Olegario Rodrigues Filho dirigia um ônibus atingido por outro veículo. Três pessoas morreram, sendo duas crianças
Olegario Rodrigues Filho, 48 anos, ainda tenta superar o trauma e as cenas chocantes presenciadas durante um grave acidente sofrido em Las Cuevas, província de Mendoza, na Argentina. O ex-comandante do Pelotão de Operações Especiais (POE) do 5º Batalhão de Polícia Militar (BPM), nos anos de 2010 e 2011, dirigia um ônibus na Ruta 7, na Cordilheira dos Andes, quando foi atingido, lateralmente, por outro coletivo que trafegava no sentido contrário. O motorista, de acordo Olegário, ao tentar ultrapassar um caminhão em local proibido, acabou se perdendo. Três pessoas morreram, sendo duas crianças, e muitas ficaram feridas. O condutor foi preso no local.
Depois de ter pendurado a farda, o morador de Bom Princípio passou a levar ônibus 0 quilômetro, cujas carrocerias são produzidas em uma empresa gaúcha, para países como Argentina e Chile. Ele presta serviço para uma transportadora parceira da companhia e seguia para Los Andes, no Chile.
A tragédia ocorreu na madrugada de quinta para sexta-feira da semana passada, mas Olegario chegou ao Brasil apenas na segunda-feira também de ônibus, mas dessa vez como passageiro. Na sexta-feira, ele prestou depoimento quase o dia todo e saiu do país vizinho no sábado.
Normalmente, o 1º tenente aposentado não costuma dirigir durante a madrugada. Mas precisou socorrer um colega com problemas mecânicos na região. Os planos foram interrompidos pela tragédia. “O motorista ultrapassou em local proibido, perdeu o controle e veio desgovernado na minha direção. Ainda consegui tirar para a direita, se não teríamos batido de frente”, lembra.
O outro ônibus tombou e caiu fora da pista. O coletivo transportava um time da escolinha de futebol do Colo-Colo e faria o trajeto do Chile até o Paraguai. Como não sofreu lesões, a primeira reação de Olegário foi a de prestar atendimento aos ocupantes do outro veículo. “Quando vi que havia uma criança morta, uma menina entre 10 e 12 anos, não consegui fazer mais nada. Uma coisa que não sai da minha cabeça é os gritos de socorro das crianças”, comenta.
Ainda chocado pela situação vivida, o militar diz não ter condições de seguir com a atividade. “Por enquanto, vou dar um tempo. Psicologicamente, estou muito abalado”, ressalta. Por outro lado, o policial agradece a Deus o fato de ter voltado bem para casa.