Secretário da Comdecon alerta sobre novos golpes
Os golpes estão entre os crimes que mais aumentaram desde a pandemia. E por isso a população deve ficar em alerta. Grande parte dos registros feitos na Delegacia de Polícia é de casos de estelionato e fraudes, muitos deles aplicados de forma online. E a Polícia estima que muitos casos não são registrados, dificultando as investigações. Por isso a previsão é de que o número de crimes é muito maior.
O secretário executivo da Comissão Municipal de Defesa do Consumidor (Comdecon) de Montenegro alerta para a população ficar atenta. “Todo dia aparece golpe novo”, afirma Fábio Junior Barbosa. “Eu mesmo cheguei a receber 37 ligações num mesmo dia. Tudo de golpe”, completa.
Na última semana, Fábio passou um alerta sobre um golpe que estaria ocorrendo no Estado e que também tentaram aplicar em Montenegro. “Algumas pessoas estão se passando como do Procon Estadual e mandando e-mail e WhatsApp para fornecedores, com links. É outro golpe. São mensagens falsas e não devem ser acessadas”, ressalta. “O Procon e a Comdecon não enviam esse tipo de material”, esclarece.
Fábio também alerta para os casos de pessoas que recebem mensagens de que teriam dinheiro para receber, mas que para isso devem repassar dados e até valores. “Dizem que são do INSS ou do governo e pedem informações pessoais”, diz, recomendando que não se forneça nenhuma informação. Cita que com os dados, criminosos podem ter acesso a contas bancárias, efetuar saques e fazer empréstimos. “É importante acompanhar a movimentação bancária e ver os extratos para verificar se não tem nada de anormal e indevido. Tem que ficar sempre atento”, orienta.
Envelope vazio e falsas compras
Uma pessoa informou ter verificado um depósito de 680 reais em sua conta bancária e teriam ligado dizendo que o valor tinha sido depositado por engano, solicitando que fosse feito o estorno. Foi quando fez o procedimento correto, entrando em contato com o banco que avisou que se tratava de golpe. Segundo foi informada, estariam realizando depósitos nos caixas eletrônicos com envelopes vazios e entravam em contato pedindo para estornar alegando depósito em conta errada.
Outro registro, feita na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), é de um morador do bairro Industrial, que estranhou ter recebido uma notificação de que uma compra sua não teria sido aprovada. Cita que não fez nenhuma compra e ao verificar constatou que sua conta tinha sido clonada e que estavam usando seus dados pessoais, inclusive para abrir contas bancárias.
Em outro caso semelhante, um morador do bairro Santa Rita relata que recebeu mensagem por SMS de que teria efetuado uma compra no valor de R$ 2.300,00, mas que se não tivesse feito a compra, era para entrar em contato com um telefone. Ligou e foi induzido a cancelar a compra baixando um aplicativo. Aí percebeu que o aplicativo bloqueou todos os seus acessos. E que conseguiram ter acesso às suas contas bancárias, sacando 20 mil reais e fazendo pix de R$ 4.600, além de empréstimo de R$ 3.750.
Compras pelas redes sociais
Outro alerta é quanto às compras efetuadas através de negociações pelas redes sociais. Negócios que foram facilitados através de pagamentos que podem ser feitos via Pix. Em vários casos registrados na Delegacia, os consumidores reclamam que pagaram e não receberam os bens. O alerta é que, assim como o pix facilitou a vida das pessoas, tanto para pagar como para receber, também se tornou mais fácil para os criminosos aplicarem os golpes.
Nesta semana um morador de Montenegro registrou na Polícia que negociou, via whatsApp, um reboque de veículo. Informou que pagou 2 mil reais em Pix e o restante seria parcelado em cartões de crédito. Mas diz que não recebeu o reboque e o vendedor não atende as suas ligações.
Até mesmo compras de veículos foram efetuadas de forma online e depois o comprador registrou que não recebeu o carro. Foi o caso do pagamento de R$ 78 mil por um Nissan Frontier, que não foi recebido.
O alerta é para os consumidores tomarem cuidado. Entretanto, em caso de se tornarem vítimas devem fazer o registro policial. Nos casos de estelionato e fraudes, são enquadrados no artigo 171 do Código Penal, que é de obter para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer meio fraudulento.
A Comdecon está trabalhando em parceria com a Polícia Civil para apurar os casos. Assim já foi realizada uma operação, que resultou em apreensões e prisões de acusados de mais de 50 golpes contra idosos e pessoas vulneráveis de Montenegro, em que eram prometidos financiamentos e refinanciamentos, com as vítimas não recebendo e tendo que arcar com as prestações. “Tem que desconfiar de propostas miraculosas e de dinheiro fácil”, alerta o delegado André Roese.