Condenação. Réu foi sentenciado em regime semiaberto. Ainda cabe recurso
O ex-comerciante José Roque Rodrigues, de 35 anos, foi condenado a oito anos de prisão em regime semiaberto, pelo homicídio qualificado da vítima Claudiomiro Kraus, morto em fevereiro de 2011. O crime ocorreu no bar do réu, na Esquina da Sorte, localidade de Alfama. O julgamento se deu nessa terça-feira, 22, no fórum de Montenegro. O advogado de defesa, Gustavo Oliveira, informa que a inda cabe recurso e que o corpo de sentença reconheceu que seu cliente agiu mediante surpresa e sob domínio da emoção, após provocações.
Maria Iara da Silva, esposa de Claudiomiro, também foi atingida por disparos feitos por José Roque. O tiro pegou de raspão em uma das pernas. Contudo, Maria não foi considerada vítima, pois a investigação apurou que José Roque não teve a intenção de acertá-la. No próprio depoimento dado à Polícia Civil, Maria disse que José Roque mandou que ela “pulasse dali”, o que levou a crer que ele não queria atirar nela. Já Claudiomiro não conseguiu escapar dos cinco disparos que atingiram a região torácica e acabou morrendo no local.
A morte foi em decorrência de um desentendimento entre o dono do bar e o cliente. Conforme relato de testemunhas, José Roque costumava assar salsichão aos sábados para receber os frequentadores. No dia do crime, mais de 30 pessoas estavam no local. O acusado relatou que uma confusão entre outros dois clientes o levou a pegar um revólver e colocá-lo na cintura, como forma de intimidar os dois brigões.
Essa atitude teria revoltado Claudiomiro, resultando em discussão entre os dois. “Ele ficou brabo porque eu não atirei nos clientes que estavam brigando. O pessoal parou de brigar e ele continuou tumultuando”, contou o réu. Já uma testemunha disse que a vítima achou um exagero José fazer uso de uma arma de fogo para apartar a briga, e por isso a discussão teria tido início.
Condenado acreditava que sua vida estava sob ameaça
Em sua tese, José Roque afirma que foi ameaçado de morte por Claudiomiro e que chegou a pedir para que ele fosse embora do bar, mas ele insistiu em permanecer. Algum tempo depois, um homem que também estava bebendo no bar disse para o comerciante que havia escutado uma conversa, por telefone, entre Claudiomiro e a mulher dele. Na ligação, ele teria pedido para a companheira levar uma arma até o bar.
O relato teria colocado José Roque em estado de alerta sobre as intenções da vítima. Já Maria conta que o marido realmente ligou para ela, mas para chamá-la para irem a um supermercado. Ao chegar no bar para buscar Claudiomiro, ela parou para tomar um gole de cerveja. Foi então que José Roque se dirigiu até onde Claudiomiro estava sentado e deferiu dois tiros. Após a vítima cair no chão foram dados outros três tiros, segundo a perícia.
José afirma que quando viu Maria com uma bolsa sendo direcionada ao marido, acreditou que havia uma arma dentro da mesma e que essa seria usada por Claudiomiro. Antes que o cliente tivesse oportunidade de, supostamente, agir, José Roque o vitimou.
Com o apoio do irmão, o atirador fugiu do local do crime e só se apresentou à Polícia dias depois. A defesa alegou legítima defesa, já que ele agiu por acreditar que sua vida estava sob ameaça. A Brigada Militar não localizou o revólver de Claudiomiro. Maria e outras testemunhas afirmam que a vítima não possuía nenhum tipo de arma e que não era dado a meter-se em confusões como a que resultou em sua morte. José Roque aguardou o julgamento em liberdade. O bar foi fechado cinco meses após sua inauguração.