Flagrante. Um rapaz de 20 anos foi detido pela Polícia Civil ontem com materiais furtados na Secretaria da Saúde
Uma investigação conjunta, feita pela Polícia Civil e a Guarda Municipal, resultou na prisão em flagrante ontem à tarde de um ex-estagiário da Prefeitura no bairro São Paulo. Luan Mateus Ost de Mattos, de 20 anos, natural de Montenegro, foi pego em sua casa, na rua Luiz Hadrich, sob a acusação de falsificação de documento público e estelionato.
O acusado teria furtado da Secretaria de Saúde três blocos originais de receituário de médicos e três carimbos e estaria vendendo na cidade atestados destes profissionais. Os materiais, assim como dois estetoscópios, foram encontrados em sua residência. Também foi apreendida uma lista com os códigos das doenças inscritas na Classificação Internacional das Doenças (CID) e um telefone celular de sua propriedade com a tela toda quebrada.
De acordo com o chefe de investigações da 1ª DP, Alisson Castilhos, os médicos, vítimas do golpista, foram Natanael Pereira, Marcos Müller e Gerson Antônio Reis da Silva. Dos três, apenas Natanael havia feito um registro de ocorrência, ainda no final do ano passado. Ele conta que a investigação começou a partir de uma comunicação feita pela Guarda Municipal, notificada a partir de um aviso de empresas desconfiadas pelo derramamento de atestados médicos do mesmo profissional.
A partir desta informação e da colaboração da Guarda, a Polícia Civil partiu atrás do responsável pelo sumiço do carimbo, já que, com os materiais levados da Secretaria da Saúde, os agentes perceberam que estavam lidando com um esquema de venda de atestados falsos. De posse dos carimbos, o golpista falsificava a assinatura dos médicos para comercializar os atestados.
O valor, segundo os policiais em conversa informal com Luan, variava de R$ 15,00 a R$ 25,00, dependendo do número de dias que o “paciente” precisasse ficar afastado da empresa. Somente um estabelecimento localizado dentro do Polo Petroquímico afirma ter recebido mais de dez atestados de um mesmo profissional de saúde.
“Isso gera uma falta de credibilidade no sistema de saúde e nos atestados fornecidos pela Prefeitura. Tinha muitos atestados semelhantes”, coloca Alisson. Ele ressalta que o jovem agora gastará em dinheiro muito mais do que amealhou com a venda de atestados falsos para se defender das acusações. “É só olhar o celular dele, todo quebrado. Vai gastar bem mais que quatro vezes com o advogado do que ganhou”, observa.
O policial diz não ter ideia de quantas justificativas médicas possa ter comercializado o acusado. Todas as pessoas que foram identificadas como beneficiárias do esquema fraudulento serão chamadas a prestar depoimento e as respectivas empresas serão informadas sobre as falsificações.
O rapaz foi apresentado na DPPA, onde o delegado de plantão, Marcos Pepe, fez a lavratura do flagrante. Posteriormente, após o fechamento desta edição, seria encaminhado ao sistema prisional, onde ficará à disposição das autoridades e do Judiciário.
Participação ativa da Guarda Municipal para a descoberta
A descoberta pela Polícia Civil do esquema de venda de atestados falsos teve participação importante da Guarda Municipal. O chefe de investigações da 1ª DP saúda a parceria, lembrando que a PC trabalha com troca de informações com diferentes órgãos e setores da sociedade, mas muitas vezes se perdia conteúdo da Guarda. “Eles receberam a informação que veio da Saúde. Foi feita uma reunião a partir do momento em que uma empresa desconfiou da frequência de atestados emitidos sempre do mesmo médico”, completa.