CASO THAIANE. Carta Aberta pede intervenção da Secretária de Segurança Pública para acelerar entrega de laudo pericial
Familiares e amigos da jovem Thaiane de Oliveira de 29 anos, assassinada no dia 24 de julho, em Capela de Santana, pedem ajuda ao secretário de Segurança Pública do Estado, Ranolfo Vieira Junior, para que o laudo da necropsia seja entregue à investigação o mais brevemente possível. Os envolvidos acreditam na possibilidade de os apontamentos, de todos os laudos realizados, serem decisivos para elucidar o caso. Na sexta-feira, 6, Carin Fortes, prima de Thaiane encaminhou uma Carta Aberta ao gestor da Segurança Pública e vice-governador pedindo a intervenção dele, no intuito de acelerar a entrega da documentação solicitada pela autoridade policial. O suspeito do crime já teria deixado o hospital onde encontrava-se internado desde o dia do crime, segundo informações extra-oficiais.
Essa não é a primeira ação realizada pela comunidade do município onde Thaiane trabalhava como agente de saúde. No dia dez de agosto, uma mobilização popular tomou conta da principal via da cidade. Cerca de 150 pessoas se deslocaram em caminhada pedindo por justiça.
A emoção tomou conta dos participantes do movimento, principalmente dos familiares da jovem. “Tá difícil. Tem horas que parece que não vou aguentar”, disse, no dia, dona Geneci Oliveira, 58 anos, mãe de Thaiane. Ela, o marido Norberto Oliveira, 59, e a filha mais nova Gabriela Oliveira, 20, estiveram à frente da passeata.
Para a família, as respostas para todas as dúvidas estará nos laudos. A perícia realizada na casa onde ocorreu o crime já está em posse da investigação. Faltam ainda os laudos da necropsia e dos celulares da vítima e do marido. Enquanto aguardam o material ser entregue e analisado pela polícia, o pensamento de todos continua voltado às circunstancias do assassinato. “Ela foi arrancada do meio de nós de uma forma muito dolorosa. Queremos fazer pressão para que logo tenhamos uma resposta”, acrescentou Norberto.
Carin Fortes, prima de Thaiane, organizou a caminhada. Também foi ela quem encaminhou o e-mail ao secretário em nome da família e da comunidade de Capela. Para Carin, muitas coisas precisam ser esclarecidas. “Havia sinais que algo poderia acontecer, a gente que não viu. Ele não era afetuoso. Ela dizia que não tinha nascido para ser feliz”, comenta. “Ele era muito ciumento”, assinala.
Relembre o casoUm policial militar de 31 anos, lotado na corporação do município de Capela de Santana, matou a própria esposa no início da madrugada do dia 24 de julho de 2019. Ele teria confundido a companheira com um invasor e efetuou dois disparos contra a agente de saúde Thaiane de Oliveira. Um dos tiros de pistola .40 acertou o peito da jovem, que veio a óbito.
O suspeito teria alegado que desligou o disjuntor da rede elétrica por causa do temporal, deixando a casa no escuro. Então, na madrugada, acordou com barulho, viu um vulto e uma luz, pegou sua arma funcional e deu ordem de parada. Mas o vulto teria seguido andando, aí ele atirou.
A Polícia Civil recebeu a informação de que o suspeito já teria recebido alta médica. O responsável pela investigação, delegado Rodrigo Zucco, informa ter solicitado a confirmação deste fato ao Hospital da Brigada Militar. Caso confirmado, dentro de alguns dias o PM será intimado a prestar depoimento. A reportagem entrou em contato com o HBM. O atendente disse não estar autorizado a prestar esse tipo de informação.
Até o fechamento da reportagem, a secretaria de Segurança Pública do Estado não encaminhou respostas confirmando se o secretário já teve acesso ao conteúdo da Carta Aberta e o que pretende fazer a respeito da solicitação.
Carta Aberta ao Secretário da Segurança Pública
Sr. Ranolfo Vieira Júnior
Capela de Santana – RS, 6 de setembro de 2019.
Assunto: PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS
Inicialmente, servindo-se da presente, FAMILIARES e AMIGOS de Thaiane de Oliveira, expressam o mais profundo respeito e admiração por Vossa Senhoria.
No mais, é de conhecimento deste respeitável Órgão Estatal, a comoção popular ocasionada pelo crime ocorrido no dia 24 de julho de 2019, na cidade de Capela de Santana/RS, que redundou na morte de Thaiane de Oliveira, de 29 anos.
Aliás, tal comoção é plenamente justificada, pois Thaiane tinha o apreço e a admiração de toda a sociedade Capelense, especialmente porque, por mais de 08(oito) anos, desempenhou com maestria e humanidade a função pública municipal de Agente Comunitário de Saúde.
A sua morte por sua vez, causou extrema comoção popular, justamente porque fora vítima de um crime bárbaro. Ora, foi alvejada no peito por um disparo de arma de fogo – revólver cal. .40 – sem qualquer motivação aparente.
O Autor do disparo ao seu turno, era o seu próprio companheiro, um soldado da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Sul, que após alvejá-la, chamou os companheiros policiais e ilustrou uma situação em que o disparo da arma de fogo teria ocorrido de maneira acidental.
Tal justificativa causou extrema revolta dos familiares e amigos, pois, a despeito de todo o treinamento que recebeu durante o período na academia, asseverou que teria alvejado acompanheira de modo culposo (imprudência, imperícia e negligência).
Atualmente todos aguardam ansiosamente o desfecho da situação, que está condicionado ao aporte dos laudos periciais solicitados pela Autoridade Policial competente.
Todavia, muito embora tenham sido solicitados os aludidos laudos periciais, logo após a ocorrência do fato criminoso, impõe seja considerado que os prazos à conclusão e entrega são verdadeiramente morosos.
Diante disso, FAMILIARES e AMIGOS de Thaiane, vem à presença de Vossa Excelência, rogar pelo amparo deste respeitável Órgão de Segurança Pública para que intervenha em favor da comunidade de Capela de Santana, determinando a remessa dos laudos solicitados pela Autoridade Policial de Capela de Santana, com a máxima URGÊNCIA.
Atenciosamente,
Carin Fortes