“Para qualquer hipótese haverá perdas”, diz o presidente da ACI Montenegro/Pareci Novo, Karl Kindel
Diferentes entidades se manifestaram sobre as estratégias de contenção da pandemia do novo coronavírus (a Covid-19) adotadas pelas autoridades. O isolamento social e o fechamento total dos serviços não essenciais foram alguns dos pontos tratados pelos órgãos, que divergem sobre a necessidade de continuidade das medidas.
As manifestações ocorreram após as recentes declarações do Presidente Jair Bolsonaro, que definiu o coronavírus como uma “gripezinha” e afirmou que as autoridades estaduais e municipais devem “abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa”. De acordo com a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), as medidas que estão sendo adotadas podem acarretar problemas nos próprios atendimentos de saúde. “A abrupta parada nas atividades econômicas de tantas cadeias produtivas impede a chegada de peças e insumos para o abastecimento das atividades essenciais, o oxigênio precisa chegar aos hospitais, os transportadores precisam se alimentar.”, destaca a nota.
A Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), juntamente com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) e a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), divulgaram nesta quinta-feira, 26, o manifesto Pela Reativação da Economia Gaúcha. No documento, as três entidades manifestam sua preocupação com “a ameaça de desabastecimento que poderá ocorrer caso se prolonguem, além de um limite razoável, as proibições de atividades empresariais”, e propõem um retorno gradativo às atividades a partir de 1º de abril. Cabe ressaltar que os serviços essenciais não foram afetados pelos decretos.
A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montenegro/Pareci Novo (ACI), que integra a Federasul, destacou como simplista a orientação “basta ficar em casa” e “salvar vidas é mais importante do que a economia” sem considerar o impacto humanitário e social de uma recessão econômica que, segundo a entidade, afetará principalmente os grupos sociais e economicamente vulneráveis. “O fato é que, para qualquer decisão que for tomada, haverá pontos positivos e negativos. Para qualquer hipótese haverá perdas. Mas, neste momento é preciso encontrar alternativas alinhando as recomendações dos organismos de saúde e a retomada gradativa da atividade produtiva já a partir do final deste mês de março. Do contrário, poderemos estar produzindo um mal maior”, disse o presidente da ACI Montenegro/Pareci Novo, Karl Kindel.
Já a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), que representa os 497 municípios, mantém as orientações adotadas desde o início da crise e se posiciona de forma contrária às declarações do chefe do Executivo. “Não devemos politizar o problema como o faz o Presidente da República, mas temos uma posição contrária àquela por ele exposta. A solução é científica, e exige o isolamento social, conforme as orientações dos mais importantes órgãos de saúde do mundo, inclusive a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, salienta a nota. No mesmo sentido, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) também mostrou contrário ao pronunciamento. “Reforçamos que o Cremers continua ao lado dos médicos, da população e da ciência, para que a sociedade civil unida possa superar mais essa dificuldade”, disse a entidade.