É preciso ter atenção para evitar golpes pelo WhatsApp

FATORES técnicos dificultam investigações e a identificação dos criminosos

Os registros de ocorrência por crimes de estelionato, envolvendo golpes praticados via WhatsApp, ocorrem quase que diariamente na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Montenegro. Mesmo se tratando de algo que se popularizou, principalmente no período pandêmico, muitas pessoas ainda não percebem quando estão na mira dos criminosos. Se de um lado aplicar golpes é fácil, de outro, identificar de onde partem as mensagens não é tão simples assim.

Relatos de usuários do APP, em Montenegro, apontam que, nas últimas semanas, golpistas voltaram a disparar mensagens na tentativa de conseguir dinheiro fácil. Eu mesma (a repórter que vos escreve), na última quinta-feira, 18, recebi mensagem de um número no qual o sujeito tentava se passar por meu filho. O detalhe é que não tenho filhos.

A tática de chamar a vítima de mãe é bastante comum

A conversa começou da seguinte forma: “Bom dia mãe! A tela do meu celular queimou e levei para a assistência. Vou usar esse, provisório”. Mesmo sabendo que se tratava de um golpe, dei assunto para o farsante. Ele perguntou se eu estava bem e disse que precisava de um favor. Quando questionei por que ele não estava usando o chip, já que o problema seria apenas na tela do celular, ele não respondeu.

Fui adiante na conversa e disse para que comprasse um novo celular, que eu lhe daria dinheiro para isso. Nesse momento, o golpista parou de enviar mensagens. O número usado pelo meliante é o 51 9 9528 8479.

Nem mesmo integrantes da própria polícia escapam das tentativas de fraudes. O comissário da Polícia Civil Alisson Castilhos, chefe do setor de Investigações da 1ª Delegacia de Polícia de Montenegro, conta que a mãe dele já recebeu mensagem de alguém que dizia ser ele. “Mandaram uma mensagem com foto minha pedindo um valor”, conta o comissário.

Bem orientada pela família sobre como agir em casos suspeitos, a mãe de Alisson ligou para ele e descobriu que havia sido vítima de uma tentativa de golpe. “Nesse tipo de caso, a orientação é e tentar imediatamente ligar para o número do contato”, explica o policial.

O chefe do setor de investigações ressalta a importância do registro de ocorrência policial nestes casos. Porém, explica que um dos fatores que dificulta a investigação é o rastreamento do local onde se encontra o usuário do APP. Isso porque, normalmente, o telefone utiliza somente o WhatsApp, e dessa forma não há sinal de antena disponível para rastreio. Conforme Alisson, a investigação desse tipo de crime pode ser realizada tanto pela Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos quanto pela DP local.

Esse tipo de crime tem chamado a atenção do Ministério Público de Montenegro. Em 2021 a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP/RS) registrou 583 casos de estelionato nos municípios que integram a Comarca (Brochier, Pareci Novo, Maratá, Montenegro , Salvador do Sul, São José do Sul e São Pedro da Serra). “A falta de atenção das pessoas contribui para o aumento dos casos. Parem por um minuto e avaliem a situação antes de decidir o que fazer”, orienta a promotora Maristela Schneider, da 1ª Promotoria de Justiça.

Usuários também caem no golpe da clonagem do aplicativo
Apontado pelas autoridades em segurança pública entre os golpes mais comuns em 2021, a clonagem de WhatsApp, continua fazendo vítimas em 2022. Em geral, o golpe funciona da seguinte maneira: o golpista se apresenta ao usuário como representante de alguma empresa bastante conhecida e faz uma proposta ou oferta atrativa ao usuário.

Após isso, o criminoso liga para a vítima ou manda mensagem pelo WhatsApp relatando sobre um suposto erro, reclamação nas plataformas de anúncios ou oferecendo ingressos grátis para eventos. Logo em seguida, o estelionatário pede para a vítima lhe informar o código de verificação do WhatsApp, enviado por SMS, para validar as solicitações.

Desta forma, com o código em mãos, o golpista consegue clonar o WhatsApp da vítima, tendo acesso a todos os seus contatos. A partir daí, o criminoso pede dinheiro para os contatos, se passando pela vítima.

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