Eliza Fukuoka: “A palavra tem de ser cumprida”

CANDIDATA A vice na chapa de Márcio Menezes também defende investimentos mais pesados na prevenção em saúde

 

Quem é Eliza Fukuoka?
A Eliza é de Porto Alegre, filha de imigrantes japoneses. Aos sete anos, eu já ajudava nos afazeres de casa e na agricultura. Fui professora e fiz Enfermagem, mas antes de ser enfermeira, me formei em Sociologia e Ciências Sociais na UFRGS, bem na abertura política. Ninguém queria me dar emprego e então acabei vindo para a Enfermagem e gosto muito. Estou há 30 anos trabalhando como enfermeira, em saúde pública, na Secretaria Estadual de Saúde.

A senhora trabalhou em Montenegro nos anos 2.000.
Por seis anos. Iniciei na época do então prefeito Ivan Zimmer, em 2003, o secretário era o senhor Agenor Rigon. Trabalhei na implantação da Saúde da Família, dos agentes comunitários. Quando eu cheguei, havia dez agentes comunitários. Eu tive o prazer de estender para 60; com três equipes de Saúde da Família. Após seis anos, retornei em minha carga horária total para a Secretaria Estadual de Saúde e coordenei, como responsável técnica, a enfermagem no Hospital Sanatório Partenon. Fiz essa caminhada todo dia, durante mais de dez anos, a Porto Alegre. Mesmo havendo oportunidade, eu nunca deixei Montenegro porque eu gosto muito dessa cidade. Hoje, eu tenho um filho de onze anos, o André, que ama essa cidade.

E a militância no PSDB, como iniciou?
Eu sempre fui muito defensora da Saúde. Então ingressei no PSDB pensando em realizar campanha para uma pessoa que eu admiro muito, que é o José Serra. Ele é a pessoa que deu um boom na saúde pública, valorizou a prevenção. Vários outros tentaram, mas ele conseguiu colocar isso em prática. Foi naquela eleição. Eu conheci muito bem o trabalho dele; participei, como Estado e como cedida para o Ministério da Saúde na época da gestão do ministro. Em função disso, eu ingressei no partido para poder auxiliar e comprar essa ideia da social-democracia, de atender a todos, independentemente de rico ou pobre, mas que nada falte para quem menos tem. Essa é a minha bandeira. Quem menos tem precisa ser cuidado melhor ainda do que aqueles que possuem mais condições, para que sejam minimamente iguais.

O que a levou a concorrer como vice-prefeita nesta eleição?
Eu nunca tive a intenção de ser vice. Me afastei da secretaria estadual na intenção de coordenar a campanha de Márcio Menezes. Quando eu conheci esse jovem candidato, no ano passado, eu pensei ‘poxa, é uma pessoa que poderá realizar um bom trabalho e quero estar junto a ele’. Com isso, fiz a descompatibilização da secretaria estadual porque a intenção era, de repente, me candidatar a vereadora e somar nesse esforço. Mas, por circunstância interna, com apoio do deputado Lucas Redecker, me indicaram e fui convencida pelo grupo de que, no momento, seria uma parceria melhor para essa candidatura. O nosso conhecimento, a nossa trajetória se complementam. Eu acho que a gestão pública tem que ser muito responsável; tem que se ter experiência, tem que somar. A nossa intenção é somar. O Márcio, com todo o conhecimento econômico, administrativo; e eu com meu conhecimento de enfermeira, de socióloga e de professora.

No ano passado, a Administração assumiu o Plantão 24h, que funcionava no HM. A senhora acha que foi um acerto?
Com certeza, foi. Eu não conheço bem a circunstância, mas garantir esse atendimento à população é fundamental. Eu apoio completamente e acho isso muito importante.

