Falta às consultas gera prejuízo à saúde e ao bolso

Hospital Montenegro. Informações expostas no seminário demonstram que 7,5% dos agendamentos não são usados

O Hospital Montenegro realizou ontem o II Seminário de Saúde Pública para expor dados referentes aos serviços realizados pela instituição. A atividade é uma forma de prestar contas à comunidade, tendo em vista que a casa de saúde é 100% SUS e, portanto, recebe dinheiro público. Ao longo de 2017, houve 5.384 internações na casa de saúde. Nesse mesmo período, o Ambulatório Multiprofissional realizou 17.865 consultas.

Durante a explanação, foram salientados os prejuízos decorrentes das faltas a essas consultas especializadas, com apresentação de números dos últimos anos. Em 2015, foram registradas 1.786 ausências. No ano seguinte, esse número aumentou para 2.554, mesmo sem ter havido atendimento no ambulatório multiprofissional nos meses de maio a agosto. Em 2017, o número de faltantes caiu para 1.355, e não ocorreram consultas no setor no período de janeiro a março.

Além dos prejuízos financeiros, que em 2017 chegaram a R$ 102.160,00, há também o impacto na saúde, pois enquanto um usuário deixou de ir à consulta marcada, outro paciente aguarda por um agendamento. Desta forma, o não comparecimento, sem nenhuma notificação, prejudica outros usuários que aguardam horário para atendimento com o profissional. A situação foi abordada durante a apresentação pelo analista administrativo José Luis Cardoso, que falou sobre o Programa Nacional de Gestão de Custos, criado em 2012 pelo Ministério de Saúde.

Desde 2015, todos os municípios da área de abrangência da instituição são notificados mensalmente, por e-mail enviado às secretarias de saúde, sobre essas faltas. A coordenadora da recepção, Eliane Flores, acrescentou que atualmente o ambulatório multiprofissional tem 14 especialidades. Ela observa que, às vezes, as faltas aos atendimentos são preenchidas por pacientes que estão à espera de “encaixe” no ambulatório, mas esclarece que nem sempre isso é possível e, então, a consulta é perdida.

O evento se prolongou pela manhã e tarde de ontem, no Clube Riograndense, com a exposição de dados sobre os vários setores da instituição. Houve a participação de colaboradores, representantes de Montenegro e de outros municípios da região de abrangência do HM. O diretor administrativo, Carlos Batista da Silveira, observou a importância de expor informações sobre os serviços, que são pagos com recursos públicos. A secretária municipal da Saúde, Ana Maria Rodrigues, salientou a transparência do hospital e da sua mantenedora, a Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (Oase). A presidente da entidade, Eliane Maria Leser Daudt, falou sobre a importância do trabalho em equipe, observando que há mais motivação e comprometimento na atuação em conjunto. “A Oase se orgulha em contar com o apoio de todos”, afirmou a presidente da mantenedora.

Finanças estão saudáveis
A história do Hospital Montenegro inclui períodos difíceis, com graves crises financeiras que colocaram em risco seu funcionamento. O cenário atual, no entanto, é outro. Desde a adesão à portaria que cria o incentivo ao sistema 100% SUS, o estado de saúde da casa melhorou, embora problemas eventuais nos atrasos de repasses.

Na abertura do II Seminário de Saúde Pública, o diretor administrativo, Carlos Batista da Silveira, afirmou que as contas estão regularizadas e as finanças saudáveis. Ele acrescentou que essa condição possibilita à instituição buscar verbas. E há um Núcleo de Captação de Recursos formado por profissionais de diversos setores que se reúnem semanalmente para planejar e executar formas de obter dinheiro. As alternativas incluem emendas parlamentares, consultas populares do Governo do Estado, convênios de programas do Ministério da Saúde e apoio da iniciativa privada.

Especialidades no ambulatório
Bucomaxilofacial, cirurgia geral, cirurgia vascular, cirurgia ginecológica, cardiologia, dermatologia, fonoaudiologia, gastroenterologia, hematologia, neurologia, otorrinolaringologia, reumatologia, oftalmologia, urologia.

É preciso falar mais sobre doação de órgãos

Tatiana falou sobre a comissão
de doação de órgãos do Hospital

Durante a explanação sobre a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, pela diretora clínica do Hospital Montenegro, Tatiana Michelon, foi observada a necessidade de mais espaço para falar sobre o assunto. Essa abordagem é necessária para reduzir o índice de negatividade na doação de órgãos que, no ano passado, foi de 100% no HM. Isso significa que, em casos de pacientes que tiveram confirmada a morte encefálica, as famílias não autorizaram a doação.

Falar mais sobre o assunto, inclusive expor a vontade de doar à família, facilita a tomada de decisão em um momento difícil. Tatiana observou que essa situação vem melhorando e, em 2018, houve três casos de diagnóstico de morte encefálica com duas autorizações de doação de órgãos. A campanha “Cultura Doadora”, desenvolvida pela Fundação Ecarta com o objetivo de incentivar a doação de órgãos, ganhou força no município desde o ano passado, contando com a parceria do Jornal Ibiá e de diversas instituições.

Municípios atendidos pelo HM
Barão, Brochier, Capela de Santana, Harmonia, Maratá, Montenegro, Pareci Novo, Salvador do Sul, São José do Sul, São Pedro da Serra, São Sebastião do Caí, Triunfo, Tupandi e Tabaí.

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