Fim da novela. Município e governo estadual assinarão convênio na próxima quarta, na Câmara de Vereadores
Prefeitura de Montenegro, Câmara de Vereadores, Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e Secretaria dos Transportes do Rio Grande do Sul vão assinar na próxima quarta, dia 27, um convênio para a construção de seis rotatórias na RSC-287, no trecho desde a estrada Reinaldo Hörlle (ao lado da concessionária Sinoscar) até a entrada para Brochier, na ERS-411. O ato será realizado na Câmara de Vereadores, a partir das 14h, e deve reunir lideranças locais, além do secretário estadual dos Transportes, Pedro Westphalen, e do presidente da EGR, Nelson Lidio Nunes.
Presidente da comissão pela restauração da 287 — um grupo de políticos progressistas montenegrinos — o vereador Joel Kerber (PP) conta que após a formalização dessa parceria, em quatro ou cinco meses as obras começarão. “Estou muito confiante, porque temos trabalhado em três frentes: o decreto para que o trecho passasse do Daer para a EGR, os projetos para construção das rótulas e também o convênio com o Município, que entrará com uma contrapartida de R$ 200 mil para custear os projetos. Isso é um grande presente de Natal para a cidade”, afirma.
Segundo o vereador, os estudos de engenharia estão bem avançados e não será necessária nenhuma nova licitação neste processo, porque a estatal já possui empresas contratadas para prestar serviços de melhoria nas rodovias pedagiadas. Até maio de 2018, as máquinas estarão no trecho, calcula. As rotatórias serão “fechadas”, ou seja, o veículo poderá aguardar no centro da rodovia sempre que quiser atravessar de um lado a outro, como já ocorre no acesso ao bairro Cinco de Maio, por exemplo. Hoje, é necessário o trânsito “limpar” nos dois sentidos para se cruzar a 287, o que agrava os riscos de acidentes.
As novas rótulas ficarão no cruzamento da 287 com as ruas Ramiro Barcelos, Coronel Antônio Inácio e Juvenal Alves de Oliveira — esta última no bairro Senai. O pacote de medidas prevê, ainda, a remodelação de três trevos: ERS-240 com rua Intendente Augusto Jaeger Filho e a estrada Reinaldo Hörlle; ERS-240 com BR-470 e Buarque de Macedo; e RSC-287 com ERS-411. “Ao longo de todo esse trecho, serão colocados tachões no eixo da estrada para que ninguém a atravesse, a não ser nas rotatórias. Um carro que sair pela rua Treze de Maio, perto da Escola Valter Belian, por exemplo, terá que seguir até a ponte seca para retornar caso queira seguir para os lados do bairro Santo Antônio”, explica o legislador.
O Jornal Ibiá tentou contato ontem com a assessoria de imprensa da EGR para conversar com o presidente, Nelson Lidio Nunes, mas, pela manhã, ele estava em reunião e, à tarde, não havia expediente.
Uma novela que finalmente chega ao fim
Para Joel Kerber, a assinatura do convênio na próxima quarta-feira representa uma vitória histórica para Montenegro, até porque a situação precária da 287 se arrasta há décadas. “É uma conquista do município. Entre outras pessoas, tivemos o apoio dos vereadores, do prefeito Kadu, do secretário Pedro Westphalen, do presidente da EGR e da direção do Daer, principalmente da chefe de gabinete, Mareli Vogel”, elenca.
A caminhada pela solução do problema foi iniciada por ele em 22 de junho de 2016, com uma visita ao gabinete do secretário dos Transportes, seu correligionário. De lá para cá foram mais de 20 viagens a Porto Alegre para reuniões com o Daer e, ao final, com a EGR. A ideia inicial era que o Daer executasse as melhorias, mas diversos eventos paralelos fizeram com que a esta hipótese caísse por terra.
Um dos principais entraves foi o projeto para colocação de semáforos, que acabou se tornando um processo judicial. O Ministério Público entrou com ação contra a Prefeitura e o Daer depois que um protesto da comunidade, em março este ano, bloqueou a estrada. “Essa manifestação só trouxe problemas, porque o diretor-geral do Daer, Rogerio Uberti, virou réu na ação. Ele ficou louco com Montenegro. E o Daer não faz mais nada depois que uma situação é judicializada. Deixa tudo nas mãos da Justiça.”
Do ponto de vista da engenharia do Daer, a proposta de colocar semáforos revelou-se um erro neste ano. “O secretário Pedro nos visitou em janeiro e, ao percorrer a 287, viu o auge do movimento de final de tarde. Foi aí que um engenheiro do Daer disse que não tinha como. Os caminhões não parariam nas sinaleiras. Seria desperdício de dinheiro público. A partir daí se partiu para a alternativa das rotatórias”, recorda.
Joel cogitou desistir ao encontrar tantas dificuldades pelo caminho, mas resolveu ir até o fim, por isso a cada 15 ou 20 dias ligava para o secretário para acompanhar o andamento das tratativas. Na opinião dele, a grande virada foi em outubro, quando Westphalen, vendo que o Daer não teria verbas, determinou que o trecho da 287 passasse para a EGR.
Desde os primeiros passos, o parlamentar se empenhou para ser sempre politicamente correto. Temia que os avanços construídos com muito diálogo se perdessem por questões de vaidade pessoal, politicagem, burocracia ou má vontade dentro das repartições públicas. “Sempre conversei bastante com todos. Foi por isso que as coisas andaram relativamente rápido. Na EGR, por exemplo, os projetos de Montenegro entrariam na fila, mas havia 14 projetos na frente. Levaríamos muitos anos mesmo tendo mudado para a EGR. Eles só foram priorizados porque o Município se comprometeu a custeá-los”, avalia.