Exercício de cidadania no Sinodal

Querendo fazer diferente e com boas ideias para uma rotina escolar mais contemporânea, a nova gestão do Grêmio Estudantil do Colégio Sinodal Progresso iniciou os trabalhos na última semana. O grupo, formado por seis alunos do segundo ano do Ensino Médio e do nono ano do Ensino Fundamental, tem grandes desafios pela frente.

Desativada desde 2016, a agremiação retornou por iniciativa da direção da instituição e a partir da vontade dos próprios alunos. Uma eleição foi convocada neste ano e a Chapa da Reforma venceu o pleito com 159 votos dos 222 eleitores do pleito. Com a conquista, os estudantes seguem até o final de março de 2019.

Presidente da organização, Ana Luiza Nunes Ramos, 17 anos, lembra que plantou a semente com a amiga e colega Luisa Ritter, 16 anos, logo que o edital foi lançado. Em seguida, outros amigos foram integrando a chapa, que precisou de representantes de outras duas turmas, mas no final contou apenas com Laura Barreto, 14 anos, que cursa o nono ano.

Luisa e o companheiro de chapa, Bernardo Cardona, 16 anos, já estiveram em outras gestões do Grêmio Estudanti. Fernando Keizo Seki de Lima, 16 anos, e Gabriel Daubermann, 17 anos, são novatos no assunto, mas também compõem a diretoria da agremiação e demonstram vontade em fazer mais pelos colegas. Todos os jovens afirmam que a proposta principal é mudar a rotina regrada. “Queremos dar mais voz aos alunos e deixar tudo mais leve, pois hoje a escola ainda impõe um padrão mais fechado”, afirma Ana Luiza.

Professor e monitor do Grêmio Estudantil, Deivis Lopes diz que a turma tem autonomia nas decisões, As propostas e a condução dos trabalhos também ficam por conta dos adolescentes. As reuniões ocorrem por WhatsApp e presencialmente nos momentos livres.

Agora é a hora de cumprir “promessas” de campanha
O primeiro compromisso assumido durante a campanha para conquistar votos foi introduzir jogos de futebol durante o intervalo. Para isso, os estudantes já estão organizando um projeto que será apresentado à direção. “Precisamos de atividades para arejar a cabeça e dinamizar os estudos”, acreditam. Para eles, o aprendizado fica melhor e mais interessante a partir do momento em que houver programações alternativas.

A nova gestão já discute a proposta de futebol durante o intervalo

Aliás, já estão em andamento as tratativas dos jogos de futebol no intervalo. Na reunião que ocorreu semana passada, um esboço de como pode funcionar o sistema das atividades foi desenhado em um quadro e discutido entre a executiva do Grêmio Estudantil. Após as conclusões da organização, a direção deve receber a demanda.

Outro ponto de destaque é o incentivo às campanhas de caridade do colégio, de modo que alcancem mais visibilidade. “Vamos propor o Dia da Família aqui dentro da escola, pois é interessante o envolvimento entre familiares e alunos. Jogos e outras atrações podem ser feitas, assim não fica somente Dia das Mães ou dos Pais”, propõem.

A antiga gestão havia deixado um valor em dinheiro no caixa e uma proposta em aberto. Cabe aos novos gestores providenciarem a confecção de uniformes aos times do colégio para as competições externas. A Chapa da Reforma vai solicitar orçamentos e dar andamento à pendência.

O primeiro evento organizado
O novo Grêmio Estudantil organizou seu primeiro evento na última sexta-feira, 10, dentro da instituição de ensino. Um recreio estendido com músicas e lanches especiais foi promovido para comemorar o Dia do Estudante. A alegria estava estampada no rosto de cada aluno que participou.

Todos puderam comprar pipoca e algodão doce, além de curtirem músicas de vários ritmos. O valor simbólico cobrado pelos lanches deve reforçar o caixa da agremiação. Conforme Luisa Ritter, membro do Grêmio Estudantil, a atração foi um diferencial nas comemorações do Dia do Estudante.

Criam-se as primeiras experiências políticas
A própria eleição para o Grêmio Estudantil promoveu, de certa forma, debates e elementos políticos entre os alunos. “As nossas ações e o que fazemos servem de inspiração para mudanças dentro e fora da escola”, acredita Ana Luiza. O professor que acompanha e instrui os estudantes, Deivis Lopes, destaca que as negociações e diálogos com a direção para tornar os projetos viáveis já se classificam como algo político.

Recreio com lanches especiais e músicas foi a primeira iniciativa

Outra percepção dos eleitos se refere ao estar na posição inversa. Antes viam o que precisava ser realizado e agora devem executar. “Ao sugerir as mudanças, nos deparamos com as dificuldades e impedimentos burocráticos, fazendo com que o projeto possa não sair do papel”, apontam. Os jovens dizem que a experiência é um preparo para serem boas lideranças na sociedade. “A gente viu que é possível começar aqui e mudar lá fora”, apontam.

Ao serem questionados sobre a atual situação do nosso país, os estudantes têm a mesa opinião: mal administrado. E a situação é essa porque o voto dos cidadãos colaborou, ao eleger os governantes. Este exemplo esteve refletido dentro na eleição da agremiação. “Nossos colegas não gravaram o nome da chapa, perguntavam a todo o momento como era e também não escutaram as nossas propostas. Votaram por afinidade”, afirmam. A promessa por futebol no recreio também contribuiu para a vitória.

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