Faltas em consultas pelo SUS preocupam gestores

Saúde. Ausências ocorrem em atendimentos nos postos e em hospitais. Enquanto isso, outros aguardam atendimento

Em agosto deste ano, a secretaria municipal de Saúde (SMS) de Maratá agendou 851 consultas pelo Sistema Único de Saúde para atendimentos tanto no Centro de Saúde do Município quanto em hospitais como o Hospital Montenegro ou a Santa Casa, em Porto Alegre. A esses compromissos não compareceram 91 pessoas. Ou seja, 10% dos pacientes faltaram. Em setembro, o número de faltas foi de quase 9%. Esses dados têm gerado preocupação para a secretária Gisele Adriana Schneider.

Banner no Centro de Saúde de Maratá revela número de faltas para conscientizar

De acordo com a titular da pasta da Saúde de Maratá, há tempos é observada uma grande falta de pacientes marataenses em exames e consultas marcados pelo SUS. Gisele explica que ao faltar a um compromisso sem dar aviso prévio, o paciente faz o Município perder aquela consulta ou exame. Conforme a secretária, por ser uma cidade pequena, Maratá tem cotas pequenas para atendimento em especialidades. Com as faltas, esses atendimentos são “perdidos” e o paciente que faltou precisa remarcar sua consulta e voltar para o fim da fila de espera.

Buscando conscientizar a população, a equipe da SMS confeccionou um banner para expor esses números. “Daqui a pouco, tu falta (numa consulta) e esquece de avisar, não dá importância. Mas não é só uma sessão de fisioterapia que tu não foi. Tu acaba deixando outro paciente sem atendimento com isso”, aponta Gisele. A secretária destaca que em casos de impossibilidade de comparecimento, o paciente deve avisar a secretaria 24 horas antes da consulta. Assim, há tempo de outra pessoa ser atendida em seu lugar, não havendo, desta forma, prejudicados.

Gisele conta que alguns protocolos foram instituídos para impedir que as ausências se tornem comuns. Como exemplo, ela cita os casos de atendimento em fisioterapia. Normalmente, o tratamento possui 10 sessões. Porém, se o paciente faltar em três delas sem justificar, ele perde sua vaga e volta para o final da fila. “As pessoas já estão se conscientizando mais em ligar e avisar quando não podem vir. Tanto que na fisioterapia, a gente teve 184 agendamentos e apenas cinco faltaram sem avisar”, observa.

Para a secretária de Maratá, é preciso que o cidadão se conscientize e passe a valorizar mais o SUS e fazer sua parte. “A gente vê todos os dias na televisão as dificuldades que o SUS está passando: a falta de financiamento, a falta de equipe, a falta de médicos, a falta de dinheiro. É complicado”, lamenta. Ela salienta ainda que é importante divulgar os dados das faltas para mostrar que não é apenas nos grandes centros que esse tipo de problema ocorre.

UBS de Pareci Novo atende por livre demanda, minimizando ausências. FOTO: Arquivo/Jornal Ibiá

Livre demanda minimiza faltas em Pareci Novo
Em Pareci Novo, a Unidade Básica de Saúde trabalha com o atendimento por livre demanda, não sendo assim necessários agendamentos e minimizando o número de faltas em consultas do SUS. Quem afirma isto é a secretária municipal de Saúde e Assistência Social de Pareci Novo, Gislaine Ribeiro dos Santos.

Sobre consultas que ocorrem fora da UBS, Gislaine diz que os pacientes costumam ir nestes agendamentos. “Sempre que entregamos as requisições ressaltamos a importância de as pessoas irem à consulta”, diz. Segundo a secretária, um levantamento mensal sobre o número de faltas em consultas é realizado, porém os números apresentados são significativamente baixos.

Problema que se repete em outras cidades
A ausência de pacientes em consultas do SUS também é um problema que preocupa gestores da área de outras cidades da região. Em São José do Sul, a secretária da Saúde, Saneamento e Assistência Social, Silvani Maria Kremer, disse que a Unidade Básica de Saúde (UBS) registrou 156 não comparecimentos em dois meses. Em consultas marcadas para o Hospital Montenegro o índice baixa para quatro. Para reverter isso, a secretária diz que os profissionais estão sempre a par dos números e das orientações que devem ser passadas aos munícipes num trabalho de conscientização. Entre as orientações estão informações sobre a fila de espera por uma consulta, seus custos e a demora para consegui-la.

Em Brochier, a secretária da Saúde e Assistência Social, Priscila Kleber Viacava, diz que as faltas em consultas e exames feitos pelo SUS ocorrem, mas de forma controlada, uma vez que são tomadas medidas para evitar. De acordo com a secretária, o número de faltas varia para cada serviço. “De um modo geral, não ultrapassa 5% em nosso município”, garante.

“No âmbito dos atendimentos do Posto e Unidade de Saúde de Brochier, pacientes recebem o agendamento em carteirinhas específicas para cada atendimento”, explica Priscila. Nesses cartões há a orientação de que o paciente deve informar, se não puder comparecer. “Assim, esta vaga é dada a outro paciente”, comenta.

Priscila observa ainda que nos hospitais que atendem a atenção especializada é padrão a pasta agendar a primeira consulta. Nos casos onde há falta, a consulta não volta a ser marcada até que o paciente em questão procure a secretaria para rever a necessidade e justificar a falta. “Os retornos são agendados, quase em sua totalidade, pelos próprios hospitais, sendo assim, não temos registro e nem acesso a esta informação”, afirma. A secretária aponta que a exceção é o Hospital de Montenegro, que faz registro e controle de todas as faltas e passa mensalmente um relatório para a secretaria da Saúde de cada município.

A Secretaria Municipal de Saúde de Montenegro confirma que o não comparecimento em consultas marcadas pelo SUS é um problema na pasta. Na tentativa de reverter esse quadro ou minimizar a quantidade de faltas, são feitas ações como ligações para os pacientes ou responsáveis e a chamada “busca ativa”, feita pelos agentes comunitários. Os dados sobre a falta de pacientes às consultas, conforme tabela apresentada pela Secretaria da Saúde de Montenegro, alcança 1.208 casos, nas 13 especialidades médicas disponíveis.

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