Situação da seca no Município fez a Prefeitura decretar situação de emergência
A estiagem tem feito agricultores de Montenegro acumularem prejuízos. As perdas são sentidas principalmente nas culturas de milho, melancia e citros, e no setor leiteiro. Conforme um levantamento da Emater, o prejuízo nas plantações de milho pode chegar a até 70% no Município na safra 2021/2022. Já no citros, a perda é estimada em 30%, podendo aumentar o prejuízo caso não volte a chover regularmente na região nos meses de fevereiro e março. Além disso, também há perdas nos setores da piscicultura, criação de aves, suínos e bovinocultura leiteira.
Carlos Ernesto Koch, 49, agricultor da localidade de Muda Boi, interior de Montenegro, já calcula o prejuízo, principalmente na cultura de milho. A ideia era que os 15 hectares plantados rendessem grãos e também silagem para o rebanho de gado, mas a má qualidade da lavoura forçou o agricultor a mudar de planos. “O milho estava desenvolvendo bem, porque aqui na nossa região estava chovendo. A minha plantação aqui deu tamanho, porém, no momento que ele tinha que formar o grão faltou a chuva, isso foi em dezembro já. Então tive que fazer só silagem, só que mesmo assim deu uma silagem de baixa qualidade, ela deu a metade do volume que deveria dar, e sem grãos”, diz Koch.
Já o agricultor Denir Junior dos Santos, 28, teve perdas na produção de melancia. Ao todo foram cinco hectares da fruta plantados em sua propriedade na localidade de Muda Boi. A lavoura mais afetada foi a plantada no mês de novembro, cerca de um hectare, da qual não conseguiu aproveitar nada para a venda. “A melancia do cedo até produziu, mas as lavouras do tarde, que foram plantadas lá por outubro e novembro, essa não produziu, porque pegou o forte da seca. Não deu pra aproveitar nada”, conta o agricultor.
Mesmo com os prejuízos, ainda há espaço para a esperança. O agricultor Loivo Alberto Seibel, 38, segue acreditando na possibilidade do aumento na quantidade de chuva para os próximos meses. No mesmo lugar onde ele registrou perdas na produção de melancia, abóbora e moranga, o agricultor agora semeou milho na esperança da chuva. Na última semana Loivo preparou novamente a terra e plantou cerca de um hectare de milho para fazer silagem para os animais. “Nessa mesma área eu tinha plantado abóbora e moranga, veio mais ou menos, porque o sol judiou e ela queimou verde. Também tinha melancia, mas a falta de chuva acabou afetando. Agora nessa plantação de milho tudo depende se chover, mas a esperança é que volte a chuva”, relata o agricultor.
Seca leva Montenegro a decretar situação de emergência
Montenegro decretou situação de Emergência em razão da estiagem. O documento que declara a situação foi assinado na tarde da última sexta-feira, dia 21, pelo prefeito Gustavo Zanatta. Agora é necessário aguardar a homologação junto ao Governo do Estado, o que deve ocorrer em até 10 dias, segundo estimativas da Defesa Civil.
Com o decreto, se necessário, ficam dispensados de licitação os contratos de aquisição de bens necessários às atividades de resposta ao desastre, de prestação de serviços e de obras relacionadas com a reabilitação dos cenários das áreas atingidas, desde que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 dias consecutivos e ininterruptos, contados a partir da caracterização do desastre.
Também estão previstas reduções no pagamento de Imposto sobre a Propriedade Rural (ITR) para pessoas físicas ou jurídicas atingidas por desastres, situadas em áreas afetadas.
O decreto é válido por 180 dias. De acordo com o coordenador da Defesa Civil do Município, Carlos Ferrão, já há um plano de contingência elaborado para minimizar os efeitos da falta de chuvas. “Estamos preparados e aguardamos a homologação do Governo do Estado para conseguirmos recursos do RS e União”, avalia Ferrão.
Algumas medidas já vêm sendo tomadas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (SMDR) para auxiliar os produtores. Conforme o secretário da pasta, Ernesto Kasper, a principal delas é a disponibilização de máquinas para abertura de açudes em propriedades rurais. Também está sendo fornecida água, através de caminhão pipa, para produtores que necessitam de abastecimento.