De acordo com o Banco Central, o dinheiro emprestado nos primeiros cinco meses deste ano chegou a R$ 30,2 bilhões
A facilidade e pouca burocracia se tornou um grande atrativo para a contratação de empréstimos consignados entre os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de do Seguro Social (INSS). Segundo o Banco Central, o total de recurso emprestado chegou a R$ 30,2 bilhões nos primeiros cinco meses deste ano no país.
Em comparação ao mesmo período de 2017, o crescimento representa um aumento de 16%, quando houve uma movimentação de R$ 26,06 bilhões em empréstimos consignados cedidos à categoria no país. Para o presidente da Associação e Aposentados e Pensionistas de Montenegro (Apopesmont), Bruno Negruni, são vários os fatores que influenciaram esse crescimento.
“O Brasil está passando por uma crise, então muitas vezes é preciso recorrer ao recurso por conta de um imprevisto, e como não há grande burocracia na contratação do serviço, os números acabam refletindo o cenário”, disse o presidente. “O que nós fazemos é orientar nossos associados sobre os riscos e impactos das parcelas no orçamento mensal, além disso, outra preocupação é em relação aos juros e taxas do mercado”.
O superintendente regional da Caixa Econômica Federal-Vale dos Sinos, Rodrigo Magrin, explica que a grande vantagem do crédito consignado é o fácil acesso, com taxas mais atrativas e prazos maiores do que as linhas tradicionais e, ainda, por ser uma modalidade com desconto em folha de pagamento. “Esse recurso é interessante quando o aposentado estiver utilizando alguma linha de crédito com juros mais altos como, por exemplo, cheque especial ou rotativo do cartão de crédito ou ainda quando o cliente precisar do empréstimo para alguma eventualidade ou investimento pessoal”, completa o superintendente.
De acordo com o presidente da Apopesmont, é essa facilidade que acaba causando o endividamento dos aposentados e o que mais preocupa a entidade. “Um meio de evitar a contratação do serviço é se questionar para qual finalidade ele será utilizado, assim, é estabelecer prioridades”, orienta Negruni.
Para o aposentado Antônio Carlos de Brito, 65, contratar o empréstimo consignado se tornou uma prática comum. “Já perdi as contas de quantas vezes já solicitei o serviço, mas nunca me apertei financeiramente com o pagamento das parcelas”, revela Brito. “Grande parte do recurso que contratei foi para ter um capital, e quando não uso, peço o bloqueio”
De acordo com as regras do INSS e do Banco Central, o aposentado pode comprometer até 30% do valor do benefício com prestações do consignado comum e 5% com parcela mínima do cartão de crédito consignado.
Cautela ao ajudar endividados
Com mais facilidade para conseguir o empréstimo consignado, muitos aposentados acabam contratando o recurso para ajudar familiares e amigos endividados que não tem as mesmas vantagens. Para Bruno Negruni, o grande desafio é a hora de saber dizer a não. “Na maioria dos casos, o aposentado contrata o serviço para alguém próximo e fica com a dívida para pagar, por isso, destaco a importância de estabelecer limites e negar quando for necessário”, destaca o Negruni.
A aposentada Geni Scwalm, 75 anos, comenta que fez o empréstimo apenas uma vez, e deseja ficar só nesta experiência. “Foi bom quando fiz porque me ajudou muito na época, mas hoje tenho cuidado e pretendo não fazer mais”, disse a aposentada.
Como funciona o emprÉstimo consignado
– Existe um limite para taxa de juros que pode ser cobrada, sendo 2,08% ao mês para empréstimo e 3% para cartão;
– A prestação do consignado é descontada automaticamente do benefício do aposentado ou pensionista do INSS;
– Quanto mais idade tiver o aposentado, menor será o prazo;
– O governo não estipula o limite de prestações e nem de idade para o beneficiário pagar o dinheiro.
– A parcela mensal para pagamento não pode passar de 35% do benefício, sendo 30% para o empréstimo consignado e 5% para o cartão de crédito consignado.
Dicas para antes de contratar o serviço
– Pesquise bem: antes de contratar o serviço, o aposentado deve ir ao banco e pesquisar outras intuições financeiras confiáveis. O objetivo é buscar as melhores taxas de juros oferecidas no mercado, além de evitar tarifas que podem aumentar o valor final da parcela;
– Não aceite crédito por telefone: algumas empresas ligam para oferecer o crédito por telefone, o que pode levar a golpes futuros. Não forneça dados pessoais para qualquer cotação de empréstimo;
– Saiba dizer não para os amigos e familiares: procure não realizar empréstimos consignados para ajudar parentes e amigos endividados. Se a pessoa que pediu ajuda não pagar, a responsabilidade é do aposentado;
-Não acumule contratos: ao pagar mais de um empréstimo, o segurado pode se perder nos valores que são descontados da aposentadoria. Procure quitar um contrato e, só depois, caso seja necessário, pegue outro.