Escolas estaduais reduzem turmas nos três níveis

Em função da queda na procura, algumas unidades encerraram turmas e remanejaram estudantes e professores

Uma das medidas adotadas pelo governo estadual para “otimizar o ensino nas escolas da rede estadual foi a redução de turmas nos três níveis de ensino (Infantil, Fundamental e Médio). O objetivo, segundo o Estado, é que exista mais qualidade no ensino, além de maior socialização entre os estudantes.

No ano passado, uma portaria do Piratini estabeleceu que as turmas terão, no mínimo, 16 alunos para cada sala de aula. Das 17 escolas da rede, em Montenegro, 15 tiveram a redistribuição de estudantes, de acordo com a 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que não soube informar, porém, quais escolas passaram por essa redistribuição. Em contato com a direção das estaduais da cidade, apenas três afirmaram que tiveram o fechamento de turmas em função do baixo número de alunos.

Segundo o órgão, havia muitas turmas com poucos alunos. A redistribuição levou em conta a capacidade de alunos por turma.

Com esta reestruturação, melhora da qualidade de ensino, segundo a coordenadora Helenise Juchen

“Com esta reestruturação das turmas, a melhora da qualidade de ensino se faz presente na ‘socialização’ entre os estudantes, na troca de experiências e conhecimentos dos envolvidos. Quanto mais opiniões diversificadas, maior será oportunidade de crescimento da aprendizagem”, defende a titular da Coordenadoria, Helenise Ávila Juchem.

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Delfina Dias Ferraz, houve redução de duas turmas: uma de 6º ano, no turno da manhã, e uma turma T4, à noite. A de 6º ano passou a ser única e, dos pouco mais de 20 alunos que tinha antes, a sala de aula passou a comportar 38.

O diretor da escola, João Antônio Moreira, diz que o educandário tem conseguido contornar a situação, apesar do número grande de alunos em apenas uma sala de aula. “Tínhamos uma turma com o máximo de 25 alunos e a outra com a quantidade de estudantes que tivessem nesse ano de ensino. Mas aí o Estado achou que poderiam ser colocados todos em uma turma”, diz ele. E foi o que aconteceu. “Não tem outro jeito, o professor tem que dar conta”, lamenta ele.

Com o fechamento das turmas, os professores foram remanejados para outras escolas, tiveram carga horária reduzida e um foi desligado da instituição. Hoje são 457 alunos atendidos nos dois turnos.

Na Escola Estadual AJ Renner, também houve redução de turmas no Ensino Médio. Das nove, que eram mantidas no turno da manhã (três em cada ano de ensino), restaram seis. Agora, as classes possuem uma média de 30 alunos. No turno da tarde, segundo a vice-diretora Claudia Escobar Hendges, as turmas foram fechadas pelo número reduzido de alunos, de 15 a 20 em cada. “Em função disso, os professores também reduziram a carga horária”, explica. Os alunos passaram para os turnos da manhã e noite, e alguns acabaram optando por outra escola.

Colégio do interior já tem turmas multisseriadas
Na escola Estadual de Ensino Fundamental Osvaldo Brochier, a adoção de turmas multisseriadas já é uma realidade há alguns anos. Nas salas de 1º ao 5º, são duas turmas. Uma formada por crianças do 1º ao 3º ano e outra do 4º e 5º ano, com 12 e 13 alunos, respectivamente.
Na instituição de ensino, são atendidas pouco mais de 100 crianças, em turmas de 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Para a diretora do educandário, Débora Cristiane Batista, o método já foi adotado há algum tempo e têm se mostrado positivo. “Acredito que a alfabetização não tem sido prejudicada. Claro que, se fossem turmas separadas, o rendimento seria bem melhor”, defende a diretora.

Governo diz que objetivo não é fechar escolas
Enquanto as escolas têm passado por essa reorganização, a preocupação é o fechamento dos educandários com poucos alunos. Mas, a Coordenadoria Regional de Educação diz que essa redistribuição não é o início para o fechamento das escolas. “Não consideramos a otimização das turmas com um passo para fechamento de escolas”, defende a titular da 2ª CRE Helenise Juchen.

O que pode acontecer, segundo a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), é a fusão de escolas municipais e estaduais localizadas em uma mesma região. A afirmação é do secretário estadual de Educação, Ronald Krummenauer, durante a coletiva de imprensa sobre o repasse de R$ 38,2 milhões para reformas em escolas.

“O que está sendo estudado com prefeituras é, eventualmente, escolas estaduais e municipais que estejam ocupando o mesmo bairro, principalmente em cidades de maior população, se há possibilidade de ficar somente a estadual ou a municipal”, disse.
Ainda de acordo com a Coordenadoria de Educação, os professores das turmas que passaram por redistribuição foram remanejados para outras necessidades, substituindo dispensas de contrato que ocorreram no início do ano letivo, bem como, exonerações e aposentadorias.

Neste ano, as escolas estaduais começaram o período letivo com pelo menos 2 mil turmas a menos que no ano anterior. De acordo com o governo Estadual, essa redução, que representa 5,3%, se deu em função da queda no número de alunos nos últimos dez anos. Dessa forma, se diminuiria a necessidade de professores e aumentaria a socialização.

ESCOLA Doutor Jorge Guilherme Moojen pede a abertura de mais uma turma de 3º ano

Educandário no Zootecnia faz o caminho inverso
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Doutor Jorge Guilherme Moojen, o caminho é inverso. A instituição de ensino pede abertura de mais uma turma de 3º ano, mas não tem conseguido a autorização da CRE.

“Na verdade, desde fevereiro, estamos apontando a necessidade da abertura de mais uma turma, porque este ano, recebemos alunos vindos de outras cidades que possuem laudos. Então são estudantes que precisam de atendimento especial. A lei determina que seja um aluno com laudo por turma, mas, na nossa escola temos mais de um e ainda os que não tem”, explica a diretora da Escola Simone Nunes.

Hoje são duas turmas de 3º ano, uma com três alunos com necessidades especiais e outra com dois. A justificativa da Escola, para a abertura de mais uma turma, é de que qualidade de ensino acaba sendo prejudicada, já que neste etapa se concretiza a alfabetização.

“É impossível dar aula para eles (alunos especiais) e mais 20 alunos que não têm laudo, mas onde cada um possui uma especificidade diferente. Estamos terminando o trimestre e ainda não tivemos a autorização para a abertura de mais um 3º ano”, argumenta a diretora.
Simone diz que, mesmo com o limite de 16 alunos estabelecido pelo Estado, a abertura de uma nova turma daria conta de atender a esse requisito e ainda poderia abrir vagas para os estudantes que moram próximo à escola, mas que precisam se deslocar para outro bairro distante para ter aula.

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