INICIAÇÃO CIENTÍFICA é estimulada em sistema contínuo e baseado no cotidiano
Quando a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Maria Josepha Alves de Oliveira levou três projetos à renomada Mostratec, muitos ficaram se perguntando: “qual o segredo para tamanha excelência científica”. Se é verdade que a instituição fica fora do eixo central, na comunidade de expansão urbana Porto dos Pereira, também é verdade que essa localização lhe concede caráter de união, que se reflete na forma como os alunos reconhece-a como “sua escola”.
O Jornal Ibiá foi levar à Josepha Alves este questionamento, e foi recebido justamente no Sábado Literário do último dia 4, abrindo a Semana Literária. Uma ótima primeira impressão, percebendo conhecimento por toda a volta, com poesias sendo declamadas para deleite das famílias e conscientização a respeito do Câncer de Mama e de Próstata.
A diretora e a vice, respectivamente Fabiane Klein Cappra e Juliana de Castro Viana Dapper, fizeram a primeira revelação, de que a Iniciação Científica acompanha os alunos da Educação Infantil ao 9º Ano, em processo contínuo e progressivo. A cada nova série a expertise avança, entregando ao Ensino Médio jovens capazes de eleger um problema, pesquisar, desenvolver aspectos e apontar solução ou conclusão a respeito.
Em 2023 o responsável pela Iniciação Científica na Maria Josepha é o professor de História Lucimar Alberti, que explicou as três responsabilidades dos mentores: conceitos; assessoria na construção e revisão crítica. O conceito é de um projeto circular, com os alunos entregando esboço para revisão, recebendo de volta para ajustes apontados e devolvendo para nova análise do professor.
A curiosidade move a Ciência
O sistema circular é presente em todos os anos, mas com aplicações levemente distintas. Nas Séries Finais – do 6º ao 9º Ano – é pedida maior autonomia dos alunos; enquanto nas Iniciais – Pré ao 5º Ano –o conhecimento dos professores é mais presente. “É um processo de construção desenvolvido ao longo do ano”, refere Alberti. A semelhança está na escolha do objeto de pesquisa, surgido da curiosidade ou dúvidas do dia a dia dos jovens.
Definido o tema, o orientador mostra possibilidades e impossibilidades, e aponta a metodologia adequada para o desenvolvimento que os pesquisadores almejam. Não há censura, mas algumas barreiras, especialmente no que tange assuntos sensíveis e pessoais. “A recomendação é para que olhem para a sua comunidade, vejam os problemas e pensem em soluções”, explica o professor.
Outra forte característica é o envolvimento de todas as Disciplinas, como Matemática para resolver cálculos ou gráficos, e Língua Portuguesa na elaboração dos textos. Tão fundamental quanto é a contribuição das famílias, mas sem tirar o protagonismo dos filhos. Um belo exemplo é o projeto sobre a importância da Agricultura Familiar na Faxinal, que teve os lares dos estudantes como base de pesquisa.
Conquistas em 2023
1) MIIC (Mostra Integração Iniciação Científica) de Maratá – projeto Agricultura Familiar – credenciamento para a FICP;
2) Motic (São Leopoldo) – projeto Agricultura Familiar – 3° lugar
3) Moscling – projeto Uso Excessivo de Celulares – 3°lugar Ciências Humanas
4) IFRS – projeto Eca, tatu bicho, tatu meleca! – 1º Lugar categoria Ed.Infantil
5) FIMUCT (Rio de Janeiro/virtual) – projeto Energia Eólica – Menção Honrosa
*participações ainda: Mostratec em Novo Hamburgo; Mostra DIC e FICP (virtuais)
Legado será levado à vida profissional
Uma das pesquisadoras sobre a presença das famílias no Setor Primário é Letícia Maekawa, 14 anos – 8ªA – que comentou a respeito da originalidade alcançada com a metodologia que focou na vivência das pessoas que fazem a escola. Seus colegas Matheus Henrique de Souza e Eduardo Furtado Kuhn, ambos 15, falaram sobre o “bullying”; sendo que este surgiu nos corredores da Maria Josepha.
Um tema delicado que pediu aplicação de questionário virtual e sem identificação. “Acabou que a gente teve mais respostas, e algumas bem chocantes”, revelou Mateus. Os jovens levam o aprendizado sobre o quão delicado é abordar temas desta natureza, ainda que seja para ajudar.
As professoras Letícia Vianna, da Educação Infantil, e Graciele Leal, do 5º Ano, foram guias para tirar os projetos do papel. Elas explicam que as pesquisas podem ser sobre assuntos estabelecidos no planejamento pedagógico ou surgidos a partir destes. “Têm uma pergunta? Vai colocando ali”, observa Letícia.
Foi o caso do “Encontro dos Oceanos”, quando durante estudo do ciclo da água no planeta surgiu a curiosidade se Pacífico e Atlântico se misturavam ou não. O mesmo aconteceu com o famoso “Eca, tatu bicho, tatu meleca!”, instigado por um bate-papo no pátio, antes de entrarem na sala. As professoras revelam orgulho dos alunos, observando que agora eles querem realizar pesquisa de absolutamente tudo que surge em sua volta. Inclusive, confessam que também aprendem muito.
Iniciação Científica em 2023
Na Escola Maria Josepha Alves de Oliveira foram desenvolvidos 31 projetos de pesquisa. Nos Anos Iniciais é trabalhado um projeto coletivo por turma; enquanto nos Anos Finais são vários, com as turmas divididas em grupos, e é feita uma pré-seleção, para participarem da feira interna.