Ensino de Robótica inspira criatividade e comunicação

CONHECIMENTO AMPLIADO. Projetos aguçam curiosidade e potencializam conhecimentos

A robótica, além de ensinar técnicas de montagem e programação de máquinas, trabalha importantes áreas do conhecimento entre os estudantes da área. Métodos de pesquisa, elaboração e desenvolvimento de projetos, problemas e soluções, estão entre os desafios que integram o campo de conhecimento sobre robótica.

Logo que chegou à Escola Sesi de Ensino Médio Heitor José Müller, José Luís da Rosa Flores, de 16 anos, se encantou com a mesa de robótica usada nas missões da categoria FLL (First Lego League). Não demorou para o estudante integrar o grupo. E quando isso aconteceu, José descobriu que a imersão iria muito além do que ele havia imaginado.

“Quando a gente chega na FLL pensa que só vai aprender a montar o robô, programar e pronto. Mas não é assim, tem toda uma construção”, diz o jovem. Gerenciar situações e imprevistos faz parte do aprendizado. “O robô pode travar, pode ter alguma complicação na hora do round, temos que estar preparados para qualquer situação”, explica o garoto.

Integrantes da equipe de FRC e as meninas da Comunicação

Estar preparado para tomar decisões em grupo e administrar o tempo de execução das tarefas é outra característica aplicada aos membros da Equipe MonT. Apesar de exigir competências e atenção dos alunos, o projeto pedagógico da Escola Sesi propõe que o aprendizado ocorra de forma descontraída, sem pressão. “A FLL avalia o que nós aprendemos, não só a qualidade do que foi aprendido. Eles focam no quanto conseguimos evoluir fazendo esse trabalho”, acrescenta a aluna Maria Eduarda Campos, 16, colega de José Luís. “Um dos objetivos da FLL é promover o aprendizado junto à diversão. A gente tenta deixar o clima bem humorado”, acrescenta José.

Micaela Meireles Barreto, de 17 anos, integrante do grupo de FRC (First Robotics Competition), diz que são muitos os desafios, principalmente na categoria de seu grupo, que teve início em dezembro do ano passado. Mesmo cursando Elétrica, no Sesi, empregar seus conhecimentos na construção do projeto exigiu esforço. “Tive que pesquisar muito sobre os componentes, os vídeos são em Inglês, não tem manual em Português. A gente vai pesquisando e conversando com outras equipes”, conta.

Ensinar a ter paciência é algo que não está no currículo regular das escolas, mas, neste caso, há exceção. “Só através dos testes sabemos se vai dar certo. Se der errado, a gente tenta de novo. O que fica de aprendizado é testar, se não der certo a gente não desiste, persiste e também se diverte”, diz Micaela.

As versões de Micaela e Everest

O robô Micaela é o xodó da MonT FLL

As equipes da MonT tratam seus robôs com carinho especial, tanto que chegam a “brigar” pela paternidade, e deram nome às máquinas. A turma de FLL foi a primeira a batizar o robô. Maria Eduarda explica que, para cada modo de uso do protótipo, há uma variação no nome.

Quando o robô está sem suas garras é chamado de Micaela – mesmo nome da representante do grupo de FRC – . Quando acoplada a garra A passa a ser chamada de Micaela Amanda. Se acrescida a garra C o nome muda para Micaela Cristina. “A gente tinha garras A, B e C, mas pensamos em fazer algo mais criativo. Foi aí que surgiu a ideia de dar nome ao equipamento. Tinha também a Micaela Beatriz, mas ela foi aposentada por não apresentar os resultados esperados”, brinca Maria Eduarda.

Com tamanho e objetivos diferentes do robô Micaela, a máquina da categoria FRC é chamada de Everest. Conforme a estudante Micaela Meireles, a escolha se baseou no Monte de mesmo nome para fazer alusão a Equipe MonT e, também, homenagear a cidade dos estudantes, Montenegro.

Everest foi inspirado no Monte para homenagear o grupo e Montenegro

Missões dos robôs
Depois de projetados e desenvolvidos, o que exige muito estudo e testes, os robôs são colocados para trabalhar. Cada um deles cumpre missões diferentes, programados respectivamente pelas equipes de FLL e FRC.

A Equipe MonT FLL se prepara para o Torneio de Robótica First Lego League Challenge, a FLL, e também na categoria FIRST Robotics Competition, a FRC. O evento acontece no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília (DF), no mês de março e pode levar à classificatória para a competição internacional, que ocorre na cidade de Huston, nos Estados Unidos. Até a data do evento em Brasília, o foco das equipes é “treinar” suas máquinas e simular situações hipotéticas. “A nossa equipe tenta construir o máximo de missões possíveis no menor período de tempo. Na FLL temos pouco mais de dois minutos para concluir as missões. É tudo muito imprevisível as programações podem estar perfeitas mas, na hora, pode dar algo errado”, explica Maria Eduarda.

Neste ano a situação-problema colocada para a FLL é a geração de energia limpa. Pensando nisso, José Luís e os colegas passaram a desenvolver o projeto com foco no uso de Hidrogênio Verde para produzir energia. “Na FLL a gente aprende a montar o robô, mas também aprendemos a parte científica, a elaboração e desenvolvimento de projeto, questões sérias mas que são tratadas de forma suave e divertida”, avalia José.

O robô Everest, da FRC 2023, executa suas tarefas em uma arena de testes no saguão da Escola

A equipe tem um planejamento prévio, que poderá ser usado caso as coisas saiam de controle na hora das provas, a chamada “Árvore de decisões”. Ela funciona como uma espécie de mapa que guia as tomadas de decisões em grupo. “Ela nos orienta sobre o que fazer caso a missão não dê certo, se devemos tentar novamente ou ir para outra. Usamos ela para nos mantermos organizados e para não perdermos muito tempo”, diz José Luís.

A equipe de FRC também aposta em estratégias para conseguir destaque em meio aos demais grupos na competição. Com o robô Everest, o qual poderá pesar até 56 quilos, os controladores pretendem executar as missões propostas e garantir uma ótima pontuação.

Everest é testado para executar missões como a do cubo e do cone. Nelas, o protótipo desloca os objetos pela arena até as estações. Na competição, o equilíbrio da máquina também conta pontos. “Essa competição é nova no Brasil, ela ocorre mais nos Estados Unidos. Ela é mais industrial, comparada com o Lego, é mais real na parte de engenharia e com isso a gente acaba aprendendo muita coisa”, opina Micaela Meireles.

Ação solidária
As estudantes Rafaela Tochetto, Lavínia Gehrke e Arieli do Nascimento, – de 17 anos, estão responsáveis por difundir as ações da Equipe Mont. Além disso, as jovens estão focadas na realização de uma ação entre amigos.

Arieli do Nascimento, Lavínia Gehrke e Rafaela Tochetto cuidam da Comunicação na Equipe MonT

O grupo está arrecadando brindes para serem sorteados. Alguns itens e serviços já foram doados por empresas locais. Para concorrer aos prêmios, basta fazer a doação de um alimento. A cada 500 gramas de mantimento não perecível doado, será entregue uma ficha para participar do sorteio.

Os alimentos podem ser entregues na própria Escola do Sesi, na rua Campos Neto, 455, no bairro Senai, nos turnos da manhã e tarde. No sábado, dia 4, as alunas estarão recebendo doações na Praça Rui Barbosa, no Centro, das 8h até as 17h.

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