Com poucas máquinas, Prefeitura enfrenta dificuldade para atender a demanda
Tradicionalmente, com a chegada do Inverno os dias mais chuvosos tendem a ganhar força. Essa é uma preocupação para os agricultores do interior de Montenegro, que realizam nesta época do ano a colheita de citros.
Pensando nisso a reportagem do Jornal Ibiá percorreu alguns pontos do interior do município que costumam apresentar problemas de trafegabilidade. A situação encontrada em grande parte dos locais visitados não foi muito animadora. Campo do Meio, Lageadinho, Vapor Velho, Passo da Amora e Rua Nova foram locais percorridos pela reportagem durante a última semana.
Situação da Estrada que liga Campo do Meio a Lajeadinho preocupa
Em Campo do Meio a Estrada Getúlio Vargas, que faz ligação com o bairro Santo Antônio, está em boas condições de trafegabilidade. Conforme relados dos moradores a Prefeitura realizou manutenção no local há cerca de um mês.
O problema maior está na estrada que faz a ligação entre Campo do Meio e a localidade de Lajeadinho. Com diversos buracos, moradores relatam que a última manutenção na estrada foi realizada há vários meses atrás.
Mas o que mais preocupa os agricultores da região são as valas que fazem o escoamento da água na lateral das estradas, que estão em grande parte entupidas e cobertas pelo mato. A agricultora Marlene Gueller Kettermann conta que em períodos de grande volume de chuva a água não tem para onde correr e acaba tomando a estrada e formando enormes poças de água. “Esse trajeto até Lajeadinho está feio, porque quando chove a água escorre toda para dentro da estrada. Teria que abrir a valeta aqui e eles não abrem”, relata dona Marlene.
A agricultora conta que teve que arrumar por conta própria a estrada em frente a sua propriedade para que os caminhões que buscam as bergamotas tivessem acesso ao local. “No acesso da minha terra eu tive que colocar várias cargas de saibro, fiz por minha conta, por que não tinha como os caminhões que vêm buscar a bergamota encostarem aqui neste banhadão”, conta dona Marlene.
Uma pouco mais à frente, já na localidade de Lajeadinho, o agricultor João Manoel Caetano também tem queixas com relação a via. “A estrada está cada vez mais fechada e esse é o problema, está virada em um trilho e com muito buraco”, relata o agricultor. Sua preocupação também é com a chegada do Inverno, que geralmente costuma atrapalhar a trafegabilidade dos caminhões que vem buscar bergamotas em sua propriedade. “O forte de todos os agricultores aqui é a bergamota e agora na época de colheita fica ruim, a estrada fica tomada pelo barro”, afirma Caetano.
Estrada de Vapor Velho está em melhores condições
Na estrada geral de Vapor Velho, que faz ligação entre a Costa da Serra e Santos Reis, as condições de trafegabilidade estão melhores. Há alguns pontos que também precisam de manutenção, mas em grande parte o local apresenta boas condições de trafego.
Na estrada que faz a ligação entre as localidades de Vapor Velho e a Linha Catarina as condições também são boas. Na última semana a Prefeitura realizou a manutenção no local com a colocação de britas em lugares que costumam gerar atoleiro de barro.
Estrada do Passo da Amora recebeu manutenção, mas já apresenta problemas
Na estrada do Passo da Amora, que faz ligação com a localidade de Vendinha, a Prefeitura realizou no início deste mês uma manutenção, mas já há pontos que apresentam problemas. Além disso, os moradores reclamam da poeira.
Cristiano Aguiar, proprietário de uma metalúrgica localizada as margens da estrada, relata que a via é uma importante ligação entre Montenegro e a região da Vendinha e o município de Triunfo. “O pessoal acha que essa estrada é interior, mas é mais do que isso, é uma ligação entre duas cidades, e olha como está a estrada, é puro buraco”, relata o empresário.
