As escolas têm sido fortes aliadas na preservação do meio ambiente, desempenhando seu papel na formação de cidadãos mais conscientes. A educação ambiental é abordada de forma interdisciplinar nas instituições e o alcance vai além do ambiente escolar, pois os alunos são multiplicadores das ações aprendidas e acabam por influenciar na mudança de hábitos na família e na comunidade onde moram.
A reciclagem e o reaproveitamento de materiais é percebida em vários aspectos do ambiente escolar. Seja de forma mais explícita através das atividades ambientais desenvolvidas, como na decoração, com a transformação de pneus em canteiros de flores ou em brinquedos para os alunos.
Exemplos como esses são notados logo que se entra na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Beatriz Lemos. Localizada no bairro Estação, a instituição está inserida em uma comunidade onde a venda de material reciclável é a fonte de renda de boa parte dos moradores.
Muitos dos pais de alunos são catadores e isso foi levado em consideração na forma de desenvolver ações de educação ambiental. A diretora da instituição, Patrícia Teixeira Fernandes, observa que o plano global anual da escola foi elaborado em cima da sustentabilidade. Ela acrescenta que, tendo em vista que há alunos que auxiliam as famílias no recolhimento do lixo reciclável, houve um trabalho em que esses estudantes transmitiram a experiência aos colegas.
Durante essas atividades, todos aprenderam mais sobre separação correta do lixo, quais podem ser vendido e valores dos diferentes tipos de materiais. Tendo em vista que o valor do trabalho dos catadores nem sempre é reconhecido, Patrícia salienta que essa troca de experiências estimulou a autoestima dos alunos oriundos dessas famílias que têm sua fonte de renda na venda de recicláveis.
Desta forma, além da educação ambiental, a ação tem também um aspecto social. Ela acredita que a atividade contribui para reduzir o preconceito, além de observar mudanças no comportamento dos alunos em relação ao lixo. “Se percebe menos lixo no chão”, exemplifica. Ao mesmo tempo, a atividade estimulou aos estudantes que não vendiam material reciclável a levá-lo para a escola. Patrícia acrescenta que esse lixo foi repassado a famílias de catadores, cadastradas na escola, que foram selecionadas por sorteios.
Durante o ano, a escola ingressou no projeto Educando para o Futuro, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da Educação e Cultura, em parceria com a Montepel Assessoria Ambiental e a Hexion. Com isso, a instituição recebeu uma estação para separação do lixo, que consiste em bags para cada tipo de material.
Saiba mais
Dentro da área de Educação Ambiental, alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Beatriz Lemos se destacaram com a realização do trabalho “Forma correta de Separação do Lixo”. A diretora da instituição, Patrícia Teixeira Fernandes, observa que o trabalho incluiu pesquisa aprofundando ainda mais os conhecimentos das crianças sobre o destino correto de materiais recicláveis. O trabalho participou da Feira Municipal de Iniciação Científica (Fmic) e foi selecionado para a Mostratec, em Novo Hamburgo, onde conquistou o 4º lugar.
Parceria entre poder público e iniciativa privada
Com objetivo de desenvolver a consciência ambiental nas escolas, o projeto Educando para o Futuro é desenvolvido em conjunto pelas secretarias municipais de Meio Ambiente e da Educação e Cultura, Montepel Assessoria Ambiental e Hexion. A ação inclui a arrecadação de materiais recicláveis para venda às empresas parceiras, proporcionando recursos para as instituições de ensino.
“Dessa forma, provocando a inserção dos estudantes e, por consequência, de suas famílias e comunidade de entorno e seu comprometimento na preservação ambiental e na separação dos resíduos”, observa a chefe de serviços de Educação Ambiental da SMMA, Jani Machado Marques. “O que acaba por, de forma natural, retirar das ruas, margens de rios e cursos d’água, bem como da coleta de lixo urbana, quilos preciosos de materiais que serão reintroduzidos na forma de reciclados e proporcionando economia na destinação ao aterro”, acrescenta.
Satisfeita com o andamento do projeto, ela observa a importância de ações que estimulem o respeito ao meio ambiente. O projeto envolveu as escolas municipais Ana Beatriz; Emma Ramos; Cinco de Maio; Etelvino de Araújo Cruz; Henrique Pedro Zimmerman; José Pedro Steigleder; Adolfo Schuler; Esperança; Walter Belian e Pedro João Muller.
Um balanço parcial da arrecadação, divulgado pela SMMA, demonstra que foram arrecadados o montante de 15.993,60 quilos de materiais recicláveis, para os quais as escolas receberam R$ 4.931,75. Esses números foram apurados até 30 de outubro e, portanto, finalizando o ano o montante deve ser superior. “É da vontade de todos que o projeto se expanda e siga se fortificando junto às comunidades escolares”, afirma Jani. Ela acrescenta que será avaliado quanto seu sucesso e relevância e, provavelmente, será prorrogado e ampliado no decorrer do próximo ano.
Trabalho reflete na comunidade escolar
“É importante colocar o lixo no lugar certo para não sujar o meio ambiente”, resume o estudante Bernardo Tanujo Moraes, 8 anos. “O destino correto é importante para o lixo não ficar nas ruas, entupindo bueiro e alagando a cidade quando chove”, afirma estudante Carolina Martins da Silva, 9 anos.
Ambos são alunos do 2º e 3º ano da Escola Municipal Walter Belian, respectivamente. Suas declarações resumem o que muitos adultos não sabem sobre a necessidade de dar um destino adequado ao lixo para preservar os recursos naturais. Através dessa escola, ao longo do ano, foram recolhidas quase 10 toneladas de lixo, tarefa de uma gincana que envolveu todos as turmas e mesclou diversão com educação ambiental.
A diretora da escola, Deise Kochenborger, salienta a importância da educação ambiental, lembrando que os alunos são multiplicadores, pois acabam influenciando na rotina das famílias. “Elas vão para casa e cobram dos pais a separação do lixo”, acrescenta. A gincana integrou as ações da escola que participa do projeto ambiental Educando para o Futuro, e o material foi vendido com renda revertida à instituição.
A professora Simone Dörr salienta a empolgação dos alunos com a atividade durante o ano e a participação das famílias. Ela afirma que há muitos pais que mesmo durante as férias guardam o material reciclável para levar à escola nos primeiros dias do ano letivo. A professora Marcíria Fernandes também destaca a participação da comunidade escolar e os ensinamentos que a ação proporciona.