Montenegro possui inúmeros serviços de saúde na iniciativa privada. De que forma a Prefeitura pode aproveitar esses potenciais para que também a população de baixa renda se beneficie dessa estrutura?
Eu acredito que a parceria é muito importante. Eu sou defensora de que todos os serviços da saúde não precisam ser, necessariamente, exclusivos da Prefeitura. Podemos realizar parcerias; até porque isso é muito mais viável do que montar toda uma estrutura. O que a gente tem que levar em consideração é o custo-benefício. O que é melhor com o menor custo. Eu sempre defendo a qualidade em primeiro lugar e, junto com isso, onde que eu encontro o menor custo para poder otimizar e utilizar da melhor forma o recurso público. E sempre volto à questão de que saúde é prevenção também, incluindo saneamento, habitação, calçamento. Quando trabalhei no litoral, a gente tinha equipe de Saúde da Família bem estruturada e, na emergência, praticamente não recebia moradores, só pessoas de fora. Então, essas duas coisas têm que andar juntas; e mais qualidade, mais agilidade e otimização do recurso. Isso é utilizar bem. Se eu tenho um exame para consulta, ele não pode expirar porque a minha consulta vai demorar e só vai ser daqui a um ano. Tudo isso tem que ser organizado e otimizado.

Mas a maioria dos exames depende do Estado.
Sim, com certeza. É toda uma questão de pactuação. Pretendo rever todas essas cotas. Hoje, a nossa referência, basicamente, é Porto Alegre, São Leopoldo… tem alguma coisa em São Sebastião do Caí e na região. Então, eu acho importante a pactuação; tentar pactuar para o serviço mais perto possível, porque tudo isso é custo.

Dá para aproveitar melhor o Hospital Montenegro?
Com certeza, sim. O Hospital Montenegro, hoje, é constituído com uma verba pública boa, 100% SUS, e podemos, realmente, ter um maior aproveitamento, maior vínculo; e busca de maior qualidade para atendimento das pessoas. No montante todo, eu digo que o SUS é um convênio que, no momento em que ele for SUS Escola ou SUS 100%, ele consegue captar uma verba semelhante a alguns convênios. Tem convênios que pagam decentemente e tem outros que pagam muito mal, mas o SUS paga melhor do que vários convênios.

A senhora tem ascendência japonesa. Que traços dessa cultura, presentes no seu dia a dia, poderá levar para o governo?
Os meus bisavós eram samurais. Eles eram do grupo conselheiro do shogun (líder militar). A vó, inclusive, tinha ascendência nobre; era uma princesa. Então, eu acho que esse sangue político deles se manifestou em mim. Eu sempre estudei em escola pública e sempre tive no meu íntimo que preciso dar retorno. Porque a escola pública é paga pela população, por nós. Eu sempre trabalhei em serviço público e sempre tive essa meta. Eu fui criada pelos meu avós, que vieram para o Brasil. E duas coisas importantes que eu aprendi: sempre honrar o compromisso e sempre cuidar das pessoas. A palavra tem de ser cumprida. Levo isso sempre comigo.

O candidato Márcio disse que a senhora tem grande conhecimento em diversas áreas e que poderá atuar, se quiser, na Saúde. Que papel pretende desempenhar na Administração?
Nós vamos trabalhar em conjunto. Com certeza, eu consigo trabalhar na Saúde, sim; na questão social também, pela minha formação na Sociologia. Também tenho uma certa facilidade em trabalhar em planejamento porque eu sempre coordenei serviços. Inclusive, na época em que eu estava aqui em Montenegro, a minha equipe tinha 90 pessoas.

Por que os eleitores devem confiar em Márcio e Eliza e digitar 45 na urna?
Tanto o Márcio quanto eu estamos hoje na Política com o único objetivo de prestar serviço à população. Nós queremos tentar fazer o melhor, tentar fazer com que as finanças, o orçamento do Município, que cresceu barbaramente, chegue à comunidade como um todo, a todos. O que eu percebo hoje, caminhando pelo Município, é que houve um certo estacionamento. Ser funcionário público é ser servidor; ser empregado do povo. Nós receberemos um cheque em branco quando nós formos eleitos e temos que gerenciar da melhor forma essa verba. Essa verba tem que dar cria, que nem na nossa casa. É isso que devemos realizar. E, com certeza, faremos, porque eu confio no Márcio, sei que ele tem condições e eu também sei que consigo. Hoje, eu tenho experiência suficiente para isso. Queremos uma Montenegro melhor porque, estando Montenegro melhor, será bom pra mim, pro meu filho, meus amigos. Individualmente, eu não consigo. Eu só vou conseguir se estiver lá ajudando a gerenciar essa verba grande que o Município de Montenegro tem.

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