Emater confirma grande prejuízo a todos os setores

Agricultura ainda perderá mais, inclusive pela queda nas vendas

A equipe técnica da Emater/ Ascar-RS entregou na terça-feira, 4, relatório de danos ao Setor Primário na catástrofe climática no Rio Grande do Sul. São números gerais que confirmam perdas significativas em todas as culturas, e que ainda deverão se alterar devido às consequências em longo prazo. São mais de 206.000 propriedades afetadas, com perdas na produção e na infraestrutura, inclusive com pequenas sem acesso à água potável. Segundo a Federasul, o prejuízo supera R$ 2 bilhões, concentrados especialmente nos grãos, com perdas na área de culturas de verão (2.714.151 toneladas de soja); produtos armazenados e plantios iniciais de inverno. Na pecuária (bovinos de leite e de corte, suínos, aves e peixes), será exigido longo período para recuperação, inclusive pelas pastagens de inverno fortemente comprometidas.

Focando no Vale do Caí e na Regional Lajeado da Emater, há grandes danos no setor da fruticultura. Um agravante ao setor foi o período das chuvas e cheias extremas coincidir com o momento da fase final da maturação de importantes variedades de citros. Em especial o relatório cita as variedades de bergamota Caí, Ponkan e Pareci, cuja janela de colheita estava em curso. Foram perdidas 62.053 toneladas, com 6.694,86 hectares atingidos nos 7.540,86 plantados nas cidades; afetando 3.825 produtores.

Bergamota Montenegrina está rachando no pé

Perdas ao longo da safra
Na cultura da laranja, a perda é de 40.986,50 toneladas, com uma área atingida de 5.276,21 hectares dos 9.195,46, trazendo prejuízo a 3.474 famílias no estado. Nos pomares de limão caíram 2.524,43 toneladas produzidos por 121 agricultores, sendo que a cultura teve mais de 90% da área plantada afetada.

Ainda conforme os técnicos, muitos pomares foram alagado não somente em razão do extravasamento do Rio Caí, mas também por conta dos vários dias de precipitações de alto volume, ainda sofrendo hoje com a alta umidade no solo. Aqueles que resistiram têm apresentado carga reduzida e frutos pequenos e com rachaduras na casca. São constatadas ainda doenças e incidência de ataques de mosca-das-frutas, pulgão nas brotações e de larva-minadora nas folhas.

No fim de maio o preço para indústria está em R$ 6,00/kg. O rastro de destruição nos pomares do estado atinge mais de 8.000 produtores com perdas substanciais. O relatório ressalta a ampla gama de dificuldades que enfrentarão os produtores e os consumidores, o que evidencia a necessidade de medidas de apoio aos fruticultores.

Umidade que ficou está derrubando
citros maduros e trazendo doença. Fotos: Arquivo Ibiá

Floricultura com grandes perdas
Em menor amplitude, ocorreram perdas na produção de flores devido ao impacto das enchentes. A área afetada totalizou 75,48 hectares; sendo que o relatório usa o exemplo de Pareci Novo. “Contudo, ao considerar a alta produção por unidade de área e o valor agregado ao produto, as perdas são muito expressivas para os produtores dedicados à atividade”, conclui. Um total de 17,42% foi perdido em 75,48 hectares dos 91,38 plantados, representando perdas para 149 viveiristas.

Impacto será sentido na mesa
Ao consumidor vale ressaltar perdas no ramo das hortaliças. As culturas de folhosas e leguminosas foram as mais impactadas. No total, 8.049 produtores sofreram perdas na produção, afetando consideravelmente a cadeia de suprimentos e a economia estadual. A intensidade das chuvas danificou a estrutura foliar tenra das olerícolas folhosas – alfaces, rúculas e radiches – e dos temperos – salsa e cebolinha. Houve prejuízos em relação à qualidade de aparência das verduras. A intensidade das precipitações também depreciou a produção de brássicas, como a couve-flor e repolho.

Escolas fechadas também afetam

Mesmo nos mercados privados, sejam pequenos comércios ou redes maiores, há problemas relacionados ao abastecimento, agravados pelas dificuldades de transporte. O prejuízo virá ainda das vendas aos mercados institucionais de alimentos, seja o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), executados por municípios; quanto ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), executado tanto pelos municípios quanto pelas escolas estaduais. Ambos compram da agricultura familiar local.
A situação é corroborada pela informação da Secretaria de Educação (Seduc) de que 495 escolas (21% da rede) permanecem fechadas, das quais 376 não têm previsão de retomada. Das 1.895 escolas abertas, 380 revelam dificuldade de comprar ao menos um item da lista de alimentos, em especial as proteínas animais, frutas e hortaliças.

Canteiros de hortaliças, como essa estufa de Pepino Japonês na Feliz, foram devastados. Foto: Escritório Emater Feliz

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