Rodovia federal. Desde que o DNIT assumiu a manutenção da estrada, houve poucas melhorias e buracos aumentam
Se na área urbana de Montenegro o asfalto não resistiu a mais de 25 dias de chuva, na zona rural a situação não é diferente. Moradores de Fortaleza reclamam das condições em que se encontra a via de acesso à localidade. A estrada hoje é considerada federal e seria uma extensão da BR-470. O trecho que passa pela localidade faz conexão entre a ERS-124 e a BR-386. No caminho, residências familiares, fazendas, pomares de citros, mato e roças de milho. E uma enorme dificuldade de transitar acima de 40 quilometros por hora sem sentir os solavancos ao longo do trajeto.
Embora tenha adquirido recentemente o status de rodovia federal, a estrada está longe de ter tudo o que se espera de uma BR: asfalto, acostamento, sinalização. Na prática, ela ainda é uma vicinal, com diversos trechos de chão batido. De pavimentação, apenas as sobras de asfalto, chamadas de fresa.
Quem passa por ali encontra grande dificuldade para driblar os buracos que se multiplicaram, principalmente após as últimas chuvas. Nas laterais da estrada de acesso a Fortaleza, os galhos são outro problema para quem quer desviar das crateras.
Já no trevo da ERS-124, o motorista se depara com buracos e trechos com barro — indícios das últimas precipitações e da água que não tem para onde escoar. Ali, a secagem da estrada depende apenas do vento e do tempo firme. Nas imediações, há quem considere os serviços do DNIT, atual responsável pela manutenção, melhores que os do Daer, na época em que estava sob a responsabilidade do governo do Estado. Mas essa opinião não é unanimidade.
Para transitar de moto, o risco é bem maior
O sofrimento também é grande para quem circula de motocicleta pela região. É o caso de Jeferson Rodrigo Soares Reinheimer, que mora em Fortaleza há sete anos e faz uso da estrada diariamente para se deslocar até o local de trabalho, que fica na localidade de Barro Vermelho, a 17 quilometros de onde mora. “Agora tem muito barro. Em dia de chuva, escorrega muito. Vivo trocando o pneu e a suspensão da moto. Não dá para passar de 20, 30 quilômetros por hora.”
O motociclista reclama da patrola que há poucos dias passou na rua. “Só passou a lâmina e abriu umas valetas no mesmo sentido da pista. Ficou irregular a estrada para quem anda de moto”, afirma.
Na última segunda-feira, a sete quilômetros do trevo com a ERS-124, uma patrola do DNIT trabalhava na localidade. Segundo o operador da motoniveladora, o serviço é realizado nessa estrada há cerca de 30 dias. Em uma breve conversa, Valdomiro Chaves contou ainda que o próximo passo deve ser nova aplicação do asfalto fresado. “Chove muito nessa época. Hoje também não seria um dia ideal, mas estamos trabalhando para reduzir os buracos”, explica o operador do equipamento.
De acordo com a assessoria de comunicação do DNIT, a BR-470 possui, para Montenegro, um contrato de manutenção continuada, que prevê acionamento das equipes conforme as demandas que surgem na rodovia. “Para o trecho em terra, entre Montenegro e Triunfo, executamos periodicamente o serviço de reconformação da plataforma, que consiste no patrolamento da estrada. Ainda, como temos a disponibilidade de material fresado, proveniente de manutenções em outras rodovias, estamos fazendo a regularização do revestimento primário, que nada mais é que espalhar uma camada deste material após o patrolamento da estrada”, informa. Não há, pelo DNIT, previsão de asfaltamento do trecho.
Rotina de solavancos incomoda usuários
A enfermeira Cristina Oliveira convive há 35 anos com as limitações da estrada. Com casa às margens da via de acesso a Fortaleza, ela diz que o fluxo de veículos é intenso, principalmente de caminhões. “Tem buraco no inverno e poeira no verão. É assim: colocam essa capinha de asfalto, que vai embora após as chuvas, e voltam os buracos”, relata a moradora.
Cristina conta que o asfalto fresado foi colocado no trecho que faz conexão com a ERS-124 há cerca de dois meses pelo DNIT. O que melhorou, para ela, foi a poda das árvores que crescem na beira da estrada. “O que tem de melhor em relação à conservação que era feita pelo Daer é que pelo menos fazem as podas dos galhos”, considera a enfermeira.
Para o motorista aposentado João Carlos Rodrigues Pereira, a estrada está “50 por cento”. Também morador de Fortaleza, ele considera que a manutenção piorou com a federalização.
“Tem lugar que está feio e outros mais ajeitados. Quando era estadual, a conservação era melhor. Se essa estrada fosse asfaltada, não gastaria tanto com oficina”, considera Pereira, que semanalmente faz uso da via para buscar suprimentos ou realizar serviços na zona urbana.
Nos primeiros quilômetros da estrada, constata-se as crateras pequenas e médias, que complicam a vida dos condutores. Percebe-se também que houve a poda das árvores nas margens, mas o serviço de recolhimento dos galhos não foi feito, o que torna mais difícil a vida dos que buscam desviar dos buracos, pois há o risco de ter o carro arranhado.
Também é preciso tomar cuidado com uma valeta que se formou em um ponto ainda nos quilômetros iniciais, que mais se assemelha a um quebra-molas invertido pela maneira como corta a estrada.
“Está difícil a buraqueira. A manutenção podia ser melhor. Esses galhos aí na beira da estrada arranham tudo. Podem melhorar na conservação”, reclama o morador Renato Pereira da Silva.