Falsos policiais civis praticam fraudes contra comerciantes

Em investigação. Cinco estabelecimentos receberam a visita dos golpistas. Em um deles foi levado o equivalente a R$ 700,00 em cigarros

A Polícia Civil investiga uma ação criminosa ocorrida na primeira quinzena de março em que dois homens se passaram por agentes da corporação e estiveram em bares e minimercados da ERS-411, na localidade de Costa da Serra, interior de Montenegro. Enquanto um aguardava no carro, o outro informava aos comerciantes que estava apurando uma denúncia de venda ilegal de cigarros e que iria recolher os produtos sem procedência. Desconfiada, uma comerciante que não quer ser identificada, dona do primeiro local a receber a dupla, ligou para a Delegacia de Polícia e constatou que não havia nenhuma investigação em andamento. O delegado Paulo Ricardo Costa, titular da 1ª Delegacia de Polícia de Montenegro, relata que um dos suspeitos já foi identificado e alerta para que outras pessoas não caiam no golpe.

A ação dos falsários ocorreu durante a tarde do dia 12 deste mês, nas imediações do quilômetro nove da ERS-411. A primeira vítima relata como detalhes da abordagem: “Eles chegaram em um Peugeot branco com placa de Porto Alegre. O motorista usava uma camisa polo da Polícia Civil e ficou aguardando dentro do veículo”, explica. Enquanto isso, o segundo falsário, vestido com uma camisa jeans, disse a ela que estava ali para apurar uma denúncia de venda de cigarros do Paraguai. “Ele viu que eu tinha poucos cigarros e não quis levar. Também perguntou se tínhamos arma de fogo e eu respondi que não”, recorda. Antes de ir embora, o sujeito perguntou se havia outros pontos de comércio por perto. “Também estranhei quando ele disse que deveríamos ter uma arma aqui.”

A abordagem levantou suspeitas. Segundo a comerciante, vários policiais chegam em seu estabelecimento com frequência em busca de informações, mas neste caso nenhum deles era conhecido. Ela ligou para a delegacia assim que os homens deixaram o local e teve certeza de que se tratava de um golpe. A mulher e outro empresário da localidade registraram ocorrência. Dias depois, ela descobriu que pelo menos cinco comerciantes próximos ao local também foram abordados pelos golpistas.

Comerciante perdeu R$ 700,00 em cigarros
No estabelecimento de Nelsa Marisa Vargas, os criminosos acrescentaram um item à lista de busca. Eles queriam saber se lá havia máquina caça-níquel. Ao receber a negativa, o homem disse que recolheria os cigarros, mas logo desistiu da ação. “Quando eu disse que ia procurar a nota fiscal, ele falou que não precisava e saiu.” Neusa lembra das características físicas do falso policial. “Ele era careca, tinha olhos verdes, pele clara e estatura média. Acho que pesava pouco mais de 70 quilos.”

Sem obter êxito nas duas primeiras abordagens, os “policiais” foram em busca da terceira vítima. A reportagem do Ibiá tentou contato com ela, mas não foi localizada em seu comércio. Nelsa e a outra empresária relatam que o comerciante teve várias carteiras de cigarros recolhidas — um prejuízo de cerca de R$ 700,00.

Delegado dá dicas para identificar o golpe
O caso de furto qualificado está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Polícia Civil. Segundo o delegado titular da DP, Paulo Ricardo Costa, a ação dos falsos policiais também foi registrada em outras cidades da região. Os locais não serão divulgados para não atrapalhar a investigação. Além disso, um dos suspeitos já foi identificado pela polícia.

A linha de investigação seguida pela PC indica que grupos criminosos estão tentando dominar a venda de cigarros com procedência ilegal. Os bandidos também procuram por armas de fogo, pois elas servem como moeda de troca no mundo do crime organizado.

O delegado destaca que a Polícia Civil não costuma realizar fiscalizações dessa natureza a estabelecimentos do comércio. Em casos de denúncias, o cidadão é conduzido para prestar esclarecimentos na Delegacia de Polícia. Quando houver desconfiança sobre a abordagem, deve-se pedir o documento de identificação do policial. Este, por vezes, pode estar a paisana. Além disso, na dúvida basta entrar em contato com a delegacia mais próxima pelo telefone 197 e informar o ocorrido.

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