Humanitarismo. Ex-integrante das Forças de Paz fala de tudo o que mudou
O soldado da Guarda Municipal de Montenegro Teddy Flores Feijó integrou as tropas em Missão de Paz da ONU enviadas ao Haiti, após o terremoto de 2010 que devastou o país. Em 2011, durante seis meses ele, conheceu de perto uma realidade bem diferente da qual estava acostumado. Contudo, por trás da situação de degradação e miséria do local, o Soldado da Paz conseguiu explorar o que havia de melhor em si e na população local. Hoje, ele relata que essa experiência modificou completamente a forma como vê as pessoas e encara os problemas do dia a dia.“Eu tinha 23 anos na época. Foi uma vivência que só quem esteve lá para saber . Eles não tinham nada, apenas a vida.Isso me motivou a querer apenas viver a vida. Hoje eu sei que coisas materiais não levam a nada”, destaca Teddy.
Um dos momentos mais marcantes, segundo ele, foi a chegada ao país. “O primeiro impacto que eu tive foi quando o avião estava pousando. Foi quando caiu a ficha de que eu estava chegando em um país desolado, que não tinha ajuda”, detalha o ex-soldado. Para Teddy, as Forças Armadas do Brasil tiveram uma atuação diferenciada e verdadeiramente humana frente aos problemas daquele país. “A gente imaginava que teria enfrentamento com a população ao chegar lá, mas não teve isso. A população nos acolheu, assim, como nós os acolhemos. Havia diferença em relação aos batalhões de outros países. Nós brincávamos e participávamos das ações com a comunidade, sendo que outros batalhões não faziam isso”, lembra.
O momento das rondas também é lembrado com forte emoção. “Meu primeiro patrulhamento na rua foi um impacto que me marcou demais. A cada patrulhamento, eu saía e levava um pouco de comida e água para dar para as crianças que ficavam em volta da viatura e suas mães. Lá, água é considerada ouro. Ver que o sorvete da criança era um pedaço de gelo me marcou muito” relata. Toda essa vivência transformou o soldado em uma pessoa desapegada aos bens materiais e aumentou sua generosidade para com o próximo. “Depois que voltei, passei a ver mais as pessoas como seres humanos e ajudar mais também. No que eu puder ajudar, ajudo”, garante Teddy.
Para ele, ter conseguido, de alguma forma, colaborar para melhor a vida daquelas pessoas é algo gratificante. Ele garante que a sensação do dever cumprido é a melhor recompensa que se pode esperar. “Não esperava alguma coisa em troca. Fui lá apenas para cumprir minha missão”, assegura. Porém, a dedicação no serviço prestado rendeu o reconhecimento que Teddy e outros tantos soldados brasileiros não esperavam.
No dia 24 deste mês, a Associação Brasileira de Integrantes do Batalhão Suez – RS concedeu medalha ao soldado da Paz ao Guarda Municipal de Montenegro. O ato ocorreu em Porto Alegre.Teddy também foi reconhecido, através de sua participação na Missão de Paz no Haiti, pelo Instituto Boina Azul do Rio Grande do Sul. A medalha de Grau Mérito Boina Azul foi recebida pelo servidor em respeito aos serviços prestados à sociedade. As condecorações prestadas têm por objetivo distinguir Integrantes e Ex-Integrantes das Forças de Paz da ONU. Para saber mais detalhes dessa história assista ao vídeo da entrevista.