Reportagem do Ibiá percorreu por duas das principais ruas centrais de Montenegro e verificou uma situação crítica
Você também percebe uma grande quantidade de lixo espalhado pelo centro da cidade? O Jornal Ibiá foi entender a situação e observou poucas lixeiras eficientes para depositar pequenas embalagens e resíduos, além da falta de bom comportamento dos cidadãos.
Percorremos cerca de 2,8 quilômetros pelas ruas João Pessoa e Ramiro Barcelos para avaliar o problema e ouvir o que os montenegrinos têm para falar da situação. Afinal, a população também tem grande responsabilidade na limpeza e no cuidado com o meio ambiente.
O problema maior foi na principal rua da cidade, a Ramiro Barcelos. Bastante lixo espalhado no entorno das lixeiras e algumas delas acumulam grande volume de resíduos que não são recolhidos. Parte dos recipientes é de uso exclusivo dos prédios residenciais e outros foram instalados por moradores.
Mesmo o recolhimento de lixo sendo uma obrigação da Prefeitura, é imprescindível a separação e o descarte correto pela população. Apuramos, na praça Rui Barbosa, lixo seco onde deveria estar o orgânico. Em outro ponto, na rua João Pessoa, diversos comprovantes de cartão de crédito estavam espalhados pelo chão, ao lado da lixeira, a qual não servia para o depósito de pequenos papeis.
Outra cena que chamou atenção foi em um canteiro de flores. Predominava o descarte de papeis e plásticos no local, onde o desrespeito mata as plantas em ritmo acelerado. Também assistimos o recolhimento de lixo, em que algumas sacolas sobraram dentro dos coletores. No entanto, sacos de lixo foram deixados, por comerciantes, após o horário da coleta.
Em uma das situações, cães foram atraídos por uma sacola plástica com restos de alimentos, deixada no chão, à noite, para a coleta seletiva. Conferimos catadores abrindo sacos e sacolas para verificar se havia algo útil para eles, porém, a ação resultou em sujeira no entorno do passeio e da rua.
Comunidade identifica o problema comportamental
A professora aposentada, Leonice Flores, 49 anos, diz que vê pouca lixeira no centro da cidade, mas afirma que a população não está educada. “Vejo que falta conscientização das pessoas, pois não estão colaborando. A maioria utiliza a sacola plástica de mercado para colocar o lixo e, quando botam na lixeira, não transferem aos sacos maiores para facilitar o trabalho de quem recolhe”, diz.
A aposentada Madalena Schmitt, 61, compartilha da mesma opinião. “O povo é mal educado na cidade toda, pois jogam lixo na frente das casas”, destaca. Ela também afirma encontrar poucos locais para descarte, mas carrega até achar a lixeira mais próxima.
Alguns comerciantes também afirmam que, principalmente, após os finais de semana
e feriados há mais lixo espalhado na frente dos empreendimentos. Encontramos diversos copos plásticos, canudos, guardanapos, folhetos de propaganda e diversas embalagens alimentícias.
Os lojistas com quem conversamos, afirmam colocar os sacos no final da tarde, para que o caminhão recolha à noite. No dia seguinte, porém, aparecem algumas surpresas desagradáveis. Segundo informações, os sacos são rasgados e o que tem dentro é espalhado pelas calçadas e ruas.
Poucas lixeiras para o descarte correto
Juntamente com a falta de educação de boa parte da população, o baixo número de locais para descartar materiais do cotidiano é visível. No roteiro entre as esquinas das ruas Dr. Hugo Wolgemuth e José Luis, pela Ramiro Barcelos e João Pessoa, realizamos a contagem das lixeiras e containers.
Separamos as lixeiras em abertas (não apropriadas para pequenos materiais), fechadas (ideais para pequenos resíduos) e lixeiras duplas (seco e orgânico), além dos containers.
Em 2,8 quilômetros, o intervalo entre algumas cestas era superior a uma quadra. Veja no gráfico os números coletados pela reportagem.
Responsabilidade de quem?
Conforme o Código de Posturas do Município de Montenegro, os passeios em frente aos imóveis edificados ou não devem ser conservados e limpos pelos proprietários ou ocupantes.
Já a limpeza das vias públicas e demais logradouros, bem como a retirada do lixo domiciliar, são serviços privativos da municipalidade.
Os cidadãos também possuem suas obrigações para uma cidade mais limpa. De acordo com o Código de Meio Ambiente do Município, é expressamente proibido a deposição indiscriminada de lixo e entulho em áreas urbanas ou rurais.
Nas redes sociais, maioria diz que não joga lixo no chão
Questionamos, por meio das redes sociais, qual a atitude que os cidadãos tomam ao precisar descartar um material sem encontrar um lugar adequado e correto. A pergunta foi: “Você, quando não tem uma lixeira por perto, carrega seu lixo até encontrar uma lixeira, ou descarta onde estiver?”. As respostas poderiam ser: “Carrego até uma lixeira” ou “Descarto onde estiver”.
No entanto, é possível comparar a quantidade de pessoas que afirmam carregar o lixo até a lixeira mais próxima, com a quantidade de resíduos espalhados pela rua. É contraditória afirmação na enquete e a ação pela cidade.
Tivemos 413 participações no Facebook, Instagram e Twitter. Confira o resultado:
Prefeitura diz que irá adquirir mais coletores de lixo
Por meio de nota, o secretário municipal de Meio Ambiente, Adriano Campos Chagas, disse que está em fase inicial um projeto de aquisição e instalação de novos coletores, obedecendo a resolução 275 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Estes coletores serão destinados para os pedestres depositarem resíduos com menor volume.
Em relação à limpeza das ruas e a periodicidade deste trabalho, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) diz: “O trabalho é realizado diariamente por uma equipe de 30 apenados, distribuídos em grupos, por meio de contrato firmado com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Cinco funcionários municipais fazem a supervisão”. A SMMA admite que, para a demanda de trabalho, o número de colaboradores envolvidos nessas atividades é muito pequeno. Para tanto, está trabalhando um plano de ação que objetiva melhorar estes serviços.
Sobre os trabalhos de conscientização da população, a Secretaria está com um cronograma montado para 2018, dando ênfase aos resíduos sólidos. “Este cronograma definido para atender a comunidade já está sendo cumprido”, afirma o secretário Adriano.
Dentro destas ações está incluso, durante a Semana do Meio Ambiente, em junho, um ciclo de palestras dentro das escolas da cidade. “Iremos apresentar tecnologias aplicadas ao recolhimento transporte e destino final da logística que envolve os resíduos sólidos e qual a metodologia que o município utiliza”, conclui.