Montenegrina faleceu nessa segunda-feira, vítima da Covid-19
A montenegrina, Dora Griebeler Tajes, de 88 anos, faleceu na noite dessa segunda-feira, 7, em Torres, vítima da Covid-19. Ela estava hospitalizada há uma semana em decorrência de complicações da doença. A idosa deixa dois filhos, quatro netos e um bisneto, de 7 anos, além de amigos e familiares. Servidora mais antiga da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social – FGTAS, Dora prestou 48 anos de serviços ao Estado, e era muito conhecida pela comunidade pelo cuidado, empenho e amizade que tinha com todos colegas e visitantes do Sine de Montenegro.
Quem pensa que pela idade Dora estava aposentada há muito tempo, se engana. Há apenas três anos ela estava afastada da agência do município e morava em Torres perto da família. Isso ocorreu somente porque a idosa quebrou um dedinho do pé, e necessitava de mais cuidados diariamente.
Nascida e criada na Cidade das Artes, Dora Tajes se casou em 1953 quando foi morar em Porto Alegre. Após perder o marido, ela ainda passou uma temporada em Torres antes de retornar para Montenegro e se dedicar aos cuidados da mãe e tia idosas. A partir desse momento, Dora resolveu ficar na sua cidade natal morando com o irmão, que faleceu há cerca de quatro anos.
Desde então, o Sine Montenegro, que já era sua grande paixão, seguiu sendo seu grande companheiro. “O Sine é meu companheiro pra viver; sair de manhã; sair de tarde. Eu não estou só, estou acompanhada com um emprego e todos aqueles que trabalham comigo”, disse Dora em um vídeo de homenagem aos 40 anos do FGTAS, em 2015.
“Uma pessoa grandiosa”
Com uma família grande, Dora estava sempre preocupada com o bem-estar dos seus, e é lembrada pela família como uma pessoa grandiosa. Maria Cristina Tajes, 66 anos, é a filha mais velha da montenegrina, e quem passou quase que diariamente os últimos três anos de vida da idosa. “Ela vinha sempre aqui em casa, até antes da pandemia ela saía muito; ela comia fora todo dia, passeava, adorava uma cafeteria, caminhar no centro, ia nos bailinhos da terceira idade, participava do maturidade ativa do Sesc, jogava bocha”, conta a filha.
Com uma vida muito ativa antes da pandemia, e sem doenças graves, o falecimento foi um desalento para todos. “Infelizmente ela se contaminou e foi muito agressivo pra ela”, diz Cristina.
Devido ao coronavírus, a família não pode se despedir apropriadamente. “Nós providenciamos – como era o desejo dela – a cremação, e terça-feira pela manhã a funerária fez todo o procedimento e colocaram em um carro fúnebre. Nós acompanhamos em forma de cortejo por todo o caminho que a gente sempre passeava nas praias”, explica.
Segundo a filha, esse é um momento de muita dor. “É um momento muito ruim. Já é ruim tu perder a pessoa, agora perder a pessoa por essa doença do jeito que ela agride é muito ruim”, completa. Apesar disso, Maria declara que Dora deixou um grande legado para todos, e que isso nunca será esquecido. “Ela foi uma pessoa grandiosa, ela passou por vários momentos da vida dela de felicidade, mas também passou por vários momentos de trabalho, e em todos esses momentos ela foi super dedicada pros filhos dela. Ela nunca abriu mão da presença conosco e sempre nos passou muitos valores que nós trouxemos pra vida toda e passamos pros nossos filhos”, completa.
Lembrada como uma colega excepcional
Ainda solteira, Dora trabalhou no Citibank e também como locutora, mas foi no FGTAS que ela encontrou sua vocação e família de coração. Em Montenegro, os colegas do Sine e todos os que passavam por lá são só elogios. “Ela era uma pessoa maravilhosa, era nossa irmã, nossa avó, nossa mãe. A convivência maravilhosa, era uma pessoa que ajudava e acolhia todo mundo. Era uma funcionária exemplar em todos os sentidos. Era amiga, fazia todos os procedimentos que podia e ainda nos ouvia, ela era a nossa psicóloga”, declara o amigo Nelson Timm.
Coordenador do Sine Montenegro por dois mandatos, Timm conheceu Dora em 1980 quando entrou na Agência e deu seus primeiros passos na vida profissional. “Ela acompanhou a minha trajetória, me dando muito conselho. Ela me ajudava em todos os sentidos. Ela sempre dizia o seguinte: “Com calma a gente chega lá, só que tu tem que sonhar bem alto, e tu nunca pode baixa a cabeça pra nada”, diz.
Timm ainda ressalta o conhecimento de artesanato que Dora possuía, e que era a colega que fazia todos os testes e carteiras dos artesões de Montenegro. Mas o conhecimento dela não parava por ai. “Ela trabalhava nessa área e também em todas as áreas da Fundação, ela conhecia e fazia todos os setores. Ela era uma coringa, onde tinha para ela ficar ela fazia e tudo muito bem”, fala.
Uma das artistas que fez a sua carteira com Dora foi Lisa Borchardt. De acordo com ela, a funcionária do Sine era sempre muito prestativa e acolhedora. “Às vezes ela me ligava pra lembrar que a carteirinha estava lá e eu tinha esquecido, sempre muito atenciosa com todos. Vou ter lembranças saudosas dela”, completa.
Odete Maria Paiva foi colega de Dora desde 2012, e lhe considera uma amiga, mentora e grande mulher. “Com uma ética profissional incrível, digna de ser seguida, eu me sinto muito orgulhosa de ter compartilhado esse espaço com essa senhora tanto tempo e ter aprendido tantas coisas boas com ela, porque só foram coisas boas”, fala.
Segundo Odete, a amiga deixará muita saudades para todos. “Só tenho a dizer que foi uma honra trabalhar do lado dela”, diz. Também colega de Dora, Roque Garcia, lamenta pela partida da idosa. “Era uma pessoa excelente, uma profissional que vai deixar muita saudades, e embora a idade ela era comprometida. A agência abria as portas às oito, e ela chegava às sete horas com o seu jornal, sempre com bom humor. Muito querida, uma mãezona pra todos”, expressa.
FGTAS presta homenagem
“Em 2015, nos 40 anos do SINE, a colega Dora, por ser um dos servidores da FGTAS que mais tempo trabalhava na instituição, participou de um vídeo comemorativo, visto por todos os operadores do Sistema Nacional de Emprego no país, em cerimônia realizada no Ministério do Trabalho.
Suas palavras emocionaram a todos! Sua dedicação foi sempre uma inspiração!
Foram 48 anos de serviços prestados ao Estado com muita dedicação e carinho aos colegas e trabalhadores que buscavam os serviços na Agência FGTAS/Sine de Montenegro. É com as palavras da Dora e por seu amor ao trabalho, aos colegas e aos trabalhadores que ela será lembrada por todos nós. “O trabalhador vê o SINE como uma esperança e a gente se sente feliz em poder ajudar. O SINE é o meu companheiro, é uma amizade pra vida!” (Dora em 2015)” – Direção da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social – FGTAS