Cultura. Semana Farroupilha não é apenas festejo, mas um momento de reconhecimento das origens gaúchas
Muito mais do que um momento de celebração, a Semana Farroupilha deve ser vista como um reencontro dos gaúchos com suas origens. E as mudanças forçadas na programação deste ano em Montenegro, propiciaram uma aproximação entre comunidade e as entidades tradicionalistas, verdadeiras detentoras da missão de perpetuar a cultura gaúcha.
A realização de oficinas, abertas à comunidade, mas, principalmente voltadas às escolas, garantiu um clima de integração. Na tarde de segunda-feira, foram realizadas atividades no Departamento de Tradições Gaúchas (DTG) Acácia Negra. Alunos de escolas conheceram o galpão, ouviram lendas e assistiram danças típicas.
A Chula foi aquela que mais pregou os olhos dos estudantes do 2º ano da Escola Municipal Ana Beatriz Lemos, do bairro Estação. Mas euforia mesmo foi na oficina campeira, onde puderam trotear no lombilho de um pingo. Para a pequena Manuela Sophia da Rosa, de 8 anos, cavalgar não foi uma novidade. Ela não lembra bem, mas sabe que já montou uma vez, na chácara de uma amiga da mãe. “Parece que a gente vai cair, e o cavalo fica dando rabada na gente”, descreveu.
A oficina campeira foi ministrada pelo capataz Ivan Rosa. Esse foi o quinto dia de atividades do Acácia Negra, mas o segundo de oficinas abertas.
O departamento ainda realizou visitas às escolas. Ontem as invernadas estiveram nos educandários São José, Yara Gaya, Walter Beliam e Sinodal. Hoje outras serao visitadas.
“Sábado tivemos nossa tertúlia interna e no domingo participamos da tertúlia no CTG Estância do Montenegro”, lembrou o patrão Eduardo Francez.
Ele vê de forma positiva a programação descentralizada, como acontecia até 2001. Depois, tudo foi levado para o Parque e há quatro anos as oficinas praticamente terminaram. “Agora isso foi resgatado, voltando para dentro das entidades”, declarou.
Prendinhas mostraram conhecimento
Entre as atividades, os alunos ouviram três lendas do Rio Grande. A 1ª Prenda Mirim, Vitória Moura, 10 anos, mostrou como são feitas as bonecas de pano Abaiomi. Elas surgiram nos porões dos navios negreiros, onde as mães arrancavam trapos das próprias roupas para confeccionar os brinquedos, para acalmar os filhos aprisionados.
Já a 2ª Prenda, Daniela Machado Koch, 9 anos, falou da origem da Pipoca. Segundo resgate histórico, essa semente de milho já era muito apreciada por povos indígenas, em todo o continente América.
Em outra mesa, a 3ª Prenda Mirim, Maria Eduarda Campos Lauermann, 10 anos, falou sobre a lenda do Chimarrão. Tudo começou quando a tribo Guarani do guerreiro Nhandubaí saiu para novas terras. O idoso não aguentou a jornada e acampou no caminho, criando um pouso para tropeiros. Um ancião que se hospedou deu-lhe a muda de Caá. Ao beber a infusão, o Guarani viu suas forças voltarem e pode ir encontrar sua tribo.
Programe-se
HOJE
14 horas – oficinas culturais no CTG Estância do Montenegro
22 horas – cantor mirim Thomas Machado – ganhador do The Voice Kids – no CTG Os Lanceiros
AMANHÃ
10 horas – Desfile Farroupilha acontece na rua Ramiro Barcelos, no Centro
Meio-dia – Almoços campeiros nos CTG’s, DTG’s e no Piquete XV de Novembro no Parque Centenário
14 horas – Fandango de Encerramento no CTG Os Lanceiros