Aguiar destaca também que há um constante movimento de caminhões na estrada por conta de empresas sediadas no local, como a pedreira Carollo e a Vibra. Ele lembra ainda que a via é rota das linhas de ônibus que fazem o itinerário Vendinha. “O movimento é constante e não tem placa, não tem sinalização. Tem também as outras ruas de acesso que têm bastante moradores e que também estão ruins, então é um lugar bem abandonado”, afirma o empresário.
Prefeitura quer estrada da Rua Nova como modelo a ser seguido
No início deste mês a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (SMDR) iniciou a recuperação da estrada que dá acesso à localidade de Rua Nova. O objetivo da pasta é que o local seja usado como modelo a ser seguido em todas as outras estradas do município.
“Uma equipe iniciou o serviço de limpeza e o alargamento da estrada, mas como temos só três maquinas e dois caminhões para fazer esse serviço conseguimos fazer em média 1 km por dia. Mas queremos fazer uma estrada modelo, que vai servir de base para fazer as outras. Elas bem largas, bem britadas e com as valas bem abertas”, destaca o diretor de Estradas da SMDR, Eliseu da Rocha.
Rocha explica que a manutenção da estrada está sendo realizada com a parceria da pedreira Vila Rica, que em está disponibilizando brita para colocação em toda a extensão da via. A parceria é uma compensação pela alteração do traçado da estrada, que fica localizada próxima a empresa. “Estamos buscando a parceria também com outras pedreiras aqui do município para o fornecimento de britas”, afirma Rocha.
Prefeitura diz que o principal problema é a falta de máquinas
Segundo o secretário Municipal de Desenvolvimento Rural, Ernesto Kasper, a pasta vem trabalhando nos pontos de maior problema, conforme a situação e a necessidade. No entanto, a secretaria vem enfrentando dificuldades, principalmente pela falta de máquinas para realizar a manutenção das estradas do interior.
“Hoje temos duas carregadeiras e quatro patrolas, mas somente uma patrola funcionando. Também temos cinco retro escavadeiras, sendo que só três estão funcionando. Também duas escavadeiras, mas só uma funcionando”, destaca o Diretor de Estradas da SMDR, Eliseu da Rocha.
Conforme Kasper, o principal entrave para o conserto das máquinas tem sido a burocracia. O secretário explica que para abrir o processo de conserto é necessário antes identificar o problema. Por conta disso, primeiro é preciso contratar uma empresa para fazer o diagnóstico das máquinas para somente depois abrir o processo para a contratação de outra empresa para fazer o conserto.
Como alternativa a SMDR tem estudado algumas opções, como a terceirização de parte dos serviços de manutenção das estradas. “Estive visitando uma experiência em Teutônia, onde eles fizeram a contratação de uma empresa para fazer as estradas. Eles nos mostraram a experiência deles e estamos buscando informações e conhecimento para de repente também implantar isso aqui”, afirma Kasper.
Outro desafio que vem sendo enfrentado pela pasta é o licenciamento de saibreiras no município. De acordo com o secretário, atualmente o único local que possui licença em Montenegro não tem disponibilidade para fornecer o material para a Prefeitura. “No momento o desafio tem sido conseguir licenciar uma saibreira. Porque não tem como trabalhar nas estradas sem o matéria, mas o trâmite burocrático é bastante demorado”, destaca o secretário.
A SMDR já tem mapeado quatro locais que podem ser licenciados e já está em tratativas para formalização de uma delas, que fica localizada em Vapor Velho. Kasper destaca que também tem buscado conversar com as pedreiras localizadas no município para o fornecimento de material para a Prefeitura.
“A gente ainda não conseguiu formatar um cronograma de recuperação das estradas, mas o trabalho de recuperação tem sido constante”, afirma o secretário. Nesta semana a SMDR passou a contar com mais uma patrola, que estava no conserto. Agora com duas máquinas funcionando a pasta pretende intensificar os serviços.
“Eu estava com presidente do Conder e vim hoje para a secretaria, o que a gente mais queria como conselho era responder como está o cronograma de fazer estradas. E agora eu estou do outro lado tentando responder isso. A vontade existe, mas não depende só de nós aqui da SMDR, depende também da parceria de outras secretarias e do trâmite burocrático”, destaca Kasper.