Entre os jovens, álcool chega antes da fase adulta

Montenegrinos, que começaram a beber antes de atingir a maioridade, garantem que basta ter o controle

Quem vai a uma festa e não bebe um pouquinho? Quem nunca passou do ponto e acordou com a cabeça doendo no outro dia? Não é fácil encontrar alguém que nunca tenha ingerido bebida alcoólica. Assim como é difícil achar quem bebe e não tenha começado antes dos 18. Sendo cultural ou não, o ato não deixa de ser um crime, sujeito a punições.

A ingestão precoce de álcool é uma das principais causas de morte de jovens de 15 a 24 anos de idade em todas as regiões do mundo. O dado está no Guia Prático de Orientação sobre o impacto das bebidas alcoólicas para a saúde da criança e do adolescente, lançado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Às vésperas do Carnaval, período em que há forte estímulo para a ingestão de bebidas alcoólicas, o principal objetivo do documento é alertar os pais e os próprios adolescentes para os prejuízos do consumo precoce.

Segundo estudos científicos citados no guia, quase 40% dos adolescentes brasileiros experimentaram álcool pela primeira vez entre 12 e 13 anos, em casa. A maioria deles bebe entre familiares e amigos, estimulados por conhecidos que já bebem ou usam drogas. Entre adolescentes de 12 a 18 anos que estudam nas redes pública e privada de ensino, 60,5% declararam já ter consumido álcool.

Diogo prefere os destilados, como a vodca

É só não “passar dos limites”, afirmam jovens consumidores
Um dos exemplos de quem toma uma bebida com teor alcoólico é o montenegrino Diogo Pinheiro, que afirma manter o controle no copo. “Comecei a tomar ano passado em uma festa de formatura de uns amigos. Eu tenho 18 anos e comecei a beber com 17, então, a única diferença é que eu fico meio tonto, porque sempre aproveitei as festas sem bebida alcoólica”, recorda. Mesmo bebendo, Diogo admite que o costume de “passar dos limites”, principalmente entre os homens, pode gerar transtornos. “O problema do álcool é que cada pessoa reage de uma forma diferente. É difícil saber se a pessoa vai ter problemas futuros com isso. Tudo depende de como ela vai lidar com o álcool e seus efeitos. Mas acredito que se a pessoa não souber controlar seus limites e não conhecer a si mesmo, o álcool pode ser um problema e tanto no futuro”, observa. Assim como muitos jovens nesta faixa etária, Diogo prefere os destilados. “O que eu mais tomo é Vodca e Skol Beats”, confessa.

Gabriel bebe desde os 15, mas acha que o álcool não o prejudicará Foto: arquivo pessoal

Gabriel Fernandes, de 19 anos, também bebe e há um bom tempo. “Comecei com uns 15 anos, mas era bem pouco. Acho que a diferença é clara: pra quem é mais introvertido, ajuda a socializar e coisas do tipo”, comenta. Ele acredita que a bebida não trará nenhum prejuízo no futuro, se houver controle de quem bebe. “Acho que não serei prejudicado, até porque eu não bebo com frequência. Mas pra quem bebe todos os dias é um fator bem preocupante”, resume. Gabriel prefere os destilados. “Gosto de algo mais forte. Whisky, mais precisamente”, opina.

Gustavo alerta que é preciso ter controle sobre si mesmo ao beber Foto: arquivo pessoal

O jovem Gustavo Kindel também bebe para se sentir mais confiante nos eventos, mas garante que não é preciso fazer uso do álcool para curtir. “Bebo desde os 15 anos. Quando eu era mais novo, costumava ser muito introvertido. Nesse caso, nas festas, um dos principais motivos pelos quais eu bebia era pra conseguir socializar mais com as pessoas ao meu redor. Hoje, parte disso ainda é verdade, mas se me perguntassem se é necessário beber pra aproveitar uma festa, a resposta seria não. Agora eu bebo porque eu gosto mesmo”, declara.

Para finalizar, ele faz um alerta que serve para todos os consumidores de álcool. “Tudo em excesso vai atrapalhar em um aspecto ou outro da tua vida, seja a curto ou longo prazo. Vai de ti determinar teus limites e respeitá-los pra que isso não aconteça. Eu respeito os meus”, completa.

Crime
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, regulamentado pela Lei 13.106/ 2015, vender ou oferecer bebida alcoólica para menores de 18 anos é crime que pode resultar em detenção de dois a quatro anos para o vendedor, aplicação de multa de até R$ 10 mil ou interdição do local de venda. Qualquer adulto, inclusive familiares ou amigos, que oferecem bebidas alcoólicas a crianças ou adolescentes, está sujeito às sanções.

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