde de sábado, último dia do evento, registrou público abaixo do esperado e as vendas ficaram aquém das do ano passado. Para o tradicionalista, poeta e patrono da Feira esta edição teve ônus e bônus. De um lado se reduziu as vendas pela mudança de local, mas se ganhou em segurança para, principalmente, as crianças que visitaram o evento.
“Podemos fazer uma avaliação muito positiva, enfocando dois aspectos: em primeiro lugar, nós viemos com a feira do livro aqui para a estação da Cultura. Isso é um fator positivo, porque é um lugar lindo, apropriado para fazer uma festa literária. Segundo: a segurança. A Feira tem um enfoque nas crianças, nas escolas e aqui a segurança é muito maior que no Centro da cidade”, defendeu.
Porém, segundo ele, o que se ganhou em segurança, se perdeu em vendas e visibilidade do evento. “Lamentamos não estar na Praça porque ali é um circuito comercial muito mais forte que aqui. Acredito que lá se venderia muito mais que aqui pela circulação das pessoas que vão ao Centro fazer compras e aí já aproveitam para visitar a Feira do Livro”, destaca.
Livreiros dizem que local prejudicou as vendas
Para os livreiros, porém, a Feira foi diferente das edições anteriores, principalmente no quesito vendas. Enquanto os expositores esperavam superar a marca do ano passado, a realidade foi bem diferente. “Desastre”, como classificou o representante de uma das bancas, Rodrigo Nascimento, de Novo Hamburgo. A banca que ele trabalhou, tem como público principal as crianças, com a comercialização de livros infantis. “Nosso público são as crianças, dependemos da visita das escolas e muitas vieram para cá, mas passavam direto pela bancas”, destaca. Neste ano, o esperado era vender R$ 3 mil, mas não chegou a R$ 600. “Bem abaixo da expectativa”, afirma.
A avaliação se repete nas demais bancas. Bruna Garcia, livreira de Alvorada diz que a edição foi “fraca”. Para ela o principal fator que corroborou com a baixa das vendas foi o local. “Aqui (a Estação da Cultura) é um ótimo lugar para receber as escolas, mas para as vendas, não”, argumenta. Essa foi a terceira vez que Bruna participou do evento e, mesmo com livros custando R$ 10, a diferença no valor comercializado em comparação a 2016 foi grande. “No ano passado vendemos cerca de R$ 13 mil, nesse, pouco mais de R$ 2mil”, afirma.
Rogério Pereira, de Canoas, reforça o pensamento dos demais: “A Feira precisa estar onde o público está”. Para ele, apesar da Estação ser um local agradável, para o evento ter mais visibilidade, o ideal seria ocorrer na Praça Rui Barbosa. “Acredito que é um local mais central, que dá mais visibilidade para o público e, consequentemente, para a administração em si”, avalia.
Outro ponto levantado pelos expositores foi a falta de identificação quanto à indicação da Feira. “Não se viu aqui na frente uma placa ou algo que indicasse que estava ocorrendo uma Feira do Livro”, avaliou Gil Kipper, de Santa Cruz do Sul. Ele ainda destacou o período do mês como um dos fatores para a falta de investimento na compra de livros.
Poesia em Movimento premia estudantes
Na manhã de sábado, foram entregues as premiações da 10ª edição do Poesia em Movimento. Também foram comemorados os 68 anos da Biblioteca Municipal Hélio Alves de Oliveira. Foram 595 inscrições em quatro categorias. Destas, 60 irão circular nos coletivos da empresa Viação Montenegro.
Confira os selecionados na categoria Escritores Montenegrinos: Cátia Ávila, com a poesia “Poemar”; José Francisco Vieria da Silva, com o “Amor infinito”; Flávio Patrício Vargas com “As Laranjeiras”, e Marni Alexandre Vargas de Almeida, com “Abro a Janela”.
Categoria Comunidade: Ernesto Arno Lauer, com o poema “Ônibus a seguir”; Ana Cândida Trindade, com “Identifique-se”; Cristina Müller da Silva, Com “Preferências”; Daniela Mara Heckler, com “Flamboiã”, e Daniela Terezinha da Motta Rammel, com “Receita de Vida”.
Ensino Fundamental: Laissa Natara Azeredo, com o poema “O rio e a Estação”; Andressa da Silva Mattos, com “O meu cão”; Flávia Ferreiea Gomes, com “Minha escola, minha vida”.
Estudante de Ensino Médio: Amanda Souza de Souza, com o poema “Nunca desista”; Eder Gileno Silva da Silva Júnior, com “Perguntas sem respostas; Vanessa Silva de Oliveira, com “Amor não é para mim”. Nestas duas categorias foram 51 poesias selecionadas, a lista completa está no portal Ibiá (www.jornalibia.com.br).
Escoteiros realizam atividades de socialização
O último dia de Feira do Livro também teve a participação do Grupo de Escoteiros de Montenegro. Mesmo com a chuva, as crianças e os líderes aproveitaram o evento para divulgar as atividades desenvolvidas pelo grupo.
Segundo Vanessa Santana, chefe de Alcateia (ramo que trabalha com crianças de 6 anos e meio até 11), o dia foi uma oportunidade de mostrar o que é feito no grupo, de uma forma especial. “Cada um trouxe um amigo para conhecer o grupo”. As crianças ainda fizeram confraternização com lanche.
Atualmente os Escoteiros de Montenegro realizam as ações no Parque Centenário, das 14h às 17h, todos os sábados, ao lado do Azulão. O custeio das atividades é feita por meio do voluntariado e, esporadicamente, da venda de artigos produzidos pelo grupo.