Empreendedorismo movimenta economia na periferia de Montenegro

Proximidade com clientes impulsiona negócios locais

Edenilson Moraes dos Santos, 35, é proprietário da Barbearia do Iaiá, na Vila Esperança. Há 15 anos, a própria demanda da comunidade dá sustentação para o seu negócio. “Vem gente da Timbaúva, do Centro, mas a nossa maior demanda são moradores daqui. Quando eu corto o cabelo de um cliente, ele passa para o vizinho que foi eu que fiz o corte e assim vai trazendo mais clientes”, pontua.

O negócio de Edenilson começou após ganhar de presente do irmão duas máquinas de cortar cabelo. “Comecei e nunca mais parei”, completa. Assim como ele, outras milhares de pessoas são empreendedores dentro das comunidades de todo o Brasil, movimentando a economia local.

A última pesquisa Data Favela, realizada em 2022 em parceria com a Cufa e o Instituto Locomotiva, mostrou que 41% dos moradores de periferias já possuem um negócio próprio, enquanto 6 milhões ainda sonham em empreender. Outro dado apontado pelo estudo é que 7 em cada 10 pessoas desejam abrir seus empreendimentos dentro das comunidades e 40% relatam que a sua maior dificuldade para conquistar esse sonho é obter investimento financeiro. Atualmente, as comunidades brasileiras movimentam por ano cerca de R$ 180,9 bilhões em renda própria.

Neste cenário, a venda por proximidade é destaque nos empreendimentos localizados nas periferias. Margarete Pedroso, costureira, também possui o seu empreendimento dentro da Vila Esperança. Ela conta que trabalhava para uma empresa, mas há 15 anos decidiu apostar em um negócio próprio na área de costura. “Hoje eu já tenho todas as minhas máquinas. Não foi fácil conseguir, mas a gente não pode desistir”, comenta. Além de atender a demanda da comunidade, Margarete costura para outras empresas e pessoas da cidade.

Proximidade com os clientes é ponto positivo destacado pela costureira Margarete Pedroso. FOTO: Pixabay

Diversidade de segmentos impulsiona negócios
A diversidade de negócios localizados nas periferias de Montenegro reflete a importância dos pequenos empreendedores para a economia da cidade. Para o presidente da Associação Comunitária da Vila Esperança, Jó Luis Souza Jaeger, a força do empreendedorismo na periferia é reflexo da capacidade de se reinventar. “Quando falamos em empreendedorismo, ressalto essa diversidade em muitos segmentos, somos uma comunidade capaz de impulsionar o crescimento interno de empreendedores individuais. Isso acontece em todas as comunidades, são inúmeras áreas de geração de renda e progresso”, pontua.

Desde 2013, Maurício Severo de Vargas é proprietário de uma serigrafia, reflexo da diversidade de segmentos dento das comunidades. Antes da pandemia, ele possuía uma sala comercial no Centro, mas teve que fechar e passou a trabalhar em casa, na Vila Esperança. “Eu trabalho com cartão de visita, panfleto, banner e adesivos e o pessoal que trabalha aqui dentro também precisa disso, então eu já fiz para várias pessoas daqui”, comenta.

Maurício relata que, atualmente, a maior parte dos pedidos é realizada de forma digital e não há mais a necessidade de alugar um ponto físico, como antes. “Hoje eu trabalho em casa e o cliente vem buscar ou então eu vou entregar. O digital está crescendo muito”, pontua.

A proximidade da empresa com amigos e vizinhos também é apontada pelo empreendedor como benefício para o seu negócio. “Como o pessoal já conhece mais o meu trabalho, vai divulgando e trazendo mais cliente, isso é uma coisa que não aconteceria se eu tivesse o meu negócio fora da comunidade”, conclui.

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