Estelionato. Criminoso fingiu intermediar o negócio entre o proprietário do veículo, de Montenegro, e o interessado na compra, de Esteio
Dois homens foram vítimas de um golpe enquanto negociavam a venda de um carro pela Internet. Um deles, morador de Montenegro, anunciou no site OLX o VW Golf, e o outro, de Esteio, no mesmo endereço eletrônico, a intenção de adquirir um modelo igual. Era o começo da trama criminosa. O estelionatário, identificando-se apenas como Osvaldo, ligou para o interessado se passando por cunhado do proprietário e para o dono, por um patrão do possível comprador no Golf.
Ele disse aos dois estar intermediando o negócio. Após a trama bem construída, o cliente realizou o depósito de R$ 19.000,00 em conta bancária e pagou R$ 1.000,00 em dinheiro para o dono do carro. O restante do valor total, R$ 41.000,00 seria acertado após a transferência da propriedade do veículo. O interessado também usaria o carro dele, um Corsa Wagon no negócio. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) e será investigado pela 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Montenegro.
Osvaldo ligou para o proprietário e disse que compraria o carro para quitar a dívida da rescisão trabalhista de um funcionário. Para isso, solicitou fotos do Golf e o documento do carro. De posse do material, ele enviou mensagem ao comprador pelo WhatsApp. Também anexou as fotos e o documento. O contato foi feito pelo número (47) 98810-9130, de Santa Catarina.
O estelionatário, inclusive, marcou para o comprador ver pessoalmente o carro em um posto em Montenegro. “Eu fui lá, encontrei o cara dono do Golf e perguntei ‘tu que é o dono do carro?’, ele falou que sim daí, falei que o Osvaldo me indicou. Daí ele falou, ‘ah isso mesmo’”, lembra uma das vítimas.
Depois de manifestar o interesse de ficar com o veículo, foi feito o acerto com o estelionatário. “Fomos ao despachante fazer o comprovante de compra e venda. Quando ele me deu o DUT falei pra minha namorada depositar 19 mil na conta da suposta mulher do Osvaldo”, conta. O falsário informou para ele os dados de uma conta do Banco do Brasil com o nome da sua suposta esposa, com o argumento de que o proprietário estaria devendo a quantia para o cunhado.
“Voltamos para o posto para esperar o dinheiro cair na conta e ele assinar o DUT. Passou 30 minutos e nada do dinheiro entrar, só que o dono do Golf achou que o Osvaldo tinha passado a conta dele pra mim. Liguei para o Osvaldo para saber sobre a demora e ele não atendeu. Então disse para dono do Golf ‘teu cunhado não está atendendo’. Daí ele falou ‘como assim meu cunhado? Nem conheço esse cara. Ele falou que tu era ex-funcionário dele. Eu falei ‘claro que não nem conheço, conheci como teu cunhado’. Nisso, então, vimos que se tratava de um golpe”, comenta uma das vítimas.
O homem ainda pediu para a namorada tentar impedir a transação. “Mas 40 minutos após a transferência já não tinha nem um real na conta”, lamenta. Os R$ 19.000,00 foram emprestados pelo pai dele para serem pagos parcelados. “Vou pagar igual, mas sem o veículo que eu queria”, diz, tentando se conformar. “A lábia do cara é muito boa. Na verdade, ele enrolou eu e o dono do carro”, finaliza. O montenegrino devolveu para ele os R$ 1.000,00 dados de entrada em dinheiro.
O titular da 1º DP, Paulo Ricardo Costa, ressalta que por meio do nome da titular da conta, é possível chegar ao autor do crime. Também destaca o fato de a “laranja” responder como co-autora do delito. “Essa conduta é indispensável para a concretização do crime. Ninguém compartilha uma conta para casos como esse gratuitamente”, frisa. Por outro lado, o delegado ressalta ser raro a vítima conseguir restituir o dinheiro subtraído. Nos seus anos de Polícia, viu isso ocorrer em apenas um caso.