Duster 4×4 encara estradas de terra com valentia

O mercado brasileiro é bem servido de utilitários esportivos, os chamados SUVs. Até porque este modelo de carro caiu no gosto do brasileiro. Tanto é que nos últimos anos, apesar da crise, as vendas tiveram escala ascendente. No mundo, o comportamento do consumidor não é diferente disso. Um levantamento da Jato Dynamics aponta que os SUVs cresceram 20% em 2016, tomando por base os emplacamentos nos 29 países mais “motorizados” do planeta.

Apesar do sucesso desse segmento, a maioria dos modelos não é exatamente construída para encarar estradas não pavimentadas. É fácil de entender por quê. Muita gente que compra utilitário está apenas em busca de status, de uma posição mais alta para dirigir — o que favorece quem pega a estrada em distâncias mais longas — ou, quando muito, um carro mais preparado para enfrentar a buraqueira do dia a dia. No caso de Montenegro, há quem se preocupe também em ter um veículo adequado para enfrentar alagamentos. Quase todo ano tem disso.

Mas também tem quem busque um carro realmente preparado para encarar o chão batido com frequência. É principalmente quem encontra poeira, pedra, buraco e barro pelo caminho que precisa de um utilitário esportivo com tração nas quatro rodas, ainda mais se estiver preocupado com a segurança, ou seja, quer evitar a perda do controle em pisos de menor aderência. É neste nicho que se insere com dignidade o Duster Dynamique 4×4 com motor 2.0.

O Ibiá Motores rodou cerca de 900 quilômetros ao longo de sete dias com uma unidade cedida pela Renault ano/modelo 2016/2017, que custa R$ 85,5 mil zero quilômetro. Não houve tempo hábil para uma rodagem em trilhas pesadas, mas se percorreu estradas de terra do Vale do Caí com a maior tranquilidade, sem prescindir do conforto. Os solavancos foram sutis, mesmo em buracos maiores. Claro que você sente a irregularidade da estrada, mas menos do que um carro de passeio. Outra vantagem é quando se passa por valetas, porque o carro não raspa e se mantém no trajeto correto. Com o 4×4 acionado — uma operação fácil de fazer, bastando girar o seletor no painel —, o Duster manteve-se sempre firme nas mãos e na trajetória, mesmo em pisadas um pouco mais fortes.

Para efeito de comparação, o Oroch 4×2, avaliado pelo Ibiá Motores na mesma estrada, tendia bem mais ao ziguezague em virtude do chão batido. As torções da carroceria são poucas, o que reforça a sensação de conforto a bordo.

Motor de 148 cv “bebe bem”
Em sete dias de testes foi possível perceber os aspectos desfavoráveis do Duster Dynamique 4×4. Na unidade avaliada por Ibiá Motores, foi um exercício de paciência fazer a primeira marcha. De cada 10 tentativas de engate, apenas seis, em média, deram certo. Depois de dois dias de uso se percebeu que era possível ignorar por completo a existência da primeira, porque se podia arrancar em segunda sem o menor problema, exceto em aclives. Como a caixa manual tem seis marchas, essa alternativa funcionou bem.

Na versão 4×4 com motor 2.0, o SUV da Renault não é econômico, ainda mais se você explorar o bom fôlego dos 148 cv de potência. Ele arranca, acelera e retoma a velocidade sem nenhum sofrimento, mas gasta combustível na mesma proporção. Com o ar-condicionado ligado, é difícil fazer médias melhores do que 10 km/litro, mesmo em rodovias. Mas há um meio de driblar esse porém, pelo menos em parte. Basta apertar o botão Eco, situado no centro do painel, um pouco distante da mão. A potência se reduz sensivelmente, mas nesta função a média pode superar os 13 km/l em rodovia se o pé for leve e se os giros do motor não forem altos. O sistema multimídia traz na tela traz dados detalhados acerca do consumo. No painel, o indicador de troca de marchas dá uma mãozinha a quem se preocupa em gastar menos no posto.

A central multimídia é bem funcional e moderna, mas sua posição prejudica um pouco a visualização
foto: Renault/Divulgação

As nossas impressões
Por dentro, o Duster Dynamique 4×4 não acabamento requintado, mas há funcionalidade. Plásticos estão por toda parte, só que alternam preto e marrom e, com isso, sugerem capricho. Seria melhor se fossem macios ao toque. A posição da tela da central multimídia, um pouco voltada para baixo, deveria ser repensada de modo a favorecer o campo de visão.
Selecionar e ler as funções na tela é fácil. O mesmo não se pode dizer do rádio, porque a troca de emissoras se dá por setas na tela, que deve em praticidade. Nada melhor do que um botão físico para encontrar rapidamente aquela rádio da sua preferência.

A leveza da direção chama a atenção em manobras. O ar-condicionado traz bom rendimento, mas é barulhento. O isolamento acústico, aliás, é um detalhe que a Renault terá de melhorar. Com o motor em altas rotações, o ruído invade a cabine. Em compensação, a ergonomia é prazerosa, e o espaço interno é amplo. Mesmo elogio se pode fazer ao porta-malas.

Durante os testes, os comentários ouvidos acerca do design foram positivos, mesmo mantendo uma certa cara de mau, de rusticidade. A cor, prata, contrasta bem com os aros em tom grafite. A carroceria, larga, traz sensação de imponência junto das barras no teto e dos estribos laterais.

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